Coletividade e engajamento do consumidor são fundamentais para o empreendedorismo circular

Tema foi debatido durante painel do Fórum ABRE de Sustentabilidade

Coletividade

Coletividade e educação do consumidor: esses foram os principais desafios levantados durante o painel de empreendedorismo para a circularidade do Fórum ABRE de Sustentabilidade. A palestra contou com a presença de três executivos e fundadores de startups que buscam maneiras de impactar a cadeia de consumo e transformá-la.

Rodrigo Oliveira, fundador da Green Mining, destacou que a raiz do problema se dá no fato de as pessoas não separarem o material reciclável e disse que é necessário engajá-las. O executivo também destacou a necessidade de atuação coletiva. “A gente nunca faz nada sozinho. Tem a participação da indústria, do varejo, da indústria de embalagem e todo mundo faz parte desse processo”, ressaltou.

Atualmente, a Green Mining possui postos de coleta de vidro nas unidades da rede Minuto Pão de Açúcar, do Grupo GPA. Além disso, recentemente a empresa anunciou uma iniciativa de reciclagem de copos descartáveis da rede de cafeterias Starbucks.

Já o fundador da Molécoola, Rodrigo Jobim, contou ao público que acabou na área de logística reversa por acaso. Depois de participar de uma reunião da qual nem deveria fazer parte, Jobim teve o insight semanas depois para criar o conceito de sua empresa, que oferece programa de recompensa e engaja os consumidores que fazem o descarte correto dos resíduos. O fundador aproveitou para pontuar que o grande desafio desse mercado é “educar o consumidor e fazer com que ele desenvolva o hábito de reciclar”.

Além disso, Jobim contou que, a partir de dados analisados de entrega de material, resgate de prêmios e vendas dos varejistas, a empresa notou que seu programa de recompensas também alavanca as vendas. “O retorno da embalagem está não só funcionando para que a pessoa traga a embalagem, como também influenciando na escolha do produto que o consumidor vai comprar”, contou o fundador da Molécoola.

Jobim também aproveitou para reforçar a ideia de que a transformação só ocorre quando todos os segmentos estão envolvidos e alinhados. “Todos os seis stakeholders estão fisicamente envolvidos e o que a gente vem fazendo é conectar esses grandes grupos para existir uma sinergia entre eles”, complementou.

Flávio Salsoni, cofundador da Valora, empresa que atua na coleta seletiva de grandes geradores e condomínios residenciais, comentou sobre o momento do mercado e a relação entre as empresas. “Esse é um mercado onde o concorrente, no final, é seu aliado porque é um setor pouco explorado e com potencial. Portanto, cada ação que o seu concorrente faz te ajuda a conscientizar e trazer educação para os consumidores”, comentou Salsoni.

O presidente da ABRE, Marcos Barros, reforçou a necessidade de tratar o problema de maneira coletiva. O executivo também falou sobre o papel do varejo nesse processo. “O varejo tem uma capacidade de comunicação gigantesca, e ele precisa ajudar a cadeia a treinar o consumidor. Essas campanhas de conscientização vão ajudar o mercado a dar o próximo passo”, disse.

O evento

O Fórum ABRE de Sustentabilidade ocorreu entre os dias 31 de maio, 1 e 2 de junho, e teve como tema principal desenvolver o conceito de “Positive Packaging” (Embalagem Positiva) e seu papel na cadeia de consumo sustentável. O evento foi realizado pela Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) e teve a Mercado&Consumo como parceira de mídia.

Sobre o evento, Marcos Barros destacou que foram três dias muito ricos para o setor. “Nós temos que nos unir. E o objetivo desse evento é colocar toda a cadeia de consumo junta para entender e trabalhar em conjunto para solucionar o problema”, reforçou Barros.

Ao longo de três dias, os participantes contaram com um modelo híbrido de feira que abordou diversos temas e contou com a presença de cases nacionais e internacionais. O primeiro dia foi dedicado aos debates do conceito de embalagem positiva e como ele está presente no dia a dia.

Já no segundo, as discussões estiveram focadas na comunicação e no engajamento do consumidor. E o último dia focou nas iniciativas estruturantes para se ter uma cadeia de consumo mais sustentável. “Aqui não está sendo discutido de quem é o problema, mas sim como nós, como sociedade, vamos resolver essas questões”, finalizou o executivo.

Imagem: Marcelo Audinino

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