Não tem como negar que toda a cadeia do foodservice (restaurantes, bares, lanchonetes, dentre outros) mundo afora passou por tempos extremamente difíceis. No entanto, com a retomada gradual da normalidade, a queda do endividamento e maior lucratividade dos operadores, a abertura de novos estabelecimentos é observada de forma mais significativa. Na verdade, a recuperação da economia, mesmo a passos lentos, impacta diretamente a alimentação fora do lar (e vice-versa). Costumamos dizer que nosso setor é o espelho da sociedade.
Ou seja, com mais pessoas circulando nas ruas e o poder de compra ganhando certo fôlego, o segmento consequentemente se beneficia e, esse importante motor econômico, que mais emprega no País, inclusive, volta a rodar. Para se ter uma ideia, bases de dados da Receita Federal mostram que, entre janeiro de 2022 a julho de 2023, foram abertas quase 57 mil novas empresas envolvendo o foodservice no Brasil.
Ainda devido aos efeitos da pandemia, que culminaram em muitos negócios fechados, é natural que diversos pontos comerciais sejam reocupados, principalmente por se tratar de estabelecimentos já muito bem estruturados, com cozinha e toda a estrutura básica necessária para um negócio operar, sem contar a localização atrativa.
Diversificação de ofertas
A abertura de novos restaurantes e estabelecimentos de alimentação fora do lar também volta a contribuir para a diversificação das ofertas disponíveis aos consumidores. A pandemia mostrou a necessidade de adaptação e inovação. Portanto, a entrada de novos players no mercado cria outras ideias, tendências e conceitos gastronômicos. Isso favorece uma ampla gama de opções, atendendo a diferentes gostos e preferências, e ainda influencia a indústria como um todo, incentivando outros a seguir os bons exemplos. Nosso setor vem passando pelo mais intenso processo de transformação digital de sua história, com rápida adoção de novas soluções tecnológicas por parte dos gestores e clientes.
Geração de empregos
Novos estabelecimentos geram empregos diretos e indiretos, impulsionando a retomada econômica, como dito anteriormente. Com o aumento da demanda por serviços de alimentação, mais chefs, garçons, gerentes, fornecedores e outros profissionais encontram oportunidades de trabalho. Como resultado, o setor foi um dos que mais geraram empregos no Brasil em 2022, sendo o campeão de primeiro emprego.
Competição e qualidade
A concorrência saudável é um dos motores de qualidade na indústria de alimentação fora do lar. Com novos concorrentes, negócios existentes são incentivados a melhorar seus produtos e serviços, buscando atender às expectativas dos clientes. Isso leva a uma melhoria geral na qualidade da oferta gastronômica, beneficiando os consumidores.
Ganho de eficiência
Durante a pandemia, diversas empresas aprenderam muito em ganho de eficiência e operação. Portanto, hoje, estão mais preparadas e podem expandir novos modelos e marcas. Empresas e marcas mais fortes e maduras geram ciclos mais sustentáveis de crescimento.
De modo geral, com a abertura de novos estabelecimentos, essa indústria vai gradualmente conquistando o seu espaço. Trata-se de uma recuperação para toda a cadeia do alimento, do campo e da indústria até a mesa do cliente. À medida que o setor se reergue e evolui, um futuro mais próspero e resiliente é vislumbrado para todo o ecossistema.
Fernando Blower é diretor-executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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