Desde que conheci a iniciativa do Dia de Doar, apostei que este seria um movimento grande, com potencial para seguir os passos do Outubro Rosa: uma data que inspira a criação de campanhas independentes por parte de organizações e empresas, o que inclui ativações pop como iluminação de monumentos e produtos especiais na cor rosa, com adaptação livre e de amplo conhecimento da população.
Para quem não conhece, o Dia de Doar é inspirado no movimento mundial #GivingTuesday, que nos convida a refletir sobre o impacto positivo da doação, seja de tempo, recursos ou habilidades, contribuindo para uma sociedade mais solidária e justa. O evento ocorre todos os anos na terça-feira após o Dia de Ação de Graças, ou, mais fácil de entender, logo após a Black Friday. Em 2024, será no dia 3 de dezembro.
Passados 11 anos desde a primeira edição no Brasil, a data foi reconhecida no calendário de 51 municípios brasileiros, com campanhas comunitárias que mobilizam cidades e até estados inteiros. Inúmeras ONGs abraçam a ocasião e produzem materiais personalizados para alavancar suas doações. A campanha #DiaDeDoar conta com o apoio de influenciadores e celebridades do calibre de Ivete Sangalo e Tiago Leifert.
São feitos incríveis, que merecem ser celebrados. Ainda assim, sinto que o potencial do Dia de Doar não foi plenamente alcançado, e o principal fator para isso é a falta de engajamento de grandes marcas com a data. Espremido entre a Black Friday e o Natal, nem sempre ele encontra terreno fértil para entrar no calendário de ativações do ano. Num País em que a cultura de doação ainda encontra muitas barreiras, também é ativamente preterido pela falta de familiaridade com o papo de impacto social.
É preciso apostar na generosidade como forma de transformar nossa sociedade — e isso requer a ação de todos, mas principalmente daqueles que acessam uma grande audiência e dispõem de bolsos polpudos para ações de marketing e comunicação.
Para quem já está pensando no planejamento de 2025, deixo o convite para incluir o Dia de Doar em seu radar. Aposte em um movimento consolidado e se engaje em conversas mais do que necessárias sobre o poder da sociedade civil em construir o país em que queremos viver.
Roberta Faria é CEO da MOL Impacto.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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