Se eu te disser que o conceito de ser um simples centro comercial ou cultural já não cabe mais, o que você me diria? Observamos ao longo desses últimos 10 anos um movimento de mudança de comportamento dos centros de compras e dos clientes. Gerações com visões diferentes, pandemia, crises econômicas, avanços do e-commerce ou o próprio consumidor buscando novas opções mais integradas ao que ele acredita.
Com isso tudo, para continuar a trazer fluxo, os shoppings, que são inúmeros no Brasil, passaram a oferecer mais opções de gastronomia por meio de restaurantes com espaços abertos, conexão com áreas verdes ou marcas que só existiam em determinado endereço da cidade, eventos a céu aberto, exposições, centros de aprendizado e entretenimento para a família toda. E mais uma exigência do novo consumidor é que a compra tem que ter e ser realizada em um ambiente rico em experiências.
Dito isso, observo a evolução dos centros comerciais e culturais em um modelo audacioso para os parâmetros brasileiros. Paris, Milão, Londres e Nova York, que são enormes centros de compras e cultura, possuem há muitos anos o hábito de ocupar antigos palacetes, casas e prédios históricos restaurados. Aqui esse modelo chega por meio de um grupo de investidores que enxergou o potencial de transformar uma maternidade histórica em um centro cultural e de comércio.
Criar e ser um espaço que promove a convivência e a troca entre as pessoas. Um local onde arte, arquitetura, cultura, design e gastronomia se entrelaçam. A arquitetura preservada, combinada com intervenções modernas, cria um ambiente que respeita o passado, enquanto acolhe o futuro. Esse lugar já existe no coração de São Paulo, perto da Avenida Paulista, e tem se tornado cada vez mais interessante ao longo de sua jornada de reconstrução, preservação e modernização.
O complexo Cidade Matarazzo é um exemplo inspirador de como um patrimônio histórico restaurado, que preserva nas paredes expostas as marcas do passado e daqueles que por ali passaram, pode gerar novas oportunidades e experiências para a cidade. É um empreendimento inovador que une história, arte, criatividade e gastronomia em um espaço único e revitalizado. O projeto, que nasceu da transformação da antiga Maternidade Matarazzo, preserva a memória do local, enquanto oferece uma experiência inovadora e vibrante aos visitantes.
Com sua área de lojas (prevista para breve); a Casa Bradesco, que abre com a exposição do renomado artista plástico Anish Kapoor; e uma diversidade gastronômica impressionante, o local se estabelece como um novo marco cultural em São Paulo. Aberto para quem busca compras, arte ou uma boa gastronomia, a Cidade Matarazzo oferecerá um pouco de tudo, em um ambiente que celebra a riqueza da vida urbana combinada a sustentabilidade e diversidade.
Em 15 de setembro, na sua segunda fase, a Cidade Matarazzo abre as portas da Casa Bradesco, um novo espaço cultural com quatro salas exclusivas e uma exposição retrospectiva do influente e polêmico artista plástico e escultor anglo-indiano Anish Kapoor.
A exposição visceral com obras de grandes escalas de Kapoor, o primeiro artista a expor na Casa Bradesco, ocupa 4 mil m² extrapolando até mesmo o espaço expositivo. Obras que atravessam os andares e outras com vantablack, o material sintético mais preto da Terra, que absorve quase toda a luz e radiação que atingem sua superfície (99,96% dela) e foi originalmente desenvolvido por pesquisadores britânicos, em 2014, para aeroespacial, engenharia e óptica.
Além disso, o espaço cultural conta com um ambiente para as crianças explorarem as habilidades artísticas e um laboratório para estímulo da criatividade dos jovens.
Sobre a gastronomia, que é um dos pilares da Cidade Matarazzo e um dos complexos culinários mais aguardados, haverá a opção de 14 restaurantes, alguns super-renomados e inéditos, como o da rede libanesa Em Sherif, que tem unidade na Harrod’s, em Londres. Haverá também opções do cenário gastronômico nacional que refletem a diversidade e a riqueza da culinária brasileira. Cada restaurante está sendo escolhido com o intuito de proporcionar experiências únicas, oferecendo desde a alta gastronomia até opções mais informais.
A Cidade Matarazzo se propõe a ser um lugar de experiências, onde cada visitante pode se sentir parte de uma comunidade, com o propósito de regenerar e transformar o mundo e as pessoas por meio da arte, da cultura e da criatividade.
A integração de lojas, restaurantes e espaços culturais faz com que o local seja ideal para passeios em família, encontros com amigos ou uma simples visita para apreciar a arte e o belo trabalho de arquitetura. Sua área de lojas, prevista para o ano que vem, está sendo cuidadosamente planejada para oferecer uma variedade de produtos e serviços supercurados. Com um mix que incluirá moda, beleza e design, o espaço se tornará um ponto de encontro para quem busca qualidade, novidades e exclusividade. As marcas serão distribuídas em um ambiente que privilegia a circulação e a interação entre visitantes e marcas, permitindo que os consumidores descubram novas marcas e produtos, advindos dessa supercuradoria em um cenário acolhedor e inspirador.
A revitalização de espaços históricos é uma estratégia crucial para o desenvolvimento urbano sustentável e a valorização da identidade cultural. Ao equilibrar a preservação do patrimônio com as necessidades contemporâneas, as cidades podem criar ambientes vibrantes, interessantes e inclusivos que respeitem a história enquanto vivem o futuro próximo.
As exposições de arte desempenham um papel significativo na atração de consumidores e no fortalecimento da relação cultural e de criatividade com o comércio. Ao integrar arte e varejo, as marcas e os espaços de vendas podem criar experiências únicas que não apenas atraem e fidelizam os clientes, mas também enriquecem a vida cultural e criativa de uma comunidade. Além disso, a arte pode ser usada para criar uma atmosfera temática que ressoe com a identidade da marca, aumentando a conexão da experiência de compra.
Sandra Hayashida é fundadora da LPE Experiências.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da MERCADO&CONSUMO.
Imagem: Joana França/Divulgação