Cauteloso com gastos, consumidor prioriza compras em atacarejos

Formato apresentou 69% de penetração nos lares brasileiros e maior crescimento anual desde 2016

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O consumidor atual é cauteloso e atento aos seus gastos. Com o mercado global marcado por incertezas, sente-se no bolso o aumento do custo dos combustíveis, eletricidade, alimentos e taxas de juros. Além disso, restrições na cadeia de suprimentos ocasionam rupturas e prejuízos a produtores e clientes.

Em resposta ao período, o consumidor alterou os seus hábitos de consumo para um patamar mais exigente. Agora, prioriza-se o lugar onde as compras serão realizadas, o custo total, e quais produtos e marcas serão adquiridos. Para acompanhar o comportamento de seu público-alvo, varejistas do setor de frutas, legumes e verduras (FLV) devem se atentar à qualidade de seus produtos e, além disso, garantir que sejam acessíveis.

É o que aponta a pesquisa “Tendências do varejo e consumidor brasileiro” divulgada pela Nielsen, especializada em medição, dados e análise de audiência. O estudo foi apresentado por Roberto Butragueno, diretor de Atendimento ao Varejo e E-commerce da NielsenIQ Brasil, durante evento realizado pela International Fresh Produce Association (IFPA), nesta semana.

“A realidade é que o consumidor atual tem um bolso mais apertado e tem que economizar. A boa notícia é que o setor de FVL é uma das categorias mais relevantes para o consumidor. Não temos como deixar de consumir. Interrompemos a compra de vários produtos antes de diminuir a compra de alimentos, mas podemos direcionar nossas escolhas e decidir como, quanto e onde vamos consumir”, explica.

Atacarejos em ascensão

De acordo com o estudo, o atacarejo é o único formato de comércio que apresentou crescimento ininterrupto de penetração dos lares brasileiros desde o início da pesquisa, em 2015.

Desbancando superpequenos, supergrandes e hipermercados, o formato apresenta 69% de penetração, contra 64% de supergrandes. O crescimento de 3 pontos porcentuais em relação a 2022 foi o maior aumento anual desde 2016.

O formato se tornou destaque no varejo brasileiro, sendo o único canal alimentar com crescimento em faturamento (24,6%) e volume (6,9%). Em segundo lugar, está o canal Farma, apresentando alta de 13,9% em faturamento e de 6,5% em volume.

O estudo indica que os consumidores aumentaram a frequência de compra e ticket médio em atacarejos. Além disso, um terço comprou em uma loja nova ou diferente no último ano. Dentre os índices de crescimento, clientes A e B foram papel de destaque.

“O formato está apresentando um movimento agressivo de abertura de lojas: o consumidor procura mais atacarejos, e os varejistas que entendem isso abrem cada vez mais unidades. Além disso, o atacarejo não é mais um formato pensado apenas para o consumidor com renda baixa, mas para atingir um nível de capilaridade cada vez maior”, conta Roberto Butragueno.

FLV apresenta maior procura por promoções

De acordo com o estudo, a categoria de frutas e vegetais frescos foi a terceira mais citada pelos entrevistados quando foram perguntados sobre sua última compra. Dos 58% que consumiram produtos da categoria, 30% considerariam trocar de estabelecimento para adquirir itens de qualidade.

A pesquisa indica ainda que a categoria é sensível a preço, com o maior patamar de procura de promoções (67%), seguidas de carnes ou aves frescas (58%) e peixes ou mariscos frescos (51%).

Quando o consumidor percebe alta nos preços, 54% compram o produto em menor quantidade, 21% priorizam apenas o essencial e 19% pesquisam por lojas com preços baixos.

Neste ano, os legumes foram o principal produto vendido pelo segmento, mantendo 49% do valor de FLV e crescendo R$ 2,9 bilhões em relação ao ano anterior. Frutas e verduras aparecem com 42,7% e 37,7%, respectivamente.

Imagem: Shutterstock

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