Mercedes-Benz vai produzir caminhões em turno único no ABC por até três meses

Os pedidos no primeiro trimestre caíram mais do que a montadora esperava

Mercedes-Benz vai produzir caminhões em turno único no ABC por até três meses

Caminhões no pátio da Mercedes-Benz do Brasil em São Bernardo do Campo.

A Mercedes-Benz iniciou conversas com o sindicato para reduzir a produção de caminhões de sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a um único turno durante dois ou três meses a partir de maio. Hoje, a linha funciona em dois turnos.

Os pedidos no primeiro trimestre caíram mais do que a montadora esperava, obrigando a Mercedes-Benz a segurar a produção. A empresa já tinha dado, na segunda-feira, 3, férias coletivas a 300 trabalhadores. Também reduziu a jornada semanal de trabalho a depender da necessidade de cada área.

Em nota, a montadora diz que já esperava uma redução do mercado em função da antecipação de compras antes do aperto dos limites de emissões na virada do ano, o que exigiu uma mudança de tecnologia que tornou os veículos de carga mais caros. Porém, a demanda se mostrou, desde janeiro, ainda menor do que a expectativa. A Mercedes aponta os juros elevados e as restrições de oferta de crédito como os motivos da redução de demanda.

O objetivo, conforme a Mercedes-Benz, é gerenciar a queda das encomendas sem demissões. Segundo o sindicato, a necessidade de reduzir o programa de produção deste ano foi comunicada aos trabalhadores em boletim interno.

“Estamos já em processo de negociação com a empresa para avaliar as medidas possíveis e necessárias. Vamos pensar os próximos passos e as alternativas para atravessar esse período”, comentou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva. Ele diz ser “urgente” a abertura de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiamento a taxas mais baixas dos bens de capital.

Volta de carros populares

O retorno da produção de carros populares – ou de entrada, como são chamados hoje – é um dos temas que o setor automotivo está levando ao governo Lula. Grupo liderado por montadoras, empresas de autopeças e concessionárias já manteve conversas com representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado por Geraldo Alckmin.

A justificativa atual é a redução das vendas de carros novos como consequência da queda do poder aquisitivo dos consumidores, dos juros elevados e crédito restrito e do alto custo dos modelos com maior índice de tecnologia e segurança – que têm seu público, mas em menor número entre os consumidores.

O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), José Andreta Júnior, afirmou que o setor precisa de escala; do contrário, não consegue gerar rentabilidade, o que poderia abrir as portas para demissões no setor. Estudo da consultoria S&P Global mostra que as montadoras operam com quase 40% de ociosidade.

Com informações de Estadão Conteúdo (Eduardo Laguna).
Imagem: Agência Brasil

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