Varejo e Distribuição – As novas lojas de conveniência estão entregando o que se propõem aos consumidores?

As lojas de conveniências são as novas queridinhas dos consumidores! Mas elas estão entregando o que se propõem ou aquilo que o consumidor deseja?

Redes de supermercados globais e nacionais estão acelerando sua expansão por meio de formatos de lojas menores, diferenciados e com foco na conveniência para os consumidores. Além de irem ao encontro das necessidades dos consumidores, as grandes redes têm sentido cada vez mais a pressão por conta do baixo desempenho, resultado e falta de inovação nos formatos de grandes superfícies, como os super e hipermercados e também pelo crescimento dos conhecidos “atacarejos”.

Como bons exemplos vemos a rápida expansão do Carrefour Express, atualmente com 82 lojas, o Minuto Pão de Açúcar com mais de 70 lojas e o Hirota Food Express. Este último é o caçula da turma, pois abriu sua primeira loja na Av. Paulista, em São Paulo, somente no ano passado. Atualmente são seis lojas em operação e plano agressivo para atingir 80 lojas nos próximos quatro anos.

Outro competidor que reapareceu de “cara nova” foi a Americanas Express, com a inauguração de um novo conceito de loja no bairro do Leme, no Rio de Janeiro, porém ainda mantendo a mesma assinatura de marca. O plano da LASA de entrar no ramo de conveniência não é de hoje, já que a companhia vislumbrava a possibilidade de adquirir uma fatia do negócio de postos de combustível e lojas de conveniência da BR Distribuidora, a BR Mania, mas o negócio não evoluiu.

hirota

Atualmente, as lojas de conveniência respondem por 16% das vendas no varejo brasileiro, percentual ainda abaixo dos 22% que é o índice médio no mundo, segundo dados publicados pelo jornal Valor Econômico.

Os números brasileiros mostram que ainda temos muito para crescer quando comparados com mercados mais maduros.

Grupo Mercado Qtde. Lojas (000)
7-Eleven EUA e Japão 59
Family Mart Japão 17
Couche-Tard Canadá 14
Oxxo México 14
Lawson Station Japão 13
Circle K Sunkus Japão 8,3
Carrefour Express França 7,2
Tesco Express Reino Unido 5,2
CBA Bulgária 5,2
Mini Stop Filipinas 4,7

 

Outros players

Trazendo para o jogo outros competidores relevantes do ponto de vista de capilaridade, temos que destacar as lojas de conveniências das bandeiras de postos de combustíveis, pois é o formato de loja com apelo de conveniência mais conhecido do consumidor brasileiro.

Segundo dados do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes), atualmente existem mais de sete mil lojas. Só a rede AM/PM participa com quase duas mil lojas.

“Nova embalagem”

Ao analisarmos as características deste formato de loja, que oferece ao consumidor soluções práticas e rápidas em meio a uma rotina bastante corrida, vemos que a comodidade oferecida está em linha com essa necessidade. Porém, o formato contribui pouco para os resultados financeiros do negócio, pois 80% das vendas deste formato de loja aqui no Brasil estão concentradas em categorias com baixas margens (tabacaria, cervejas, bebidas não alcoólicas, bombonière e sorvetes).

Aqui no Brasil, o foodservice representa menos de 17% das vendas. Quando comparamos com a Oxxo Mexicana, a participação lá atinge 20% e ainda conta com 8% vindo da venda de serviços. São essas categorias (foodservice e serviços) que permitem diferenciação e valor agregado para os consumidores. As demais são consideradas commodities ou com baixíssima capacidade de diferenciação.

Voltando ao início do artigo, são diversas as causas para mudanças de estratégia, mas acreditamos que a principal é em função das necessidades dos consumidores que mudam seu hábito de consumo de acordo com o cenário econômico e a disponibilidade de oferta do varejo. E essas múltiplas necessidades passam pela conveniência, proximidade, economia e soluções para a sua jornada diária.

Segundo uma pesquisa que analisou o comportamento do consumidor em lojas de conveniência, os principais atributos que eles valorizam para escolha da loja são: layout e ambientação da loja, atendimento rápido e fácil, variedade de produtos, qualidade de bebidas quentes e qualidade da comida, nesta ordem.

Será que as nossas lojas de conveniências estão se diferenciando ou será somente uma “maquiagem” ou “nova embalagem” de um modelo com baixa diferenciação?

Para responder a essa questão, partimos do princípio que para uma loja ser vencedora, diferenciada e relevante, ela tem que ter posicionamento e proposta de valor claros, visão e valores disseminados em toda empresa e, principalmente, consistência na execução dia após dia em todos os pontos de contato com o consumidor.

Alimentação conveniente

Em relação ao posicionamento, o grande diferencial da loja de conveniência está na alimentação conveniente e não no abastecimento conveniente. Na alimentação conveniente o foodservice é o protagonista do negócio, pois é aí que a diferenciação acontece frente aos mini mercados, bombonières (lojas de doces muito comuns em grandes centros de consumo e tráfego), lanchonetes, cafeterias, padarias e as tradicionais lojas de conveniências em postos de combustíveis.

