Stranger Things não é uma exposição para ver elementos da série, mas um convite a protagonizar um dos maiores sucessos da Netflix. Como modelo de negócio, o evento traz lições inspiracionais sobre como colocar o público no centro da experiência. Sucesso por onde passou – Nova York, Los Angeles, São Francisco, Seattle, Atlanta, Toronto, Paris e Londres -, “Stranger Things: The Experience” chegou a São Paulo em 12 abril e ficará aberta à visitação, no estacionamento do Shopping Eldorado, na zona sul da capital, até julho.
A ambientação é seguida à risca e conta com a supervisão criteriosa da Netflix, afirma José Franco, CEO da Blast Entertainment. Para incluir a coxinha no cardápio do Mix-Tape, teve de pedir autorização à empresa, um vez que fugia do script.
A experiência começa quando o visitante recebe, aleatoriamente, uma pulseira colorida, disponível nas cores azul, amarelo e vermelho, e, a partir daí, é orientado a permanecer no grupo correspondente à ela. Uma recepcionista do Laboratório Nacional de Hawkins, em Indiana, recebe os participantes com algumas explicações sobre a visita até que a comunicação começa a falhar.
Não estamos mais no ambiente da exposição e, sim, no laboratório, em 1986, imersos na realidade fantástica de Stranger Things. Depois de descobrirmos nossos poderes, somos convidados a salvar Eleven, presa no Mundo Invertido. A convite dos organizadores, a MERCADO&CONSUMO conheceu a exposição.
Storytelling fluido e natural
A narrativa é bem construída e não se esperaria menos de um evento desenvolvido em parceria exclusiva com os criadores da série. Durante 45 minutos, os visitantes vão desde a recepção do laboratório, passando pela sala arco-íris, sala de comando, até uma sala escura em que os óculos 3D e tecnologia de ponta nos transportam para além da fronteira tríplice, entre o mundo real, a série e o Mundo Invertido. .
Os detalhes garantem a naturalidade do storytelling. Todos os elementos inseridos nas cenas correspondem à década em que a série foi ambientada. “Até as tomadas são iguaizinhas aos anos 80”, observou um visitante. As vozes dos atores que conduzem a experiência são dos dubladores oficiais de Stranger Things no Brasil. E a sincronia é absolutamente perfeita, assim como a reprodução do som, que torna o “playback” indistinguível da fala autoral.
As interações com os personagens contratados alternam com os protagonistas do laboratório, exibidos nas TVs de monitores de tubos de raios catódicos, chamados CRT, na sigla em inglês, característicos dos aparelhos da década. Nesta fase, os recursos utilizados de forma combinada tornam real o que acontece na ficção e na sala onde o público está inserido, como as rachaduras nas portas causadas pelos demogorgons, os monstros do seriado que atacam o laboratório.
Se o grupo tiver usado bem o seu poder, e salvado os moradores de Hawkins, a recompensa é desfrutar do Mix-Tape, um espaço que reúne praça de alimentação, diversão e compras, estilizado no retrô anos 80, marcadamente norte-americano, instagramável e o único lugar onde é permitido tirar fotos e gravar vídeos.
Ao som de uma playlist com os clássicos da década, o visitante pode consumir o sundae de caramelo da Scoops Ahoy, fatias de pizza da Surfer Boy Pizza e os coquetéis do bar temático. Como diversão, o desafio é bater o recorde de Mad Max no fliperama Palace Arcade. Para as compras, há um espaço com produtos exclusivos e originais de Stranger Things. Todos os serviços são cobrados à parte.
A narrativa flui sem ruídos até o final da experiência. Um dos exemplos do cuidado com a curadoria, é a inclusão do waffle na sorveteria, que não havia em outras exposições. José Franco insistiu para inserir o snack, já que uma das personagens é obcecada por ele. “Tinha que ter. Não é só um produto. O fã sabe da conexão do waffle. Quando ele vai lá e pode comer, passa a ser muito mais do que simplesmente uma refeição. É parte da experiência toda”, comenta.
“As pessoas não querem mais sair de casa só para ver alguma coisa. Querem levar alguma coisa, sentir alguma coisa, saber que estão imersas naquele contexto. E uma das grandes vantagens da exposição, que a gente quis mostrar para o fã, é que ele é parte integrante daquela história”, diz o CEO da Blast Entertainment.
Com uma equipe de criação trabalhando diariamente no aprimoramento da experiência, a organização do evento pretende ampliar a exposição. Uma das ideias é colocar uma festa temática dos anos 80 no Mix-Tape e fazer ativações com marcas alinhadas à experiência, mas as novidades ainda não estão confirmadas.
