No esforço para pagar a outorga, a GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto de Guarulhos, inicia uma nova rodada de inaugurações de pontos comerciais.
Além de restaurantes e lojas, estão na lista um supermercado Carrefour Express e uma barbearia. Também há planos para um hotel de animais de estimação no futuro.
Os passageiros que embarcaram pelo Terminal 2 nas últimas semanas já perceberam o que há de novo: uma loja de acessórios Imaginarium, uma barbearia e quiosques das marcas Heineken e Subway.
A sanha de levantar receitas não tarifárias fará um espaço dedicado à espera, com cadeiras encostadas na parede, se transformar em uma grande livraria Saraiva.
Ainda sem sinalização, outro tapume esconde o que será um restaurante de quase 500 metros quadrados da bandeira Cortés, pertencente à rede Ráscal, que já opera no aeroporto.
Quem viaja pelo Terminal 3 notou que a antiga rampa de acesso a salas VIP foi retirada para dar lugar à loja Dior e um restaurante peruano.
Em breve, aparecerão duas novas praça de alimentação nos pisos de embarque dos terminais.
Com as recentes inaugurações, o aeroporto alcançou 259 lojas e prepara mais 15 até o fim deste ano.
“Temos outorga para pagar. O aeroporto começa o ano devendo cerca de R$ 1 bilhão”, diz Mônica Lamas, diretora comercial da GRU Airport.
Em 2016, as receitas tarifárias (as quais a concessionária não tem margem de manobra para alterar) alcançaram R$ 970 milhões, e as não tarifárias, R$ 911 milhões, segundo a concessionária.
A ideia é que esse faturamento gerado pelas operações comerciais alcance 51% e a receita com tarifas fique em 49% no ano que vem.
O projeto de expansão da frente comercial é antigo e vem avançando ao longo dos anos. Antes da concessão, em 2011, cerca de 40% da receita da Infraero em Guarulhos era comercial.
DESEMPENHO
Mas a experiência recente mostra que não é fácil se manter operando em um aeroporto desta dimensão.
Quando a desaceleração econômica abateu o fluxo no setor aéreo, o aeroporto de Guarulhos teve pontos afetados. Em 2015, fecharam no novo Terminal 3, entre outros pontos, duas unidades do restaurante Arábia, uma de marca americana de pipocas e uma franquia de risotos.
Para evitar essa rotatividade, a diretora diz que o foco agora é fechar contratos com grandes operadores, que têm mais musculatura para suportar oscilações de demanda.
“Aeroporto não é para qualquer um. Tem que saber operar. A gente vem mais recentemente trabalhando com grandes grupos, porque quem tem fôlego financeiro e coloca cinco ou seis operações aqui reduz o risco. É o caso do Ráscal e do Fridays, que vai ter oito operações em Guarulhos”, diz Lamas.
A crise que atingiu o varejo de shoppings nos últimos dois anos serviu de argumento para pretendentes na tentativa de baixar o aluguel, segundo Lamas. Mas ela conta não ter cedido.
“Usaram muito essa técnica das lojas fechando em shopping para vir choramingar aqui, para tentar negociar reduzir aluguel. A gente não é um shopping. Tem quiosque aqui dentro que fatura R$ 400 mil por mês.”
Fonte: Folha de S.Paulo