Não é novidade que ser uma marca com responsabilidade social faz bem tanto para o mundo, quanto para o caixa da empresa. Há inúmeras pesquisas que mostram o perfil de um consumidor mais interessado no impacto dos produtos que ele compra. Mas é importante lembrar que esse mesmo público que está comprando das marcas é o que ocupa os postos de trabalho. O mesmo critério que usam para consumir um produto, muitas vezes é a base de sua escolha na hora de aceitar um emprego.
De acordo com o Barômetro de Confiança de 2021, da Edelman, 6 em cada 10 funcionários escolhem seu empregador com base em valores e crenças. A geração dos millennials, que é a principal força de trabalho hoje, tem forte ligação com o propósito no trabalho. Eles são altamente motivados a melhorar o mundo e isso pode superar, inclusive, a ideia de prestígio profissional ou remuneração elevada.
Por causa disso, muitas empresas têm aprofundado suas ações de impacto positivo, seja na construção de um ambiente diverso e com igualdade de oportunidades, seja escolhendo causas para apoiar de forma institucional. Cada vez mais, elas enxergam esse posicionamento como um diferencial de atração e retenção de talentos e estampam isso em seus processos seletivos, onboardings e no dia a dia da organização.
O resultado é satisfação e engajamento, como mostra a pesquisa Business Case For Purpose, da Harvard Business Review, em que 89% dos executivos disseram que um forte senso de propósito coletivo impulsiona a satisfação dos funcionários. Já na pesquisa Propósito sob pressão, de Carol Cone On Purpose, 91% dos colaboradores entrevistados afirmam que o propósito da sua empresa os faz sentir que estão no lugar certo.
Mas, essa geração que admira as empresas com responsabilidade social também quer fazer parte desse impacto. Mais que apenas trabalhar numa empresa “do bem”, elas querem participar das causas. Entendendo isso, grandes empresas como o Grupo GPA, Ambev, C&A e B3 – só para citar algumas – têm investido em programas de voluntariado, que chamam seus colaboradores a serem parte da transformação social.
E isso faz toda a diferença. De novo, para o mundo e para a empresa. O estudo da Benevity, realizado em 2018, mostrou que a rotatividade caiu 57% entre os funcionários ligados aos esforços de doação e voluntariado das suas empresas. É que doar – seja dinheiro, objetos ou tempo – faz bem também a quem doa. Um estudo recente da professora Ashley W., da Harvard Business School, provou que o ato de doar aumenta a felicidade das pessoas e gera um efeito contagioso de “cascata de doação”.
É verdade que gerar impacto positivo, por si só, é a principal justificativa para as empresas usarem sua operação para melhorar o mundo. Mas, não há como negar que se tornar uma marca desejável para essa nova geração de talentos também é um bom motivo para começar a planejar ações estruturadas de transformação social. Quem sabe a opção “gerar impacto positivo para o mundo” não ganha um espacinho na lista de “benefícios” oferecidos pelo RH da sua empresa?
Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi são cofundadores do Grupo MOL, ecossistema de negócios sociais que promove a cultura de doação.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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