Montagem recebeu aval da Netflix
A Blast é a primeira empresa a conseguir terceirizar a exposição. Antes, a própria Netflix foi a realizadora. As conversas duraram cerca de 1 ano até a chegada ao Brasil. Segundo Franco, a montagem teve de ser validada pela plataforma de streaming para ser aberta. “Quando chegaram aqui, olharam para a exposição e falaram: ‘nossa, vocês cuidaram do nosso bebê melhor que a gente'”, destaca, com orgulho.
A exposição ocupa uma área de 2.500 m², cuja montagem levou mais de 3 meses para ser concluída. Equipes da Blast e Fever trabalharam no local, com cerca de 500 trabalhadores, em parceria com os colaboradores da Netflix, que vieram do exterior para cuidar da montagem.
Diferentemente de outros países por onde passou, a edição brasileira está instalada em uma tenda, como é chamado o espaço do estacionamento do Shopping Eldorado destinado a eventos. “Aqui, nós fizemos o chão e o teto, escondemos a tenda”, revela Franco, sobre os bastidores da montagem. O executivo também conta que todo fechamento foi feito com riqueza de detalhes para que não ficassem expostos elementos em geral que não fazem parte do cenário, como fios e tubulações. “Esse acabamento, essa preocupação, é um toque brasileiro”, descreve o CEO da Blast. Ele compara que tais cuidados não são significativos no exterior, porém, os fãs brasileiros são mais exigentes.
Realizada com as mesmas instalações e os mesmos cenários apresentados ao redor do mundo, a exposição é viabilizada por 100 pessoas, que trabalham todos os dias, entre as quais, 20 atores. As 500 toneladas de material cenográfico foram transportadas para o Brasil de navio, em 42 contêineres, pelo Porto de Santos, no litoral paulista.
“Stranger Things: The Experience oferece aos fãs da série da Netflix uma aventura sem igual, na pele dos heróis e heroínas de uma história inédita, para ajudar Onze, Mike e todo o grupo a derrotar as forças do mal que ameaçam destruir Hawkins”, diz Greg Lombardo, chefe de experiências da Netflix, em comunicado à imprensa. “Os fãs adoram mergulhar nesse universo quando assistem à série. Agora, podem vivenciar um episódio de Stranger Things nesta oportunidade imperdível”, recomenda.
Shopping é lugar de experiência
Os shopping centers tornam-se, cada vez mais, espaços de conexão e experiência, como vem observando o colunista da MERCADO&CONSUMO e sócio-diretor da Gouvêa Malls, Luiz Alberto Marinho.
“Há shoppings que fazem eventos para estender o tempo de permanência dos seus frequentadores. Ou para atrair pessoas da vizinhança. O tipo de evento mais valioso, porém, e também mais raro, é aquele capaz de fazer com que pessoas saiam de longe e venham ao shopping apenas para participar de uma experiência única. Esse é o caso do evento Stranger Things, no Eldorado”, afirma Marinho.
Segundo o executivo, “shoppings, como o Eldorado, são bons locais para os promotores de eventos. Não apenas pela estrutura que oferecem, como estacionamento e segurança, mas também pela localização e público que já está acostumado a frequentar o local”.
Para a organização do evento, a logística fácil e acessível é o primeiro ponto a ser observado na decisão do local, para que o visitante possa chegar e voltar para casa da forma como for mais conveniente e segura para ele. “A Blast acredita que a experiência deva começar no momento em que você decide comprar o ingresso até voltar para casa”, diz Franco. Sobre a escolha do Eldorado, destaca: “É nosso parceiro de longa data”.
Bettina Quinteiro, superintendente do Shopping Eldorado, ressalta que os eventos inéditos, a exemplo de Stranger Things, são parte crucial da estratégia de negócios do mall. “Não só atraem um grande fluxo de pessoas, mas também proporcionam uma experiência única aos nossos clientes”, diz Bettina.
“A consolidação da imagem do shopping como um local de entretenimento e lazer, não apenas de compras, torna-se essencial em um mercado tão competitivo, e isso nós fazemos de melhor. A diferenciação é a chave para atrair e fidelizar os clientes, e é isso que destaca o Shopping Eldorado como um destino completo e diversificado. A busca pela excelência na experiência do consumidor permanece como foco principal do shopping”, conclui a executiva.
Informações sobre a exposição
Stranger Things: The Experience está em exposição no estacionamento do Shopping Eldorado, de terça a domingo. A experiência imersiva dura 45 minutos, sendo recomendada a maiores de 12 anos. Crianças com menos de 12 anos devem ser acompanhadas por um adulto responsável. Os ingressos custam a partir de R$ 42,50 (meia-entrada). Vale a pena conferir as promoções disponíveis no site antes da compra.
Imagens: MERCADO&CONSUMO