Mesmo com a redução dos casos de covid-19 e o retorno das atividades comerciais, a rede de minimercados autônomos Smart Break segue com planos ambiciosos de crescimento. Apesar de o negócio ter enfrentando um boom por causa das medidas de restrição de circulação, o consumidor se acostumou com a comodidade de fazer compras sem sair de casa, aposta o CEO Rodrigo Colas.
Com 330 lojas próprias no Estado de São Paulo, a rede vai abrir de 30 a 35 unidades por mês até junho deste ano. A startup pretende seguir para outros Estados ainda neste ano e chegar a 1.500 unidades até 2024. A empresa já acumula mais de 1 milhão de itens comercializados.
“Entendemos que o minimercado desse modelo é um negócio que veio para ficar. Hoje as pessoas, por causa a dinâmica do dia a dia, estão sem tempo e querem cada vez mais praticidade. Além disso, nem todas estão satisfeitas com a qualidade das empresas de delivery, ou porque a entrega demora, ou porque o produto pode vir errado, ou porque o serviço é caro. As pessoas estão se acostumando a ter conveniência a um elevador de distância”, afirma Rodrigo Colas em entrevista à Mercado&Consumo.
Dentro das lojas, os consumidores fazem tudo sozinhos: escolhem o produto, passam no leitor de código de barras, usam a máquina de cartão e finalizam a compra. No caso da compra de bebidas alcoólicas, eles precisam digitar CPF para comprovar data de nascimento antes que as geladeiras, travadas, sejam abertas.
“As pessoas estão se acostumando a ter conveniência a um elevador de distância.”
Rodrigo Colas, CEO da Smart Break
Substituição de vending machines
A Smart Break foi criada em 2018 por Rodrigo Colas com um só foco: substituir as vending machines comuns nas empresas. “Criamos um móvel compacto em que cabiam até quatro vezes mais produtos do que numa vending machine normal e deu super certo. Em um ano, abrimos mais de 70 lojas”, conta o CEO e fundador. Três unidades até chegaram a ser testadas, na época, em prédios residenciais. “Mas fomos ‘tocando de lado’, porque estávamos muito fortes dentro do segmento corporativo.”
Com a chegada da pandemia de covid-19, em março de 2020, as empresas fecharam as portas e colocaram os funcionários para trabalhar de casa. O faturamento despencou e Rodrigo Colas, que trabalhava com mais sete pessoas, se viu sozinho. Foi então que teve a ideia de apostar naquele teste que havia começado de maneira tímida nos condomínios residenciais.
“Viramos o canhão para o segmento residencial. Muita coisa mudou. A logística é diferente. Abordar um síndico é diferente de abordar um gerente de facility dentro de uma empresa. Além disso, o mix de produto é diferente em condomínio – o que a gente achava que já era muito grande ficou dez vezes maior com a chegada do segmento residencial.”
Teste de volta atrás
Conforme as restrições de circulação foram sendo abrandadas em São Paulo, a Smart Break passou a ampliar a atuação para outros espaços com acesso controlado, como hotéis, academias, clubes, faculdades e cursinhos. Cada local tem o mix de produto adaptado à necessidade do público-alvo.
Nesse período, Rodrigo Colas diz que chegou a testar o modelo de franquias, mas entendeu que ele não é adequado ao negócio. “Uma loja Smart Break demanda muito investimento. Cada negócio tem um freezer, uma geladeira, um móvel, um sistema. O franqueado quer uma coisa ‘pronta’, mas o mix de produto de Manaus é completamente diferente do de São Paulo, por exemplo. O processo todo é completo e entendemos que não é tão simples e trivial ensiná-lo para franqueado.”
O passo dado para trás com relação às franquias não representou, no entanto, um freio nas ambições da empresa. A ideia é chegar a pelo menos três regiões diferentes do Brasil neste ano. Rio de Janeiro e Distrito Federal estão nos planos. A partir de julho, Rodrigo Colas aposta que as aberturas podem passar de 30 a 120 por mês, trilhando o caminho para ultrapassar, assim, a cada do milhar em dois anos.
Os planos estão ancorados no aporte de R$ 5,5 milhões que a Smart Break recebeu no fim do ano passado das redes de investidores Anjos do Brasil e Columbia Alumni Angels, além de executivos com passagens pelos segmentos de logística, varejo e tecnologia.
Hoje, a Smart Break tem mais de 80 funcionários, um Centro de Distribuição em São Paulo e logística própria. Por meio de um sistema de Business Intelligence (BI), coleta informações em tempo real nas lojas e nos aplicativos usados pelos consumidores e tem condições de adequar mix e preços, fazer promoções e saber quando é hora de repor produtos.
Empresa recebeu aporte de R$ 5,5 milhões no fim do ano passado das redes de investidores Anjos do Brasil e Columbia Alumni Angels.
Produtos mais consumidos
Neste ano, a Smart Break realizou uma pesquisa para entender o comportamento dos consumidores do segmento residencial. O resultado mostra que, mesmo com o arrefecimento da pandemia, boa parte dos paulistas continua trabalhando em casa (37% dos entrevistados) ou em formato híbrido (28%), o que faz com que os minimercados permaneçam com um público potencial grande.
O estudo mostra, ainda, que só 18% dos consumidores usam os minimercados da Smart Break em situações de urgência, emergência ou necessidade. A ampla maioria destaca como motivos a praticidade ou facilidade em acessar e comprar produtos (48%) e a comodidade (26%).
“Entendemos que podemos faturar três, quatro e até cinco vezes mais conhecendo melhor esse consumidor. Houve um boom, muitas empresas pequenas entraram nele, e agora chegamos em uma etapa em que os grandes vão começar a dominar esse mercado. Hoje, das 30 lojas que abrimos por mês, mais de 20% são para substituir as de concorrentes que não conseguiram se manter”, afirma Rodrigo Colas.
Entre os concorrentes da Smart Break estão outras startups que também cresceram muito nos últimos anos, como Market4u, Minha Quitandinha e Be Honest. O gigante Carrefour também começou a investir no modelo de lojas autônomas em 2020.
Um levantamento feito recentemente pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) comprova a força do modelo. O número de novos empreendimentos no comércio varejista em bairros cresceu 12% entre 2020 e 2021, com predominância daqueles que vendem produtos alimentícios, como minimercados, mercearias e armazéns.
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