Após protestos, Americanas diz que não há processo de demissão de funcionário

O ato ocupou as duas calçadas em frente à loja da Americanas na Rua do Passeio, próxima à Praça da Cinelândia, no Rio de Janeiro

Americanas

Funcionários da Americanas e sindicatos protestam nesta sexta-feira, em frente a uma loja da empresa no Centro do Rio de Janeiro. O grupo reclama de demissões e teme perda de direitos trabalhistas em meio ao turbilhão judicial do caso. O ato precede reunião de lideranças sindicais com representantes da empresa, marcada para o início da tarde.

Entre faixas e bandeiras de sindicatos estava Darlana Santiago, de 29 anos, funcionária liberada da empresa para atuar como diretora de promoção de igualdade racial no Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio. Até julho de 2021, ela trabalhava com assistente comercial de uma loja em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Darlana tem vínculo com a empresa há 10 anos.

Ela diz que terceirizados e funcionários contratados como extras já começaram a ser dispensados. E explica que demissões no início do ano são comuns, em função do fim do períodos de festas. Mesmo assim, garante que o volume de desligamentos no Rio está acima da média histórica.

“Nós ainda não temos uma relação detalhada das demissões, mas estão acima do normal. Nessa época, normalmente, há cinco desligamentos por loja. Estimamos que esse ano esteja na casa dos oito desligamentos por unidade”, diz Darlana.

Outra funcionária presente no ato, a baiana Taina de Jesus, de 39 anos, trabalha hoje em uma loja da Americanas no Salvador Shopping, em Salvador (BA). Ela veio ao Rio junto com um sindicato local.

Taina diz que as demissões ainda não se fazem sentir em Salvador. Ela desconfia que isso aconteça porque a empresa estava impedida de desligar pessoal devido à convenção trabalhista. A data-base do reajuste salarial é 1º de março e, portanto, a empresa não pode demitir até 30 dias antes, sob a pena de receber multas.

O temor é que as demissões comecem agora, estendendo-se pelo mês de março, diz a funcionária. “As pessoas (funcionários) estão apreensivas. Ninguém sabe o que vai acontecer com o emprego, nem se vão conseguir receber a multa de 40% do FGTS em caso de demissão”, afirma.

Darlana, do Rio, acrescenta que a empresa vem fechando lojas no estado desde outubro, a exemplo da unidade da Rua do Riachuelo, na Lapa.

“Os funcionários têm se sentido enganados. O rombo foi divulgado só em janeiro, mas os fechamentos de loja começaram antes”, diz Darlana.

Antes de qualquer coisa, diz ela, os manifestantes exigem uma posição objetiva e clara da direção da empresa sobre quantas lojas serão fechadas e quantos empregados devem ser demitidos. Darlana íntegra a missão que vai se reunir com representantes da Americanas ainda nesta sexta.

Eles exigem esclarecimentos sobre o futuro da recuperação judicial da empresa e defendem a preservação dos empregos e a proteção de direitos trabalhistas, resume Márcio Ayer, presidente do sindicato dos comerciários do Rio.

O ato ocupou as duas calçadas em frente à loja da Americanas na Rua do Passeio, próxima à Praça da Cinelândia.

O local abrigava uma grande loja da varejista Mesbla, que faliu na virada dos anos 2000. Centenas ocupavam toda a extensão do lado esquerdo do gradeado do Passeio Público. O Sindicato dos Comerciários fala em mil pessoas.

Posicionamento da Americanas

A Americanas informou nesta sexta, 3, que não iniciou nenhum processo de demissão de funcionários e que mantém “relacionamento próximo” com sindicatos em meio à crise.

A posição vem em reação ao protesto de funcionários e sindicatos que aconteceu na manhã desta sexta-feira, 3, em frente a uma lona da rede, no Centro do Rio de Janeiro. No ato, manifestantes mencionaram demissões acima do normal para esta época do ano e disseram temer a perda de direito trabalhistas.

Representantes do Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro e de centrais sindicais estão reunidos com representantes para pleito e troca de informações sobre a preparação da recuperação judicial, autorizada pela Justiça.

Segundo a Americanas, não há demissões até o momento e há “apenas interrupção de alguns contratos com empresas fornecedoras de serviços terceirizados”.

Em nota, a companhia admite que “pode haver reestruturações”, mas reitera que manterá o canal de comunicação aberto com colaboradores e públicos de interesse, além do compromisso com as obrigações trabalhistas.

Segundo o documento, a empresa mantém “relacionamento próximo” com os sindicatos e segue “comprometida” com um diálogo “produtivo e recorrente” sobre questões trabalhistas.

“A Americanas atua nesse momento na condução de seu processo de Recuperação Judicial, cujo objetivo é garantir a continuidade das atividades da empresa, incluindo o pagamento dos salários e benefícios de seus funcionários em dia. O plano de recuperação definirá quais serão as ações da empresa para os próximos meses e será amplamente divulgado assim que for finalizado”, diz a empresa.

Com informações de Estadão Conteúdo: (Gabriel Vasconcelos)

Imagem: Reprodução

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