As novas restrições ao funcionamento de serviços não essenciais em vários Estados brasileiros eram esperadas diante do aumento de casos e de mortes relacionadas à Covid-19 no País. Mas elas terão forte impacto nos negócios, em especial no caso de setores que ensaiavam um “retorno à normalidade”. A avaliação é por especialistas consultados pelo portal Mercado&Consumo.
O governador João Doria anunciou, nesta quarta-feira (3), que todo o Estado de São Paulo vai voltar, no próximo sábado (6), à fase vermelha do plano de flexibilização da economia. Nesta etapa, apenas setores classificados como essenciais no chamado Plano São Paulo podem funcionar normalmente.
A medida começa a valer à meia-noite do sábado e se estenderá até o dia 19 de março. Serão 14 dias no total, inicialmente. Desde o dia 26 de fevereiro, todas as cidades estavam com uma restrição de circulação mais rigorosa, com o que o governo chamou de “toque de restrição” entre as 23h e as 5h. Agora, esse horário foi ampliado, passando a valer a partir das 20h. Várias entidades ligadas aos setores não essenciais se manifestaram sobre o assunto e pediram apoio dos governos municipais, estaduais e federal no enfrentamento da crise.
“A necessidade de lockdown é inquestionável ante o número de mortes e taxas de ocupação dos hospitais”, afirma a CEO da consultoria Gouvêa Foodservice, Cristina Souza. A especialista destaca que a pressão será grande no setor de foodservice. “Mas felizmente, neste momento, todos estão melhor preparados no que tange à digitalização e acesso aos clientes. Serão dias de consternação, resiliência, mas, acima de tudo de consciência para proteção à vida”, complementa.
Para o setor de shopping centers, por outro lado, o baque deve ser muito forte, na avaliação do sócio-diretor da Gouvêa Malls, Luiz Alberto Marinho. “O setor de shoppings começava a retomar aos poucos o caminho da normalidade e os novos fechamentos, em diversas cidades, interrompe esse processo de recuperação”, avalia.
De acordo com o consultor, as medidas atingem com força não apenas os centros comerciais, mas também – e principalmente – os pequenos lojistas. “Para muitos desses, interromper as atividades outra vez pode significar um golpe duro demais. O momento é de muita apreensão”, disse.
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