As opções disponíveis de crédito cresceram, entre empréstimos, cartões de credito e financiamentos. De acordo com o Indicador de Uso de Crédito, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 49% dos brasileiros recorreram a alguma modalidade de crédito em agosto. Isso representa um aumento de 8 p.p na comparação com o mesmo período do ano passado. Em contrapartida, 51% dos entrevistados disseram não ter utilizado nenhuma modalidade no mês de referência.
O Indicador atingiu 32,4 pontos em agosto, ante 30,8 pontos registrados em julho. A média histórica do indicador é de 28,3 pontos e desde março deste ano, tem se mantido acima dos 30 pontos. O resultado de agosto representa um avanço de 1,9 pontos percentuais frente a janeiro deste ano e de 4,5 pontos percentuais desde o início da série histórica, em janeiro de 2017. Pela metodologia, o indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, maior o uso das modalidades; quanto mais distante, menor o uso.
Para Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil, dados do Banco Central mostram um aumento de 11% em 12 meses na concessão de crédito para o consumidor, chegando a R$ 1,9 trilhão em agosto. Isso contribuiu para o número de pessoas que utilizaram crédito chegar ao maior nível desde janeiro de 2017.
“Com o cadastro positivo em operação e a expansão da atuação das fintechs, o mercado de crédito deve entrar em um novo momento, o que permitirá crédito mais abundante na economia, com taxas de juros menores”, afirmou Pellizzaro.
A principal modalidade de crédito utilizada pelos brasileiros continua sendo o cartão de crédito, citado por 44% dos consumidores. Em segundo lugar aparece o crediário, com 11% e em terceiro, os empréstimos 8%. Outros 7% mencionaram o cheque especial e 5% os financiamentos.
O cenário de acesso ao crédito confirma a importância dos cartões. Quase um em cada dois consumidores (47%) possui cartão de crédito. Já 19% afirmaram ter limite disponível de cheque especial, 18% crediário de loja, 16% financiamentos com parcelas a vencer e 14% empréstimos. Quanto ao número de consumidores que possuem crediário em loja, houve uma queda expressiva de 10 pontos percentuais entre janeiro de 2017 e agosto deste ano, passando de 28% para 18%.
No caso do cartão de crédito, a pesquisa aponta que 79% dos consumidores pagaram a fatura integralmente, ante 20% que entraram no rotativo em agosto, mês em que os juros da modalidade atingiram 307,2% ao ano. O valor médio da fatura foi de R$ 779,18, sendo que para 32% dos consumidores houve uma alta em relação aos valores de julho. 41% afirmam que foi mantido um gasto aproximado e para 23% aconteceu uma redução.
As despesas básicas foram as mais realizadas com cartão de crédito. 67% dos entrevistados citaram compra de alimentos e 49% gastos com remédios. Em seguida aparecem gastos com aquisição de roupas e calçados, com 41%; combustível com 40% e ida a bares e restaurantes com 33%. Outro destaque é o crescimento das assinaturas de serviços, como streaming e revistas, que passou de 15% em janeiro para 28% em agosto.
Por outro lado, ainda se mantém uma grande dificuldade para se obter crédito. Entre os pesquisados, 14% tiveram crédito negado em agosto, principalmente por estarem com nome nos cadastros de devedores (4%) ou por falta de comprovação de renda (3%). Por outro lado, 3% não foram informados sobre o motivo da recusa e, portanto, não souberam declarar qual o motivo.
A dificuldade em obter crédito é confirmada por outros números. Para a maioria dos entrevistados, o financiamento é uma modalidade difícil de obter aprovação (60%). A busca por um empréstimo vem na sequência, com 53% das menções; ao passo que 36% avaliam como complicado conseguir um cartão de crédito. Já no caso das compras no crediário, 35% classificam como difícil a sua contratação.
“Há uma limitação nos modelos atuais de análise e de concessão de crédito, que atribui um peso maior na existência ou não de apontamentos de inadimplência, o que torna o acesso ao crédito mais difícil para uma grande massa de consumidores”, explicou Pellizzaro Junior.
Mesmo diante das sucessivas quedas dos juros, 38% dos consumidores têm a percepção de que houve uma alta nos juros de empréstimos, financiamentos e cartões de crédito nos últimos três meses. Por outro lado, 27% acreditam que os juros continuam estáveis e apenas 4% acham que as taxas caíram. Essa sensação de alta deve-se ao fato de que, apesar da taxa de juros básica (Selic) estar no menor patamar da série histórica, os juros na ponta para o consumidor ainda estão muito elevados no país.
Quando questionados sobre a sua realidade financeira, 44% afirmaram estar no zero a zero, ou seja, não sobra nem falta dinheiro. Enquanto 28% reconheceram estar no vermelho e 20% no azul. Entre os consumidores no vermelho, 43% dizem terem se endividado em razão do aumento de preços. Além disso, 28% explicam que tiveram diminuição na renda, 20% perderam o controle dos gastos e outros 19% perderam o emprego.
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