Falta de mão de obra qualificada: uma realidade desafiadora para empresários e dura para a atividade econômica do País

Pesquisa do ManpowerGroup revela que 3 em cada 4 empresários afirmam ter dificuldade para encontrar talentos

Falta de mão de obra qualificada

O cenário está posto: a mão de obra qualificada se tornou escassa, os empresários começaram a investir na formação de seus funcionários dentro das próprias empresas e as universidades estão tentando reinventar o modelo de ensino.

Com essas afirmações, apresenta-se, mais uma vez, uma reflexão que sempre gerou muita polêmica, mas que, agora, está difícil de ser contrariada: a formação acadêmica atual não entrega o que mercado de trabalho precisa e a necessidade de transformação da jornada de aprendizado está nítida e, mais do que isso, urgente de ser repensada e praticada.

Uma pesquisa organizada pelo ManpowerGroup revelou que a falta de mão de obra qualificada no Brasil atingiu a marca de 81% em 2022, seis pontos percetuais acima da média global de 75%.

As dificuldades relatadas pelos empresários estão diretamente relacionadas ao processo de aceleração da digitalização das companhias, em especial na área de tecnologia que, a cada dia que passa, pede soluções ágeis e alta competência dos colaboradores.

Entretanto, essas competências não estão ancoradas apenas na formação da “execução da atividade em si”, mas, também, em comportamentos e habilidades humanas. Reparem nesta palavra: “também”.

As já conhecidas e tão faladas “soft skills” são um bom exemplo, mas que, “também”, não são suficientes de forma isolada. A pergunta óbvia que surge é: o que é possível ser feito para melhorar o cenário da falta de mão de obra qualificada?

Alguns pontos polêmicos e importantes a se considerar:

As frases ditas acima, com toda a certeza, vão gerar incômodo em centenas de leitores. Se você foi uma dessas pessoas, minha pergunta é: qual o seu nível real de preocupação com sua formação profissional?

O mercado de trabalho exige que todos os colaboradores, desde a alta liderança até os primeiros cargos operacionais, sejam capazes de: resolver problemas inesperados, lidar com os clientes mais difíceis, pensar em soluções objetivas para os maiores desafios da empresa, formar uma equipe competente que possa entregar o mesmo resultado que os melhores colaboradores entregam, colaborar para um ótimo ambiente de relacionamento.

Para que essas capacidades sejam adquiridas, todos precisamos entender que formação continuada, ou o já conhecido life long learning, não é apenas a prática de, sempre que possível, fazer cursos legais.

O life long learning é a prática constante de viver multiexperiências técnicas e comportamentais que, todos os dias, consigam criar as competências. A maior prova disso é que a maioria dos profissionais, depois que sai das faculdades, fala: eu não aprendi quase nada no curso superior, eu aprendi mesmo é na prática, ao enfrentar cada problema inesperado, cada desafio.

Ora, a solução está posta. Vamos criar unidades de educação, na academia e no mercado, que possam entregar às empresas e seus colaboradores a realidade, a vivência, as experiências, os inesperados, os problemas, os desafios; e não roteiros prontos e infalíveis, postados em slides lindos que fazem brilhar os olhos de todos os presentes, mas que, na prática, quando a pessoa volta para a empresa, não geram o resultado pretendido.

Os líderes do presente e do futuro não serão formados – apenas – a partir de livros, diplomas e certificados. Eles vão contar com conteúdos diversos capazes de transformá-los pessoal e profissionalmente. É o que chamo de multiexperiência de conteúdo. Ainda vamos conversar muito sobre isso.

Rodrigo Maia dos Santos é CEO da Gonow1.
Imagem: Shutterstock

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