Como a digitalização da sociedade impacta a indústria de patrocínio esportivo

“A chegada de streamings de futebol no Brasil foi a mais disruptiva e revolucionária mudança para nós e chegou para ficar”, pontuou José Colagrossi, diretor-executivo do IBOPE Repucom, em sua palestra no evento Summit Sportlab. Durante a palestra, o profissional pontuou o que o empoderamento do usuário pode fazer grande diferença no consumo esportivo brasileiro, incluindo no mercado varejista do segmento.

Em dezembro, faz-se uma análise do que funcionou e do que pode melhorar em relação aos módulos de pesquisa e os esportes no mundo não fogem muito disso. No Brasil, em termos esportivos, houve: no futebol o Flamengo superou expectativas, no vôlei feminino, mostrou-se uma grande resiliência e, claro, o renascimento do basquete. Entre os aprendizados, concluiu-se que o digital é o grande veículo para o consumo.

Grandes marcas patrocinadoras já usam esse modelo para a venda. A Heineken, por exemplo, tornou-se uma das cervejas mais desejadas do mundo graças a isso. E o que causou essa revolução digital? O empoderamento do fã que, com certeza, mudou o consumo esportivo mundial.

Em uma retrospectiva, na qual a mídia formal era o rádio, a televisão, o jornal, a revista e não as mídias sociais, o máximo de reverberação que o consumidor tinha era enviar cartas para os veículos, ou seja, os consumidores eram passivos. Hoje, vivemos uma revolução política: o fã virou mídia. Ele informa, opina, protesta, critica e, com certeza, influência. Muitas decisões importantes são tomadas por meio do fã (demissão de técnicos, contratação de jogadores, entre outros).

Há um poder de escolha e de consumo. Ou seja, o mundo digital complementa o alcance dos veículos. Quando há transmissão do futebol por streaming, por exemplo, altera-se o consumo: 80% das pessoas assistiram a Champions League pelo celular ou tablet, enquanto e apenas 20% pelo computador ou televisão.

Isso aconteceu graças às infinitas possibilidades do mobile (entre as quais, aplicativos como Facebook, WhatsApp, Twitter). E, apesar da má qualidade e do valor da banda larga brasileira, os dispositivos portáteis tornam a experiência do usuário algo plural. Além disso, o fã esportivo brasileiro é conectado, jovem e vive em regiões metropolitanas com acesso à internet, o que torna tudo mais “fácil”.

Sobre os patrocinadores, é importante ressaltar que toda essa mudança é positiva, apesar de a tela pequena ser um grande desafio. O streaming chegou para ficar e, cada vez mais, esportes vão transmitir seus conteúdos por meio dele, embora não substituam a televisão (na medida que a interatividade, o engajamento e o alcance não estão presentes nas grandes telas). Torna-se necessário, porém, mudar o modelo de patrocínio esportivo, pois a visibilidade do mobile é diferente. É imprescindível modificar a estratégia pensando, também, na experiência de quem consome o conteúdo, o que é a grande chave do século XXI.

Imagem: Mateus Souto/R1

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