O universo dos games deixou de ser apenas uma forma de entretenimento e tornou-se um ecossistema robusto, com potencial para transformar negócios e criar conexões profundas entre marcas e consumidores. Essa foi a principal conclusão do painel “Os negócios dentro dos games e os games dentro dos negócios”, realizado no CCXP Unlock, evento anterior à CCXP, focado em negócios do entretenimento, que aconteceu entre os dias 3 e 4 de dezembro, no São Paulo Expo.
Especialistas do setor destacaram como as marcas podem se posicionar de maneira autêntica nesse mercado, marcado por paixão e engajamento da comunidade gamer.
Fábio Nahoum, diretor de Marketing da Claro Brasil, enfatizou o crescimento do setor e a importância de se comunicar com o público nos espaços em que ele interage. Para ele, os games são agora um ambiente social e cultural. “A comunicação feita nesse universo, combinada com ações de streamers, tem uma performance muito maior do que as campanhas tradicionais”, afirmou.
Thiago Leifert, que mediou a conversa, ressaltou que a paixão é a força que une as comunidades de gamers, mas alertou sobre os desafios que as marcas enfrentam ao entrar nesse mercado. “O jogador tem um radar para oportunismo muito forte. Se percebe que a marca está só tentando se aproveitar, sem genuinidade, ela é rejeitada imediatamente”, explicou.
Esse entendimento foi reforçado por Roberta Coelho, CEO do MIBR, um dos maiores times de eSports do Brasil. Ela afirmou que as marcas precisam investir diretamente na comunidade e não apenas nos times. “Nosso maior desafio é mostrar para as marcas que elas estão patrocinando uma base de fãs, não apenas o MIBR. Quando isso é feito, o impacto é gigantesco, porque o conteúdo que produzimos passa a refletir os desejos e as necessidades desse público”, disse.
Diego Martinez, gerente-geral da Riot Games, destacou a necessidade de escuta ativa para compreender a comunidade. Segundo ele, os jogadores esperam mais do que jogos, buscando experiências em eventos presenciais e digitais. “É fundamental oferecer múltiplos pontos de contato que envolvam o público”, comentou.
Já Letícia Monteiro, sócia e Chief e-Sports Officer na Omelete Company, apontou que a relação entre influenciadores e suas audiências vai além do conteúdo. “Streamers como Gaulês e Baiano são a própria comunidade. Eles vivem as mesmas emoções de seus seguidores, e é isso que torna a conexão tão forte. Quando uma marca entra nesse universo, ela precisa trazer benefícios reais para os fãs. Só assim ela agrega valor e credibilidade”, afirmou.
Os especialistas concordaram que o mercado gamer é uma oportunidade crescente, mas exige respeito, paixão e autenticidade para se conectar com o público. Como concluiu Roberta Coelho, “quem entende essa dinâmica constrói um legado”.
Imagem: Mercado&Consumo