Enxergar a floresta para aprender com os desafios e transformações do varejo norte-americano

Momentum 1.096

“O varejo norte-americano é uma fonte fundamental de transformação e inspiração para esse setor no mundo, em especial para o brasileiro. O que acontece por lá precisa ser analisado com especial atenção, em particular neste ciclo, em que se combinam as transformações precipitadas pela pandemia e pós-pandemia, com a evolução natural de conceitos e a mais recente “hype” gerada por tudo o que envolve a IA (Inteligência Artificial). Vale lembrar que esta foi a segunda Black Friday e será o segundo Natal após a massificação dos conceitos e usos desses recursos pelo varejo.

E ainda, com tudo que poderá se alterar a partir de 20 de janeiro, com a posse de Trump e a proposição de mudanças – algumas já sinalizadas, como as que envolvem ameaças ao México e ao Canadá em temas de fronteiras, e aos países do Brics em relação à adoção de outras moedas que não o dólar nas transações globais.

A combinação de fatores, potencializada pela aceleração tecnológica e pela proximidade de um novo ciclo presidencial, no qual líderes e investidores do setor de tecnologia já foram apontados como presença decisiva da equipe de governo, torna o conhecimento e a análise ainda mais importantes, pelos impactos que irão gerar nos diferentes canais, categorias, formatos e modelos de negócios do varejo nos Estados Unidos, do Brasil e no mundo.”

A aceleração recente da economia norte-americana, medida pelo comportamento do PIB per capita, como mostrado no gráfico, associada ao índice de desemprego, que assim como no Brasil, está em patamares historicamente mínimos, sinaliza um momento de forte expansão, com reflexos muito positivos no varejo de forma geral. Mais uma vez, isso tem similaridades interessantes com o que ocorre no Brasil.

 

Esse cenário positivo não foi suficiente para garantir a reeleição dos Democratas. As propostas de transformação mais radical e estrutural defendidas por Trump, organizadas com envolvimento direto de líderes em tecnologia, precisam ser mais bem conhecidas e avaliadas em toda sua dimensão.

A transformação mais ampla do varejo nos Estados Unidos, tanto antes quanto depois da pandemia, e nos momentos mais recentes, tem sido marcada por mudanças significativas em diversos aspectos.

Ao acompanhar o comportamento dos setores, segmentos e canais de varejo nos EUA, avaliando o período de 2000 a 2022, é possível ter uma visão clara da evolução de alguns segmentos e modelos em comparação com outros, refletindo mudanças comportamentais, hábitos, atitudes e o crescimento dos canais não-loja.

Ao mesmo tempo, é nítida a expansão dos conceitos ligados a valor, representado pelos clubes de compra, inspiração dos nossos atacarejos, e pelos supercenters, formato equivalente aos hipermercados, porém, mais focados na proposta de preços baixos.

Os próximos anos devem reforçar alguns dos elementos que destacamos no comportamento mais recente, mas também combinar com a evolução mais ampla mostrada no quadro acima. Será crítico observar que alguns pontos serão ainda mais potencializados. O próximo período será marcado por um nível sem precedentes de incorporação de tecnologia, digital e Inteligência Artificial, utilizadas como fatores de diferenciação perante o consumidor e para o aumento de competividade, por meio da racionalização de custos, eficiência e produtividade combinadas.

Para fechar

Se for considerado no critério PPP (Paridade de Poder de Compra), o varejo da China já é maior do que o norte-americano. No entanto, por conta de nossas conexões políticas, econômicas, comerciais e de negócios, as referências mais próximas e determinantes para os modelos de atuação do setor no Brasil foram e, por um bom tempo, ainda serão aquelas que vieram e chegam por aqui dos Estados Unidos, desde que a Sears começou a operar no País em 1948.

Por conta disso, nos últimos anos, o Brasil tem a maior delegação internacional participando do NRF Show, em Nova York, maior evento do setor nos Estados Unidos, que reuniu, em janeiro deste ano, perto de 2.500 brasileiros. O recorde aconteceu em 2019, último ano pré-pandemia, com 3400 participantes do Brasil.

Nota: De 8 a 15 de janeiro de 2025 estaremos em nossa 36ª missão da NRF’ Big Show. O atual Ecossistema Gouvêa foi a primeira delegação estruturada a participar do evento e também a primeira a organizar uma apresentação sobre o varejo brasileiro, contando com a participação de Frederico Trajano, do Magazine Luiza, e Artur Grynbaum, do Boticário.

Nesse período, mais de 3.800 executivos, dirigentes e profissionais dos setores de varejo, consumo e serviços participaram de nossas delegações. Para conhecer mais sobre a programação de 2025, acesse aqui. Os aprendizados sobre tudo o que será visto e discutido durante a viagem, traduzidos, aprofundados e comparados com a realidade brasileira, poderão ser acompanhados no Retail Trends – Pós NRF, no dia 28 de janeiro de 2025, em São Paulo, nas versões presencial e virtual, além da cobertura especial que será feita pela plataforma Mercado&Consumo. Conheça mais aqui.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Imagem: Shutterstock

Sair da versão mobile