O celular se consolidou como principal canal de compras para os brasileiros das classes D e E: 49% das aquisições feitas por esse público já acontecem pelo dispositivo, superando a média nacional de 46%. O comportamento acompanha uma tendência mais ampla de expansão no consumo.
Segundo a pesquisa “Brasil Invisível: Insights sobre o consumidor de baixa renda”, 59% dos brasileiros com renda de até dois salários mínimos afirmam que devem aumentar os gastos em 2025, o maior percentual entre todas as faixas sociais. Apenas 6% pretendem reduzir suas despesas, evidenciando um momento de confiança e desejo de inclusão no mercado.
Conduzido pela Data-Makers em parceria com a ONG Gerando Falcões e a ESPM, o levantamento ouviu mais de 2.400 pessoas entre abril e maio deste ano, sendo 1.331 das classes D e E, em uma amostra representativa de todas as regiões do País.
“Isso quebra dois estereótipos importantes: não há retração de consumo entre os mais pobres, nem dependência de canais físicos. A baixa renda mostra claro apetite de consumo e plena autonomia digital. Marcas que entenderem esse movimento podem encontrar oportunidades inéditas para construir relações sólidas e modernas com esse público, que quer ser reconhecido e valorizado também como consumidor digital”, afirma Fudissaku, CEO do Data-Makers.
Além da conexão intensa com os meios digitais, o estudo revela que os consumidores de baixa renda estão entre os mais engajados com causas sociais, ambientais e éticas. Temas como os direitos dos idosos (88%), inclusão de pessoas com deficiência (87%) e sustentabilidade (79%) aparecem entre os mais valorizados na hora da compra. Outro dado surpreendente é que 73% preferem produtos zero açúcar, indicando também uma busca por alternativas mais saudáveis.
“O estudo mostra que o público de baixa renda é moderno, conectado, influente e aberto ao consumo. Marcas que desejam conquistá-lo devem investir em representatividade, comunicação inclusiva e estratégias digitais otimizadas, indo além dos estereótipos e construindo pontes culturais autênticas. Pesquisas mostram que as favelas brasileiras movimentam mais de R$ 200 bilhões anualmente, mas esses consumidores, muitas vezes, ainda são invisíveis para as marcas”, afirma Sérgio Rocha, CMO da Gerando Falcões
Comunicação multiplataforma
O consumo de mídia acompanha esse perfil moderno e conectado: 91% acessam a internet todos os dias. As redes sociais lideram o tempo de tela, com destaque para Instagram (77%), Facebook (71%), YouTube (70%) e TikTok (50%). Mas a TV aberta ainda tem espaço relevante, com 65% de audiência diária, mostrando que a experiência do público é fortemente multiplataforma.
“A comunicação eficaz para a periferia exige estratégias que respeitem a rotina multiplataforma desse público, conectando TV, redes sociais e aplicativos de forma integrada. Esse público está conectado, atento e ávido por ser reconhecido em todas as telas que fazem parte do seu dia a dia”, afirma Fudissaku.
Imagem: Envato