Panorama Mercado&Consumo: O que esperar da economia nos próximos dias

Semana começa movimentada após mudanças no governo; nos EUA, o PIB trimestral mostrou desaceleração

Governo reduz IPI cobrado fora da Zona de Manaus em 35%

A economia do País vem sendo impactada por acontecimentos políticos. A dependência do governo brasileiro do chamado “centrão”, evidenciada pela nomeação do senador Ciro Nogueira para a Casa Civil, impactou a bolsa e o dólar no Brasil na semana que passou. Por outro lado, a entrada de recursos para investimento externo direto ficou em US$ 25,7 bilhões, o que tende a trazer tranquilidade para o câmbio – que só não foi ajustado por causa do risco político.

No cenário internacional, o PIB trimestral dos Estados Unidos mostrou uma desaceleração e, principalmente, veio abaixo das expectativas. O país cresceu, entre abril e junho, 6,5% contra uma expectativa de 8,4% dos analistas. Os motivos foram os temores em torno da variante Delta da Covid-19, da falta de mão de obra no mercado de trabalho e de problemas na cadeia de suprimentos. Na China, continua o avanço do Estado sobre empresas privadas. Depois da Tecent, Alibaba e Didi, agora o alvo foram as empresas de educação privadas.

Esses e outros temas são tratados no “Panorama Mercado&Consumo” desta semana, produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias na economia.

Cenário econômico nacional

O governo nomeou o senador Ciro Nogueira para a Casa Civil. Assim, foi necessário deslocar o general Ramos para a Secretaria- Geral da Presidência e recriar o Ministério do Trabalho para acomodar o ministro Onyx Lorenzoni. A nomeação de Ciro Nogueira tem ainda outros dois objetivos: agradar ao “centrão” e melhorar a comunicação do governo com o Congresso Nacional e a visibilidade das ações do executivo.

Como resultado, aumentou a percepção do risco fiscal para 2022 no mercado e a bolsa e o dólar sofreram no final da semana. A mistura de dependência do “centrão”, imagem desgastada do governo e as perspectiva par a eleição fez o mercado se proteger contra potenciais deslizes fiscais.

No setor externo, boas notícias. O saldo de transações correntes teve superávit de US$ 2,8 bilhões em agosto, trazendo o déficit do ano para apenas US$ 7 bilhões. No mesmo período do ano passado, o déficit era de US$ 13 bilhões. Por outro lado, a entrada de recursos para investimento externo direto ficou em US$ 25,7 bilhões, o que tende a trazer tranquilidade para o câmbio, que só não fez um ajuste por conta do risco político. O aumento das exportações das commodities e a diminuição das importações pelo valor do câmbio, além da restrição de viagens, foram as variáveis que levaram a esse resultado.

Nos supermercados em São Paulo, ao longo do maio e junho, houve registro de queda real de 8% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado (deflator IPS-FIPE – Índice de Preços dos Supermercados, com variação de 12% em doze meses). Os cupons fiscais emitidos caíram 2,5%, e itens comercializados tiveram queda de 5%, por conta de inflação alta, do desemprego e da queda na renda.

Cenário econômico nacional internacional

O PIB trimestral dos Estados Unidos mostrou uma desaceleração e, principalmente, veio abaixo das expectativas. O país cresceu, entre abril e junho, 6,5% contra uma expectativa de 8,4% dos analistas consultados pelo jornal Wall Street Journal. Os motivos foram os temores em torno da variante Delta da Covid-19, da falta de mão de obra no mercado de trabalho e de problemas na cadeia de suprimentos. A inflação também assusta o consumidor. As variações positivas devem ser menos intensas a partir de agora, o que não é exatamente uma notícia ruim, já que a economia necessita de um “freio de arrumação”.

No comunicado do FED divulgado essa semana, os diretores consideraram que a economia vem tendo progressos, mas mostram preocupação ainda com o mercado de trabalho, principalmente a partir de setembro, quando os estímulos aos desempregados serão retirados. O início da retirada dos estímulos monetários deve ser considerado apenas a partir do segundo semestre e a alta de juros não deve vir antes do final de 2022. Para termos uma ideia, em uma situação análoga em 2014, o FED gradativamente tirou os estímulos em 10 meses e depois demorou mais 14 meses para subir os juros.

Na China, continua o avanço do Estado sobre empresas privadas. Depois da Tecent, Alibaba e Didi, agora o alvo foram as empresas de educação privadas. O governo proibiu qualquer financiamento externo delas. Os motivos são basicamente dois: a preparação para um longo período de conflitos com países ocidentais e o alto custo da educação privada, que estava incomodando a classe média chinesa e os planos do Estado de aumentar a natalidade.

Gouvêa Analytics é a unidade de mapeamento de tendências econômicas da Gouvêa Ecosystem.
Imagem: Bigstock

Sair da versão mobile