Expectativa dos credores da Americanas é de um acordo até junho, diz presidente do Bradesco

Lazari afirmou que os bancos e os demais agentes envolvidos, tanto na ponta dos credores quanto na da empresa, estão discutindo os termos de um acordo

Bradesco afirma ter total interesse no sucesso da recuperação judicial da Americanas

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse nesta sexta-feira, 5, que a expectativa dos credores da Americanas é de um acordo até junho, conforme antecipou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) em abril. Segundo ele, o acordo não será “ótimo”, mas deve atingir um ponto “razoável” a todas as partes envolvidas.

“Entre a última divulgação e esta, tivemos evoluções nas tratativas com a empresa”, disse ele, sem citar a Americanas nominalmente, em coletiva de imprensa para comentar os resultados do banco no primeiro trimestre, divulgados na quinta-feira.

Lazari afirmou que os bancos e os demais agentes envolvidos, tanto na ponta dos credores quanto na da empresa, estão discutindo os termos de um acordo. Esse desfecho deve ser “razoável” e não “ótimo”, segundo o presidente do Bradesco.

“Não sabemos o quanto podemos recuperar, gostaríamos de recuperar 100% do que provisionamos”, disse ele.

A Coluna do Broadcast mostrou que os bancos gostariam que o trio de acionistas de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, aportasse R$ 12 bilhões na companhia já de cara. A proposta atual contempla R$ 10 bilhões e uma tranche de R$ 2 bilhões que só seria aportada no futuro, a depender do desempenho da varejista.

Maior credor financeiro da Americanas, o Bradesco provisionou toda a exposição à companhia, de cerca de R$ 4,9 bilhões, no balanço do quarto trimestre do ano passado.

Pedido de recuperação

A Americanas realizou sua Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária (AGO), em 29 de abril, com poucas surpresas. Foi o primeiro encontro desde a revelação do rombo contábil de R$ 20 milhões, que se seguiu à exposição dos conflitos entre a varejista e os bancos, aos debates internos sobre gestão e transparência.

Desta vez, os acionistas – que não são contemplados nas medidas relativas à crise contábil e à recuperação judicial – tiveram a palavra. Mas apenas o equivalente a 42,4% do capital social participou.

Houve protestos contra o trio de referência, composto por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. Mas as manifestações não chegaram a impedir a votação.

Um dos principais temas do encontro estava na agenda da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), que se seguiu imediatamente à AGO e envolvia certo nível de tensão entre os acionistas. Foi a ratificação da recuperação judicial da Americanas e o aval para eventuais medidas que os administradores venham a adotar a fim de salvar a companhia. Os dois tópicos foram aprovados pela maioria dos acionistas presentes.

Todavia, a aprovação das contas de 2022, primeiro tópico da pauta, foi adiado em função dos ajustes que estão sendo feitos no balanço.

Outro tema tenso é o das remunerações. A Assembleia aprovou a remuneração global dos administradores em 2023 em até R$ 40 milhões, sendo R$ 35 milhões para sete diretores e R$ 5 milhões para 12 conselheiros de administração e fiscal. Do total, R$ 28,4 milhões serão em salários e pró-labore – R$ 25 milhões para diretoria e R$ 3,4 milhões para o conselho.

Com informações de Estadão Conteúdo
Imagem: Shutterstock

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