O consumo de marmitas é novamente uma tendência entre os consumidores brasileiros. Seja para economizar no dia a dia, seja para ter uma alimentação mais saudável, esta opção cresce em aceitação social e compete com o foodservice. A pesquisa Food Compass, realizada pela Mosaiclab, mostra que 48% das pessoas costumam consumir marmita no trabalho, 32% preparam a refeição em casa e 17% compram a refeição pronta.
Para debater sobre esta e outras questões importantes no setor de alimentação, Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral e fundador da Gouvêa Ecosystem, Danielle Garry, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), e Fernando de Paula, presidente da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), se reuniram no palco da terceira edição do Connection Foodservice Pós-NRA Show 2024, no painel “Explorando o universo do foodservice: uma visão ampliada”. O evento é realizado pela MERCADO&CONSUMO em parceria com a Gouvêa Foodservice.
Em estudo divulgado em 2023, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelou que foram abertas quase 80 mil marmitarias em 2022. Para Solmucci, a popularização das marmitas é algo que tende a se manter em crescimento. “É um nicho de mercado forte que não é, necessariamente, concorrente do setor de bares e restaurantes”, explica.
Danielle destaca que esta opção de alimentação é algo que “veio para ficar” e que o mercado de foodservice “tem o poder de capturar oportunidades”, como com a criação de clubes de assinatura de marmitas que oferecem ao consumidor opções personalizadas e costumizadas de acordo com a dieta do cliente.
Buscando sempre mais conveniência no dia a dia, o consumidor procura aquilo que se adapta ao seu estilo de vida e às suas necessidades. Fernando de Paula destaca que a marmita é uma opção flexível para o consumidor, podendo atender tanto para o almoço quanto para o jantar.
“O que eu vejo com a marmita é mais um espaço para a conveniência do consumidor. Então, minha atenção está em quais outras conveniências esse consumidor está precisando. A oportunidade está aí”, pontua.
Insegurança alimentar e desperdício
A insegurança alimentar atingiu 3,2 milhões de lares brasileiros em 2023, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Segurança Alimentar 2023 conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Marcos Gouvêa evidencia: “A questão da fome no Brasil, a quantidade de pessoas que não consegue fazer as três refeições, as duas refeições, e há uma parcela que não consegue fazer sequer uma refeição por dia”. O executivo também questiona como entidades como o IFB, a Abrasel e a ANR podem se engajar para contribuir com esta causa tão sensível.
“No Brasil, a gente tem algumas restrições, principalmente, para as indústrias de doações de alimentos. Então, às vezes, temos as indústrias com produtos com o shelf life [tempo de prateleira] restrito, que não estão impróprios para o consumo, mas que poderíamos doar. No entanto, temos leis que nos proíbem de fazer isso”, responde Danielle Garry.
Por um lado, há pessoas precisando ser alimentadas, por outro, há aqueles que desperdiçam o alimento que têm. Pesquisa do Food Law and Policy Clinic (FLPC), da Harvard Law School e a The Global FoodBanking Network (GFN), aponta que o Brasil desperdiça cerca de 42% dos alimentos de seu abastecimentos todos os anos.
“A gente conseguiu, dentro do nosso grupo, se unir e levar algumas solicitações, obtendo algumas aprovações. Hoje, conseguimos fazer doações para reduzir isso”, conta Danielle. Ela também destaca que as associações vêm se unindo para combater o desperdício e conscientizar os operadores de foodservice, levando esses ensinamentos para o consumidor.
Imagem: MERCADO&CONSUMO