Nem sempre um sonho: os desafios das mulheres empreendedoras

Nem sempre um sonho: os desafios da mulheres empreendedoras

Recentemente me deparei com um número divulgado pelo Sebrae em 2023, que aponta que 68% das mulheres afirmam que a maternidade influencia fortemente a decisão de empreender. Outro dado, de 2022, mostra que mais de 10 milhões de mulheres lideram seus próprios negócios. Isso me fez refletir sobre os principais desafios desta jornada e como podemos unir experiências e boas práticas para superá-los.

Entre os desafios vivenciados por elas nesse contexto, estão as duplas, triplas ou até mais jornadas com as quais têm que lidar diariamente, que podem incluir o trabalho, a casa, os cuidados com os filhos e as outras pessoas que fazem parte do núcleo familiar. São tantos compromissos que exigem a atenção e os cuidados de uma mulher, que a sobrecarga mental se torna uma realidade difícil de se lidar no dia a dia. Mas que por muitas das vezes é uma questão de sobrevivência aprender a enfrentar.

O empreendedorismo feminino é o caminho encontrado por muitas mulheres para ganhar um dinheiro extra. Não necessariamente é algo nascido a partir de um sonho, mas pode vir a se transformar em um apesar dos desafios. Muitas vezes o empreendedorismo no geral é a única alternativa e diversas mulheres tocam seu próprio negócio em paralelo a um emprego fixo, justamente para que no final do mês a renda possa ser maior.

Outra questão enfrentada pelas mulheres no âmbito do empreendedorismo é que começar sozinha é mais caro, literal ou metaforicamente falando, e consome diversos fatores, incluindo tempo e dinheiro. O fardo fica menos pesado para empreender com o apoio coletivo, uma vez que no empreendedorismo, erra-se para acertar.

Empreender: sinônimo de liberdade

O ato de empreender pode ir ao encontro com a liberdade, tanto para prosperar na vida como pessoa, quanto para se desenvolver na carreira e dar melhores condições para si e para os familiares. Empreender para uma mulher também pode significar a tão sonhada independência financeira, por isso, além de aprender a liderar um negócio, é preciso saber fazer a própria gestão financeira e administrar o próprio dinheiro e o do negócio.

Para que a mulher comece a empreender, nem sempre há tempo para pensar muito. É preciso agir. Tem quem recomende se capacitar antes, ou mesmo fazer um plano de negócios para rodar uma ideia, mas a realidade de muitas mulheres não considera esse tipo de conhecimento. O cenário de urgência para levar dinheiro para casa fala mais alto em muitos contextos.

A síndrome de impostora, característica de quem tem tendência à autossabotagem, é muito falada, mas há uma outra situação que as mulheres precisam enfrentar que é a síndrome da escassez. Esta, normalmente, está associada ao receio de fracassar e voltar ao seu ponto de partida. Porém isso não pode ser um impeditivo, uma vez que para empreender é preciso coragem para liderar, gerenciar e tomar decisões.

É fundamental entender que você é protagonista da própria trajetória, fazendo acontecer o famoso “ser CEO da própria vida”. Um bom passo para alcançar esse patamar é desenvolver o autoconhecimento, não duvidar de si e, ao errar, refletir e aprender com o erro para não o repetir ao invés de desistir ou se desmotivar, entendendo que todos temos direito de nos equivocar. No mundo das startups e do empreendedorismo se diz “erre rápido”, pois muitos não podem se dar ao luxo de errar diversas vezes e tentar por muito tempo ou o dinheiro acaba. O importante é ter em mente que o ritmo e a constância aperfeiçoam o aprendizado.

Por fim, uma boa dica para iniciar o próprio negócio é começar pequeno e testar, independentemente da necessidade. Além disso, reunir-se com quem faz algo semelhante para trocar experiências. A trajetória empreendedora feminina começa com um pequeno sinal, seja pela necessidade ou pelo sonho, mas depois, o crescimento virá e junto dele a satisfação de ser CEO do próprio negócio e da própria vida.

Claudia Paula e Silva é superintendente Comercial da Getnet Brasil.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da MERCADO&CONSUMO.
Imagem: Shutterstock

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