Shopping centers: movimento de clientes aumenta e vendas caem menos

Drive-thru, delivery, lockers, televendas e cinema drive-in: neste ano de pandemia, os shopping centers do Brasil se viraram para continuar atendendo clientes, mesmo com as lojas fechadas. Mesmo depois da reabertura, várias dessas iniciativas vão continuar em operação, porque o setor percebeu de vez a necessidade de complementar as vendas físicas com as online.

Depois de meses de resultados ruins, os empreendimentos também estão otimistas. O presidente Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai, diz que a recuperação tem sido gradual e contínua. Ele conversou com a Mercado&Consumo.

Passados meses de pandemia, quais foram as ações mais acertadas feitas pelos shopping centers nesse período, na sua opinião?

Inovar está no nosso DNA e muitas alternativas foram surgindo durante a pandemia, como as vendas por drive-thru, delivery, uso de lockers, televendas, cinemas drive-in e outros. De acordo com levantamento da Abrasce, 81% dos shoppings começaram a operar com delivery e 75% adotaram o drive-thru visando se adaptar às restrições trazidas pela pandemia. Vejo que estamos muito mais conectados a soluções tecnológicas que vão mudar a forma como trabalhamos, compramos e nos divertimos.

Que iniciativas o senhor acredita que vieram para ficar?

Desde antes da pandemia, o setor acredita nas vendas físicas e online como complementares. E essa tendência se mostrou ainda mais forte nesse período. Prova disso são as operações de marketplace dos shoppings, que têm ganhado mais marcas ao longo dos últimos meses e ampliado o número de regiões atendidas. Os aplicativos dos shoppings estão ficando ainda mais personalizados e algumas empreendedoras de shopping centers criaram áreas específicas dedicadas à transformação digital. A robotização e a automação também têm ganhando cada vez mais espaço em nossos shoppings, com autoatendimento para pagar o estacionamento, drone para ajudar na segurança ou atendimento ao cliente via chatbot.

O fluxo de pessoas cresceu 8,6% na semana do dia 30 de agosto até dia 5 de setembro, o que mostra uma retomada do movimento nos shoppings.”

Como tem sido o desempenho do setor desde que os shopping centers começaram a ser reabertos? 

Desde 24 de agosto, todos os shopping centers do País, ou seja, 577 empreendimentos, estão abertos. A partir do início do processo de reabertura dos shoppings, as vendas passaram a se recuperar de maneira gradual e contínua. De acordo com nosso levantamento mais recente, na semana do dia 14 a 20 de setembro, as vendas tiveram queda de 23% em relação à semana equivalente pré-pandemia. Na última semana de março de 2020, quando todos os empreendimentos encontravam-se fechados, as perdas chegaram a 90%. Já o fluxo de pessoas cresceu 8,6% na semana do dia 30 de agosto até dia 5 de setembro, o que mostra uma retomada do movimento nos shoppings, apesar dos empreendimentos ainda estarem funcionando em horários reduzidos e com algumas operações fechadas, como cinemas, teatros e área de lazer.

Diante de todos os desafios enfrentados neste ano, o resultado foi melhor ou pior do que o setor imaginava? 

Somos um setor resiliente e nos preparamos muito para passar por esse período fortalecidos. Até o momento, não houve uma onda de demissões concreta como se especula. Pelo contrário: o que vejo é um enorme esforço de empreendedores e lojistas na manutenção dos times.

Como estão as negociações com os varejistas?  

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o setor sempre esteve aberto ao diálogo, buscando entender a realidade dos lojistas, caso a caso, sempre prezando pelo bom senso de ambas as partes. Em ordem de grandeza, as administradoras de shopping centers já abstiveram de R$ 5 bilhões em adiamento e suspenção de despesas aos lojistas considerando aluguéis, condomínios e fundos de promoção, para dar fôlego a eles neste momento desafiador.

Qual a expectativa para as datas comemorativas, como Dia das Crianças, Black Friday e Natal?

O varejo está concentrado agora na próxima data comemorativa, que é o Dia das Crianças. Em comparação com as semanas anteriores ao Dia das Crianças, os shoppings esperam um aumento no fluxo de visitantes de 14%. Em relação às vendas, espera-se também um aumento de 14%. Já em comparação com o ano anterior, a expectativa é de queda de 15%. Os canais de vendas como delivery e drive-thru serão mantidos como opção para os consumidores. Além disso, a expectativa de ticket médio mínimo é de R$ 100.

Como será o shopping center em 2021?

Vejo que estamos muito mais conectados a soluções tecnológicas, mas uma coisa ficou ainda mais clara e não irá mudar: as pessoas precisam do espaço físico para circular entre diferentes ambientes. É nítida a saudade de todos neste período de isolamento.

Imagem: Divulgação

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