Momentum: Food Hall é a evolução do varejo para o avanço do Foodservice

O conceito de Food Hall nasceu na Inglaterra integrado às operações das lojas mais tradicionais de departamentos, como Harrods e Selfridges. Sua concepção inicial oferecia operações diversas de alimentos, numa proposta mais orientada para boutiques de alimentação, criando uma nova área de interesse, experiência, entretenimento e compras dentro das grandes lojas tradicionais de departamentos.

Sua expansão no mercado europeu foi marcante e fez parte da estratégia de ampliar a oferta de serviços através de alimentos prontos para consumo no negócio tradicional do varejo. Além das inglesas, foram e são marcantes as operações francesas da Galleries Lafaiette, Printemps, da italiana Rinascente, da espanhola El Corte Inglés, da alemã Kaufhof ou da mexicana Palacio del Hierro, cada uma delas mais ou menos ambiciosas em sua proposta. Assim como as japonesas, alocando grandes espaços para essa alternativa de ampliar o “share of wallet “ de seus consumidores.

A evolução do conceito nos Estados Unidos foi marcada pela convergência de dois movimentos simultâneos.

De um lado, os consumidores ampliando a participação em seus dispêndios dos alimentos prontos e preparados para consumo (leia Momentum – O apetite do Food Service) e de outro, os shopping centers em busca de alternativas para ocupar espaços anteriormente usados pelas tradicionais lojas de departamentos, em franco declínio e redução de suas áreas de vendas.

Vale lembrar que, no período de 2007 a 2017, houve profunda mudança no perfil de ocupação dos shopping centers nos Estados Unidos, segundo estudo da Cushman & Wakefield coletado por Luiz Alberto Marinho, nosso sócio na GS&BW, unidade do Grupo GS& focada em shopping centers.

Em 2007, o espaço típico de shoppings centers era dividido em 60% para varejo tradicional, 30% para âncoras e 10% para entretenimento, bebidas e alimentos. Por conta da transformação de hábitos, dez anos depois, esse mix havia se alterado para 50% de varejo tradicional, permanecia 30% para âncoras, porém, diferente de dez anos atrás, a área destinada para entretenimento, alimentos e bebidas, havia evoluído de 10 para 20% do total da área.

Na configuração anterior, muito da oferta de alimentos e bebidas era concentrada nas tradicionais praças de alimentação.

O resultado disso é que em 2016 foram gastos US$ 388,1 bilhões nos Estados Unidos com alimentos no domicílio e US$ 393,2 bilhões fora das residências, caracterizando uma profunda transformação de mercado, segundo o mesmo estudo, com significativas diferenças nas margens e rentabilidade das operações servindo esses mercados.

E tudo indica continuará a ampliar essa participacão por conta da migração de maior parcela de dispêndios de produtos e mercadorias para serviços, em especial envolvendo entretenimento, alimentos e bebidas.

A evolução da Praça de Alimentação

Disso resultou, em muitos shopping centers, novos espaços alocados para essas categorias e o mercado imobiliário, atento a esse movimento estratégico, criou novas áreas, independentes ou vinculados a centros comerciais diversos, dedicados a alimentos e bebidas, nessa concepção mais abrangente que caracteriza os atuais Food Halls, evolução ambiciosa das antigas praças de  alimentação.

No cenário atual, os Foods Halls representam a maturidade dos espaços integrando alimentos e bebidas do Foodservice, com entretenimento, lazer e diversão, combinação que representa cada vez mais nos dispêndios dos consumidores.

Esse comportamento do consumidor, em especial para as novas gerações Millennials e Z, também está presente nas gerações anteriores, em busca de um estilo de vida mais light e melhor equilibrado entre trabalho, lazer e diversão.

Assim, ampliaram-se as alternativas de espaços dedicados ao Food Hall, integrados a centros comerciais e de hospitalidade, ou independentes, criando uma nova geração de conceitos, especialmente nos grandes centros urbanos e de turismo, como Chelsea Market, Todd English Food Hall, Grand Central Station e os restaurantes Eataly em Nova York, que se tornou a meca desses novos conceitos.

Mas poderiam ser ainda citados, de alguma forma, Puerto Madero em Buenos Aires e Place des Vosges em Paris, além da evolução, especialmente na Europa nos formatos tradicionais de lojas de departamentos, que em busca de seu reposicionamento ampliaram e diferenciaram os Food Halls, como exemplos espontâneos ou planejados dessa tendencia.

Para os shopping centers, os Food Halls representam uma importante alternativa de ocupação de espaços que se tornam ociosos pelo avanço do e-commerce e, para o setor imobiliário, uma possibilidade de redesenho de espaços urbanos alinhado com as novas tendências e demandas de mercado.

E tudo indica que essa tendência irá crescer com os próprios hipermercados, supermercados e supercenters evoluindo nessa direção, incorporando também a reconfiguração dos shopping centers, aeroportos, centros empresariais, universidades e escolas dentro dessa nova realidade.

 

NOTA. No Latam Retail Show, de 29 a 31 de agosto de 2017, no Expo Center Norte, em São Paulo, especial atenção será dedicada ao setor de Food Halls e Foodservice, pela dimensão da sua transformação estratégica e representatividade econômica, com palestras, debates e cases, nacionais e internacionais, para atualização dos profissionais e executivos que atuam na área.

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