Redes internacionais de Varejo consolidam-se aos poucos no mercado brasileiro

Muito se fala na entrada de redes de Varejo internacional no Brasil, mas de fato, a vida não tem sido nada fácil para algumas delas. Reproduzir o modelo de sucesso dos seus países de origem tem se revelado muito mais desafiador.

Os problemas são velhos conhecidos: alta carga tributária, deficiências com logística interna e externa, encargos trabalhistas são algumas das principais queixas, o famoso “custo Brasil”. São problemas estruturais e históricos que impedem um crescimento maior da economia como um todo.

Diferentemente de outros países latino-americanos, o Varejo brasileiro tem muitas marcas de origem nacional. Marcas que investiram na profissionalização da operação, visual merchandising, informatização, sistemas logísticos, melhoria da operação, comunicação e recursos humanos e hoje estão absolutamente afinados com o melhor do que se faz lá fora.

Lideram seus mercados de atuação e resistem bravamente às investidas que veem de fora. Do ranking das 120 maiores varejistas brasileiras, apenas 14 delas tem capital estrangeiro.

Competir com varejistas nacionais portanto exige muitos esforços e sobretudo muita paciência e capital para investir. Mas o país ainda oferece muitas oportunidades para quem está entrando.

Por isso que o fluxo de novos varejistas internacionais não para de crescer. Alguns exemplos: na moda temos gigantes como a rede sueca H&M, a americana GAP e Forever 21, a espanhola Desigual, a australiana Cotton On e a inglesa Top Shop iniciaram operações recentemente no país.

Em cosméticos, temos como exemplos a Sephora, The Body Shop, L´Occitane Au Bresil, Yves Rocher e Lush já começam a movimentar cada vez mais o segmento; no setor de Foodservice, as marcas representadas pela Alsea, (PF Changs, Cheesecake Factory), IMC (Carl Jr, Red Lobster, Olive Garden), Dunkin Donuts, Tony Roma´s, Johnny Rockets, Godiva, prometem aprimorar o conceito da alimentação fora de casa no Brasil.

É fato que os brasileiros já convivem muito bem com as redes internacionais estabelecidas a mais tempo por aqui e hoje acabam fazendo parte do nosso quotidiano. Redes como Pizza Hut, Mc Donalds, Subway, Carrefour, Makro e C&A já são quase “brasileiras”. Importante dizer que muitas marcas também já se foram, desistindo de operar no Brasil por diversos motivos.

Quando questionados sobre quais as razões de ainda investirem no Brasil, considerando a existência de todos os altos e baixos da nossa economia, estes varejistas informam que o imenso tamanho do mercado de consumo interno, a classe média emergente e democracia plena são fortes elementos considerados para a tomada de decisão.

Existe também um fator importante que, diante dos demais países do BRIC, contam pontos para nós que é o fato das características culturais e sociológicas do brasileiro, alinhados com hábitos de consumo próximos dos da Europa e dos EUA, fazem com que o Brasil se torne um país em que “nenhuma multinacional possa ficar de fora”.

Dois exemplos: a facilidade de adaptação dos produtos fabricados pela matriz, e, no caso dos restaurantes, a fácil adaptação à padronização dos pratos. Diferente de países como Índia e China, onde a cultura e os hábitos são muito diferentes que os nossos e exigem muito mais modificações dos produtos.

Alguns indicadores de resultados das grandes multinacionais presentes no país ajudam na decisão. Por exemplo, o Brasil já é o 3º maior mercado mundial para a Unilever, o 2º para a Nestlé, 2º para a Coca-Cola, 1º para a Avon, 2º mercado para a Fiat e 3º para Volkswagen e assim vai. Apesar de sermos a 7ª maior economia do planeta, na média estamos entre os 5 maiores mercados para as multinacionais presentes no Brasil.

Para finalizar, o Brasil também está recebendo muitos investimentos na área de shopping centers. São mais de 100 projetos em curso para serem inaugurados nos próximos 3 anos, o que pode significar uma grande oportunidade de abertura para grandes redes do Varejo.

 

Que vençam os melhores!

PS. No próximo dia 27 de agosto, durante o 17º Fórum de Varejo da América Latina, apresentaremos um painel específico que discutirá a presença de algumas redes internacionais no Brasil. O painel contará com a experiência da recente start-up Daiso Japan e as razões que levaram a L´Occitane Au Bresil para investir no Brasil e fazer a partir daqui uma nova linha de produtos para o mundo.

 

Por Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br), sócio-diretor da BG&H Retail Real Estate

 

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