A produção da indústria elétrica e eletrônica recuou 0,6% em junho em relação a maio. É o que mostram dados do setor pinçados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e compilados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). A queda foi influenciada pela retração de 2,8% da área eletrônica, visto que a área elétrica cresceu 1,6%. Na comparação com junho do ano passado, a produção do setor caiu 3,7%.
Com essa queda de junho, a produção do setor ficou abaixo dos patamares de janeiro e fevereiro de 2020, período anterior à pandemia. Segundo a Abinee, diferentemente do ocorrido na comparação com o mês imediatamente anterior, ao avaliar o resultado da produção realizada em junho de 2022 em relação a junho do ano passado, verifica-se que a área elétrica, que caiu 6,3%, influenciou mais nesta queda do que a área eletrônica, com retração de 0,8%. No caso da área elétrica, foram observadas recuos em todos os segmentos, com exceção de geradores, transformadores e motores elétricos, que cresceu 15,4%.
As maiores retrações foram de eletrodomésticos (18,8%), pilhas e baterias (16,9%) e lâmpadas e outros equipamentos de iluminação (15,2%). A produção de equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica caiu 5,5%. E os outros equipamentos elétricos apontaram retração de 11,1%. Neste último segmento estão classificados os aparelhos elétricos de alarme para proteção contra roubo ou incêndio e eletrodos, escovas e outros artigos de carvão ou grafita para usos elétricos. Na área eletrônica, destacou-se o incremento de 34% na produção de componentes eletrônicos.
Vale destacar que cresceram também a produção de instrumentos de medida, em 9,6%, e de bens de informática e periféricos, com alta de 2,6%. Por outro lado, as retrações na produção de aparelhos de áudio e vídeo (9,2%) e de equipamentos de comunicação (9,0%) inibiram o resultado da área eletrônica.
Acumulado do semestre
No acumulado do 1º semestre, a produção industrial do setor eletroeletrônico caiu 8,7% em relação ao igual período de 2021, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE compilados pela Abinee. É importante destacar, segundo a entidade, que mesmo sendo ainda muito significativa, nota-se redução na intensidade da queda.
“Observa-se que, no 1º trimestre de 2022, a produção do setor ficou 12,9% abaixo do igual período do ano passado, enquanto que no 2º trimestre de 2022, a queda foi menor, atingindo 4,2% na comparação com o mesmo período de 2021”, afirmam os economistas da Abinee.
De acordo com a entidade, é importante ressaltar que a produção do setor no 2º trimestre de 2022 cresceu 2,5% em comparação com o 1º trimestre deste ano.
Ao avaliar o resultado no acumulado do 1º semestre de 2022, nota-se que a retração da produção da indústria eletroeletrônica resultou do recuo de 14,6% da área elétrica e da queda de 1,9% da área eletrônica.
A Abinee destaca que a área elétrica, que apontou queda mais expressiva no 1º semestre de 2022, também havia registrado aumento mais significativo neste mesmo período do ano passado. Vale lembrar que a produção da área elétrica havia aumentado 24,4% de janeiro a junho de 2021, enquanto que o incremento da área eletrônica foi de 15,3%, sempre comparados a iguais períodos de 2020.
Média Móvel Anual
A média móvel anual da produção total da indústria eletroeletrônica começou a indicar perda de dinamismo da atividade a partir do segundo semestre de 2021. Esse comportamento vem sendo influenciado pela falta de componentes no mercado, principalmente de semicondutores e sua consequente alta de preços. Mesmo com esses entraves, a produção começou a esboçar sinais de recuperação nos últimos meses.
A média móvel anual da produção, a partir do mês de maio, interrompeu o movimento de queda que vinha ocorrendo desde meados do ano passado, podendo indicar estabilidade da atividade.
“As medidas de estímulo à economia implementadas pelo governo, como a liberação de recursos do FGTS e antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas, podem ter contribuído para este movimento”, avalia o presidente da Abinee, Humberto Barbato.
Porém, segundo ele, permanecem as dificuldades com a falta de semicondutores, elevação da inflação e taxa de juros, redução da massa de rendimento salarial juntamente com as incertezas políticas face às eleições. Mesmo assim, a sondagem realizada pela Abinee mostra que as expectativas para 2022 permanecem favoráveis.
Com informações de Estadão Conteúdo (Francisco Carlos de Assis).
Imagem: Shutterstock