Tombo nas vendas no varejo deve ter impacto no PIB de 2021 e 2022

Após quatro taxas positivas, volume de vendas caiu 3,1% em agosto

Tombo nas vendas no varejo deve ter impacto no PIB

O volume de vendas no varejo recuou 3,1% em agosto, na comparação com o mês anterior, segundo Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa foi a primeira queda do setor após quatro taxas positivas consecutivas e veio muito pior do que as estimativas do mercado financeiro, que esperavam alta de 0,7%.

“A leitura preliminar dos dados é muito ruim e devemos rever o PIB de 2021 e 2022 para baixo”, afirma André Perfeito, economista-chefe da corretora de valores Necton.

Para o especialista, a mistura de inflação persistente com atividade fraca irá jogar ainda mais pressão sobre a economia. “Haverá mais pressão para a classe política tentar ‘fazer algo’, o que pode gerar ruídos ao longo dos próximos dias. Isso torna a dinâmica se torna mais desafiadora”, diz.

No ano, o comércio varejista acumula alta de 5,1%, com crescimento de 5% nos últimos 12 meses. Das oito atividades pesquisadas, seis tiveram resultado negativo. Apenas tecidos, vestuário e calçados (1,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,2%) tiveram variação positiva.

No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas recuou 2,5% em agosto. A atividade de veículos, motos, partes e peças registrou variação de 0,7%.

Inflação impacta venda de alimentos

A disparada da inflação, que fez subirem os preços dos alimentos, teve forte impacto no setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com recuo de 4,6% frente a agosto de 2020. Essa foi a sétima taxa negativa consecutiva nessa comparação.

Já o setor de material de construção, que não foi tão impactado pela pandemia, teve sua segunda taxa negativa após 13 meses, com queda de 7,1% em relação a agosto de 2020. O acumulado no ano até agosto (12,8%) mostra diminuição no ritmo de vendas frente a julho (16,6%). O acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de 19,1% em julho para 15,9% em agosto, também desacelerou.

Imagem: ShutterStock

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