11 caminhos para fortalecer o posicionamento da sua loja

Existem formas para se atingir diferenciação e fortalecer o posicionamento. Alguns exemplos que nem sempre estão presentes nas lojas de conveniência brasileiras:

  • Presença balanceada entre marcas líderes, regionais e marcas próprias;
  • Categorias relevantes para serem destino da loja e produtos ícones para o consumidor;
  • Integração das indústrias na oferta de novidades e inovações no trade marketing;
  • Combos e kits promocionais que possibilitem o cross selling, up selling e aumento do ticket médio;
  • Lojas organizadas em mundos e não em linhas de produtos;
  • Layout e comunicação visual (menu boards, cardápios, promoções etc.) estimulantes e funcionais, expondo com clareza as soluções ao consumidor para o consumo na loja ou fora dela;
  • Oferta de serviços agregadores de valor como por exemplo delivery sendo feito por meio de transporte limpo ou geradores de receitas, como por exemplo serviços de catering e até programas de assinaturas;
  • Cultura digital na empresa integrada numa plataforma para programas de relacionamento, fidelidade, informação, promoção, serviços, além da presença nas redes sociais;
  • Rapidez no atendimento para contribuir positivamente na jornada de compra e não sendo um obstáculo, como por exemplo correspondente bancário;
  • Embalagens diferenciadas para o preparo e consumo na loja, no carro ou no trabalho;
  • Produtos frescos e saudáveis com preços justos;

Obviamente que existem outros pontos além dos mencionados acima que contribuem para o fortalecimento do posicionamento e diferenciais da loja. O fato é que o foodservice deve ser o grande protagonista. E se falarmos de foodservice a lista de oportunidades é ainda mais extensa e desafiadora.

Retomando a questão colocada no título deste artigo, esperamos que você leitor e consumidor, reflita e conclua sobre a nossa atual realidade.

O futuro da loja de conveniência

Para finalizar, apresento uma startup de tecnologia chinesa chamada BingoBox que abriu uma loja de conveniência que integra inteligência artificial e automação. A loja opera sem funcionários diretos e fica aberta 24 horas. Funciona assim:

  1. Para entrar na loja, os clientes devem digitalizar um código digital QR exibido na porta usando a função escaneamento do WeChat (ferramenta de troca de mensagem por texto e voz – concorrente do WhatsApp).
  1. Na loja, os clientes têm à disposição mais de 800 produtos, incluindo bebidas, alimentos, produtos de higiene e medicina.
  1. Pagamento: a mercadoria é paga via WeChat, através da digitalização com seus smartphone de um outro código QR conecta os compradores a suas contas móveis dentro do sistema WeChat.
  1. Para sair, os clientes precisam escanear mais um código QR para abrir a porta, que está ligado a um sistema de segurança virtual que verifica se todos os itens foram pagos.
  1. Caso o cliente tenha algum problema, existe um dispositivo que, sendo ativado, disponibiliza um vídeo em tempo real com um membro da equipe que o ajudará remotamente.

A unidade compacta tem aproximadamente 15 metros quadrados e é projetada para fácil locomoção. Ela pode ser digitalmente programada para se levantar e ser empurrada em qualquer direção, graças as rodas desdobráveis em sua base. Confira no vídeo abaixo:

 

Alexandre Machado

Alexandre Machado

Luiz Alexandre de Paula Machado é sócio-diretor da Gouvêa Consulting, empresa de consultoria do ecossistema da Gouvêa que atua na transformação de negócios associados ao varejo e consumo.

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Comentários 2

  1. chiva says:

    Essas lojas de conveniência sem dúvidas é uma iniciativa bastante interessante, pois funciona como um quebra galho, quando vc necessita comprar um produto em uma situação de emergência, especialmente pelos horários de funcionamento. As que estão situadas em postos de combustível atrai predominantemente um público jovem, que faz desses espaços até mesmo um meet point de amigos, que compram suas bebidas, até mesmo para consumi-las antes ou após as baladas. No caso das famílias que precisam realizar as suas compras regulares, ao meu ver não são interessantes, pelo alto custo dos produtos, falta de ofertas, portanto para essa situação funcionarão mesmo mais para situações de emergência. Hj a classe média perdeu bastante o seu poder de compra, consequentemente os locais que mais fazem sucesso são os que proporcionam mais ofertas de produtos a preços moderados.

  2. Bianca Rossini says:

    Olá Alexandre Machado! Excelente resumo do mercado de lojas de conveniência. E acredito que o formato de lojas de vizinhança das grandes redes de supermercados fazem muito sucesso, por trazer a marca já consolidada e mix conhecido dos já clientes. Bem como da Lojas Americanas. Já dá rede de postos existe um rótulo difícil de ser mudado, que é de preço muito alto. E concordo que a maior diferenciação deverá estar no Foodservice, com tendência de frescos e saudáveis, mas que tem que ser de boa qualidade e boa operação no pdv, para não ter demasiado desperdício e se tornar um vilão. Abraço.

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