O negócio da moda tem futuro?

O varejo como um todo tem passado maus bocados durante a pandemia. Alguns setores, porém, sofrem mais. É o caso da moda. De acordo com números da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, a queda acumulada em 2020 foi de quase 23%, na comparação com 2019. Como nada é tão ruim que não possa piorar, para vender alguma coisa no ano da Covid-19 os varejistas de moda foram obrigados a baixar preços. Pela primeira vez desde 1998, o setor de vestuário registrou deflação de 1,1%. Em resumo, além das vendas magras, as margens também foram para o brejo.

Evidentemente o tempo prolongado com tantas lojas fechadas, o aumento do desemprego, a queda drástica na quantidade de eventos sociais e o home office ajudaram a piorar a situação. Mas a verdade é que o segmento já vinha tropeçando muito antes do caos em 2020. No Brasil, o último ano em que a moda registrou avanço nas vendas foi 2017, aproveitando o respiro dos saques do FGTS para crescer sobre uma base fraca do ano anterior.

Para piorar, quem espera nos próximos anos uma recuperação rápida dos prejuízos do ano passado provavelmente vai se decepcionar. De acordo com projeções da Mosaiclab, as vendas de vestuário crescerão por aqui em média 5,9% ao ano entre 2021 e 2023, o que não será suficiente para recompor as pesadas perdas de 2020. Mas não pense que as dificuldades são exclusividade nossa. A McKinsey projeta, em seu cenário mais otimista, uma queda de até 5% no desempenho da indústria global da moda, na comparação com 2019. Na visão pessimista, com o vírus ainda fora de controle por um tempo, o tombo pode ser ainda maior, variando entre -10% e -15%, ante 2019.

Apesar do momento conturbado, o negócio da moda terá um futuro, seguramente. Mas ele será bem diferente daquele com o qual estávamos acostumados. Passará por um maior protagonismo das vendas online, exigirá esforço para reconfigurar a loja física e o papel das equipes, levará as empresas a investir em tecnologias que viabilizem operações mais enxutas e eficientes e obrigará as marcas a prestar mais atenção em aspectos sociais e ambientais. Essas são algumas das conclusões que ficam após a leitura do abrangente relatório “The State of Fashion 2021” (algo como “O Momento da Moda em 2021”), produzido pelo site Business of Fashion e McKinsey.

Vamos às principais tendências que estarão na moda no futuro próximo:

O negócio da moda, sim, tem futuro. No entanto, assim como tudo na vida, precisará evoluir, com o agravante de que o momento é complicado e o ambiente de negócios, hostil. Nesse cenário, é natural esperar movimentações importantes dos principais jogadores, dificuldades por parte de marcas menos preparadas e surgimento de novos formatos, introduzidos por inovadores prontos para explorar um novo mundo, cheio de desafios e também de oportunidades.

Luiz Alberto Marinho é sócio-diretor da Gouvêa Malls.
Imagem: Arte/Mercado&Consumo

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