Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral e Eduardo Yamashita, COO, ambos do Grupo GS& Gouvêa de Souza, fizeram a apresentação “A evolução do varejo de 2000 a 2025 – De onde viemos e para onde vamos” sobre o panorama do varejo e os possíveis caminhos que o setor deverá seguir nos próximos anos.
Em 1948 a Sears abriu a primeira unidade no Brasil. Nos anos 1960, o primeiro shopping foi aberto. Nessa época, o varejo ainda era dominado por grupos familiares. O movimento atual que estamos vivendo ainda era incipiente. A maior aceleração do varejo aconteceu nos últimos 20 anos.
O PIB em 2000 era de 4,6 bilhões e hoje é de 7,9. A quantidade de lojas por 100 mil habitantes passou de 7 para 14, além disso, a informalidade diminuiu. “Por outro lado, apenas pouco mais de 3% das vendas do varejo brasileiro acontecem no meio online”, disse Yamashita.
De 2000 a 2009 a expansão do varejo aconteceu de forma mais forte. “Foi um período em que os grupos financeiros, pela expectativa de manutenção do consumo vieram para o Brasil. também acontecerão fusões e aquisições para ajudar neste crescimento. O comércio eletrônico começou e enfrentou a bolha da internet, que atrasou o processo de digitalização aqui”, resumiu Gouvêa.
De 2010 até hoje, aconteceu a expansão multicanal, a chegada do omniconsumidor empoderado e a maior consolidação do varejo. “Por outro lado, grupos internacionais deixaram o Brasil porque tiveram dificuldades em manter seu modelo de atuação aqui e decidiram sair do país”, explicou Gouvêa.
No ano passado encerramos o ciclo – da que foi talvez – a maior recessão da história brasileira. As empresas se tornaram mais eficientes e produtivas, devido às mudanças pelas quais tiveram que passar para enfrentar a crise. “Novas tecnologias de VR e AR, além das de voz estão se desenvolvendo e vindo para o varejo”, disse Marcos Gouvêa.
“A área de Material de Construção deverá ser marcada por fusões, marcas próprias e pelo uso de realidade virtual e realidade aumentada”, disse Caio Camargo, sócio-diretor da GS&UP.
Já os segmentos de Farmácia e a Saúde deverão ser marcados pela consolidação do mercado, crescimento de marcas próprias. “Além disso, nossa legislação tenderá a ser mais flexível, permitindo que novas categorias sejam comercializadas nestes locais”, esclareceu Alexandre van Beeck, sócio-diretor da GS&Consult.
Moda & Vestuário são marcadas pela preocupação com sustentabilidade que cresce entre os consumidores. “A tecnologia deverá crescer também. É quase como se tivéssemos um smartwatch acoplado às nossas roupas. Elas serão adaptáveis à temperatura e poderão ajudar em deficiências e a evitar ataques cardíacos, por exemplo”, disse Sandra Hayashida, sócia-diretora da GS&Digital.
Em Alimentos e Conveniência deverão surgir novos formatos, com lojas menores. A experiência e a conveniência deverão se manter e crescer, estando fortemente aliadas ao digital, com delivery, pick up in store e outras modalidades que facilitam as compras para os consumidores.
No setor de Foodservice, a alimentação fora de casa deve crescer. Robôs farão parte do dia a dia dos restaurantes, trazendo praticidade. “Cerca de 30% da população brasileira será vegetariana. Existem controvérsias quanto ao número, já que os hábitos tendem a variar, mas esta é uma tendência”, disse Cristina Souza, diretora-executiva da GS&Libbra.
Os automóveis autônomos devem crescer, assim como o compartilhamento. “Todas estas mudanças obrigarão as montadoras a rever seus modelos de negócio. Os modelos de aluguel são um dos possíveis caminhos”, disse Fabiana Mendes, sócia-diretora da GS&Friedman.
“As indústrias estão cada vez mais presentes no varejo e tendem a expandir por meio do franchising. As marcas que atuam pelo modelo tendem a crescer”, disse Lyanna Bittencourt, sócia-diretora da Bittencourt.
“O e-commerce deve crescer, chegando a 80 e 85% do faturamento dos negócios, tamanha a sua importância”, disse Caio. A alimentação deverá ser o negócio chefe do online.
As Vendas Diretas também receberão a influência do digital. “Novas categorias deverão entrar neste negócio, mas a área de beleza deverá continuar predominando”, disse Janice Mendes, diretora da GS&Malls.
“Cerca de 80% dos novos shoppings centers deverão ser de uso misto, com hotéis, escritórios, etc. A área de Alimentação deverá crescer também, em uma tendência que já pode ser notada hoje”, disse Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&Malls.
Marcos trouxe algumas projeções para o varejo até 2025. O setor deve crescer internacionalmente, devido ao acirramento da concorrência interna. A informalidade deve diminuir e o digital deve crescer, chegando a 8 ou 9%, se mantendo ainda baixo em relação ao resto do mundo, mas acima dos atuais 3,5%. Além disso, os fornecedores com canais exclusivos para o varejo devem crescer e as lojas nascidas digitais devem implantar plataformas omnichannel.
Nos próximos seis anos, os pagamentos digitais devem crescer ainda mais, as realidades aumentada e virtual devem ajudar o e-commerce a recuperar a rentabilidade. As marcas próprias continuarão a trajetória de crescimento. Empresas internacionais também aumentarão suas participações no mercado brasileiro e a quantidade de empresas de capital aberto deve crescer.
* Imagem: Rodrigo Augusto