O Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário medido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) registrou 54,1 pontos no último mês de maio, um aumento de 4,3 pontos na comparação com o mesmo mês do ano passado (quando estava em 49,8 pontos). Em abril de 2018, o indicador estava em 52,7. O resultado acima do nível neutro de 50 pontos demonstra o predomínio de uma visão moderadamente otimista desses empresários tanto com a economia do país quanto com seus negócios.
“A economia brasileira superou a recessão, mas os sinais de retomada ainda são graduais e não se refletem totalmente no dia a dia dos consumidores e das empresas. Isso faz com que o otimismo fique em um patamar ainda de cautela. Ou seja, a crise já foi mais profunda e a inflação hoje está controlada, mas a atividade econômica segue fraca, com desemprego elevado e juros ainda caros na ponta”, explicou José Cesar da Costa, presidente da CNDL.
O indicador é baseado nas avaliações dos micro e pequenos empresários sobre as condições gerais da economia brasileira e também sobre o ambiente de negócios nos últimos meses, além das expectativas para os próximos seis meses tanto para a economia quanto para suas empresas.
Em 12 meses, diminuiu de 61% para 46% o percentual de micros e pequenos empresários que notam piora no desempenho da economia do país. Os que veem melhora somam 21% dos entrevistados. Essa melhora da percepção fez com que o Indicador de Condições Gerais, que avalia o atual momento da economia, saltasse de 34,5 pontos em maio do ano passado para 42,5 pontos na escala atual. No entanto, mesmo com a melhora, ele segue abaixo do nível neutro do indicador, que é de 50 pontos.
Quando a avaliação se restringe aos próprios negócios, a percepção de que as condições da própria empresa estão se deteriorando também diminuiu em um ano. Em maio de 2017, 51% dos micro e pequenos empresários possuíam uma visão negativa a respeito da performance da própria empresa, enquanto em maio de 2018, o percentual caiu para 36% dos entrevistados. No mesmo período, a quantidade dos que disseram que melhoraram as condições para o negócio que conduzem passou de 15% no ano passado para 26% em 2018. Já os que sentem estabilidade passou de 34% para 38%.
Entre os que acreditam que a situação do seu negócio melhorou nos últimos meses, a razão mais apontada foi o aumento das vendas, citado por 49%. Em seguida, aparecem a melhora da gestão da empresa (41%) e a mudança do mix de produtos e serviços ofertados (25%).
Em sentido oposto, a queda nas vendas também é o principal motivo daqueles que enxergam uma performance negativa da sua empresa nos últimos seis meses: 80% dão essa justificativa. “Os resultados do varejo tem apontado para a recuperação das vendas, mas nem todos os segmentos sentem o mesmo impacto, até porque o processo de retomada tem sido lento, ocasionado pelo alto nível de desemprego e mercado de trabalho ainda fraco”, analisou Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.
A percepção dos micro e pequenos empresários de como serão os próximos seis meses para a economia e para os seus negócios também foi analisada no levantamento e apresentou resultados melhores do que a avaliação do momento atual. Quanto o assunto é o futuro da economia, 45% dos entrevistados se dizem, em algum modo, otimistas para os próximos seis meses, ao passo que 17% acreditam em uma piora na comparação com o quadro atual. Quando a análise se detém apenas ao próprio negócio, o percentual de otimistas é um pouco maior e atinge 62% dos micro e pequenos empresários, enquanto somente 8% acreditam que ela deve piorar.
Os dados um pouco mais positivos verificados na última sondagem também fizeram com que o Indicador de Expectativas apresentasse uma leve melhora em maio, passando de 61,3 pontos no mesmo mês do ano passado para os atuais 62,9 pontos em 2018.
De acordo com o levantamento, 49% dos micro e pequenos empresários que estão otimistas com a economia não sabem explicar a razão desse sentimento positivo, apenas aguardam que coisas boas devem acontecer no país. Outros 30% mencionam a melhora recente de alguns indicadores econômicos e 20% acreditam no potencial do mercado de consumidores no Brasil.
Quando são indagados sobre o otimismo com o futuro de seus negócios, a maior parte (40%) aposta na eficiência da boa gestão que conduzem na empresa. Outros 33% disseram estar investindo, o que poderá trazer frutos nos próximos meses. Os que não sabem explicar as razões somam 28% da amostra. O indicador ainda revela que 49% dos micro e pequenos empresários esperam crescimento no faturamento do seu negócio, ao passo que 42% aguardam estabilidade. Apenas 6% desses entrevistados projetam queda nas vendas.
Em sentido contrário, as vendas em baixa (55%) e as incertezas políticas (55%) despontam como as principais razões daqueles que seguem pessimistas com o futuro do seu negócio e da economia, respectivamente. “O temor de que o país não acelere o passo na saída da crise é fonte de preocupação dos empresários de menor porte porque os efeitos do fim da recessão ainda não são sentidos no dia a dia das pessoas de forma unânime. Além disso, a corrida eleitoral traz muitas incertezas no campo dos investimentos, fazendo com que os empresários tenham cautela”, explicou José Cesar da Costa.
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