Open Banking entra na 1ª fase e promete abrir oportunidades para o varejo

A primeira fase do Open Banking, que permitirá o compartilhamento de dados e serviços dos clientes pelas instituições financeiras, começa a valer nesta segunda-feira (1º). O início, que estava previsto para 30 de novembro do ano passado, foi adiado por causa dos efeitos da pandemia de Covid-19 na economia e do foco do Banco Central no lançamento do sistema de pagamentos instantâneos Pix.

O Open Banking é um sistema por meio do qual um conjunto de programas vai promover a conexão entre as instituições participantes e as informações que serão trocadas entre elas (chamadas de APIs padronizadas).

O consumidor poderá, por exemplo, conectar a conta bancária a um aplicativo que analisará sua vida financeira e sugerirá investimentos ou recomendará produtos e serviços mais personalizados e com condições de custos que melhor se adaptam à necessidade de cada um.

Outra possibilidade trazida pelo Open Banking é reunir, em um único aplicativo, as informações de contas em diferentes instituições, proporcionando ao consumidor uma melhor visão de toda a sua vida financeira.

A expectativa do Banco Central é estimular a competição, modernizar o sistema financeiro e fomentar a educação financeira no País.

“O Open Banking incentivará a inovação e tende a intensificar as ofertas de valor para os clientes, com novos produtos e serviços, acelerando a transformação digital do mercado financeiro. A expectativa do setor bancário com sua chegada é bastante positiva”, afirma o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.

Mas o sistema promete, também, abrir oportunidades para o varejo. A partir da terceira fase, que entra em vigor no fim de agosto, um novo modelo de negócio poderá aparecer no comércio eletrônico, que já vem registrando grande crescimento desde o início da pandemia.

Quando o cliente fizer compras em uma loja online, ele poderá iniciar um pagamento ou uma transferência dentro do próprio site de vendas, sem precisar ter acesso ao aplicativo ou ao site do banco, por exemplo.

As 4 fases do Open Banking

A infraestrutura de funcionamento do Open Banking será implementada no Brasil em quatro fases. Confira, a seguir, o que ocorre em cada uma delas.

A partir desta segunda (1º), as instituições participantes vão entregar informações sobre seus canais de atendimento – como endereços das agências, horários de funcionamento e os canais oferecidos para atender clientes, como os telefônicos e digitais (internet banking e mobile banking).

Nesta primeira fase, também entram os dados e as características sobre os produtos e serviços oferecidos, como, por exemplo, tipos de contas e empréstimos e financiamentos que cada um dos participantes oferece ao seu cliente. O acesso a estas informações será público e os dados do cliente não entram nesta fase.

Nesta etapa, poderão surgir no mercado soluções que fazem a comparação entre produtos e serviços. Por exemplo: um aplicativo que informe endereços das agências, telefones, horários de atendimento, e ainda compare produtos e taxas cobradas entre diferentes instituições.

Na segunda fase, que se encerra em 15 de julho, as instituições poderão trocar dados de cadastros e transações de clientes entre elas, desde que o consumidor dê seu consentimento.

“O cliente é dono de seus dados e deverá dar seu consentimento de maneira expressa para que eles sejam compartilhados na infraestrutura do Open Banking. Ele deverá solicitar e autorizar o compartilhamento destas informações, escolhendo quando, como e com qual instituição isto irá ocorrer”, afirma o diretor de Inovação, Produtos e Serviços da Febraban, Leandro Vilain.

Caso o cliente autorize, nesta etapa poderão ser compartilhadas, entre instituições participantes, as informações de cadastro (nome, endereço, CPF, etc.), bem como dados de movimentação financeira (informações sobre contas e operações de crédito, como empréstimos e financiamentos).

Será a partir desta etapa que se iniciará uma interação mais direta com o cliente final, ressalta Vilain. Na prática, a instituição que estiver recebendo as informações de cadastro e de movimentação financeira do cliente, após a sua autorização, poderá fazer propostas de crédito, investimentos e de serviços mais personalizados, e que tragam melhores condições de custos.

Também poderão surgir aplicativos que fazem simulações de crédito, investimentos, empréstimos em diversas instituições, com base na movimentação financeira do cliente e em outras informações que poderão ser agregadas após o consentimento do consumidor.

Na terceira fase, prevista para 30 de agosto, será possível que o cliente pague contas e faça transferências bancárias fora do internet banking ou do aplicativo do banco, por meio de um aplicativo intermediário.

Outro modelo de negócio poderá aparecer no comércio eletrônico: por exemplo, ao comprar em um site de e-commerce, será possível iniciar um pagamento ou uma transferência dentro do próprio site de vendas, sem precisar ter acesso ao aplicativo ou ao site do banco.

A quarta e última fase, prevista para 15 dezembro, ainda em discussões técnicas entre os participantes, se refere ao compartilhamento dos demais dados financeiros do cliente, como os de produtos e serviços de operações de câmbio, investimentos, seguros e contas-salário.

“Com a fase 4, teremos a consolidação da implementação de todo o cronograma do Open Banking. Mas é importante lembrar que o sistema, que gera uma série de oportunidades e novos negócios, estará em constante evolução e exigirá investimentos contínuos dos participantes, com pleno potencial para revolucionar os produtos e serviços em nosso mercado financeiro”, afirma Vilain. A própria Febraban elaborou um tira-dúvidas sobre o assunto.

Imagem: Bigstock

Sair da versão mobile