Muito se fala no varejo sobre as novas gerações, como a geração Z (15 a 29 anos) e, mais recentemente, a Alpha (abaixo dos 14 anos). No entanto, há um público que concentra grande parte do poder de compra e do tempo disponível para consumir: o consumidor sênior, especialmente a geração X (de 45 a 64 anos) e os Baby Boomers (acima dos 65 anos). São eles que, muitas vezes, possuem estabilidade financeira, hábitos de consumo consolidados e uma disposição maior para investir em qualidade, conforto e conveniência. Ainda assim, o varejo parece não dedicar a devida atenção a esse segmento, desperdiçando oportunidades valiosas de crescimento e fidelização.
O impacto econômico desse público é expressivo. No Brasil, o público sênior representa uma parcela crescente da população e concentra uma fatia relevante da renda familiar. São consumidores que valorizam boas experiências, produtos de qualidade e atendimento diferenciado, além de apresentarem um alto índice de fidelidade às marcas que atendem bem às suas necessidades. Ainda assim, muitas estratégias de marketing e inovação continuam voltadas apenas para os consumidores mais jovens, ignorando esse grupo altamente relevante. As empresas que entenderem melhor esse público e ajustarem suas ofertas podem se destacar no mercado.
Para atrair e fidelizar esses consumidores, o varejo precisa proporcionar uma experiência de compra mais acessível e confortável. Lojas com corredores amplos, assentos para descanso, carrinhos ergonômicos e etiquetas com letras maiores são medidas simples, mas que fazem toda a diferença no dia a dia. O atendimento também precisa ser repensado, com equipes treinadas para um contato mais paciente e personalizado, criando um vínculo mais forte com o cliente sênior. Além disso, programas de fidelidade podem oferecer benefícios reais, como descontos específicos, prioridade no atendimento e entregas facilitadas, já que isso torna a relação com a marca ainda mais atrativa.
Embora exista o mito de que consumidores mais velhos não usam tecnologia, o público sênior está cada vez mais digital. Criar plataformas intuitivas, com botões maiores e navegação simplificada, incentiva a adesão ao e-commerce e a soluções digitais. Da mesma forma, a escolha do sortimento pode influenciar diretamente a recorrência das compras. Nos supermercados, por exemplo, oferecer produtos saudáveis, funcionais e adaptados às necessidades dessa faixa etária, como suplementos e vitaminas, fortalece a conexão com esse público e gera novas oportunidades de venda.
Por fim, o envelhecimento da população não é uma tendência passageira – é um movimento global. As empresas que souberem antecipar essas mudanças e adaptar sua comunicação, produtos e serviços terão uma vantagem competitiva expressiva. Mais do que continuar investindo apenas nas gerações mais jovens, o varejo precisa equilibrar suas estratégias e valorizar quem já tem um histórico de consumo consolidado e um grande poder aquisitivo. O futuro do consumo passa, sem dúvidas, pelo público sênior.
Fernanda Dalben é diretora de Marketing da rede de Supermercados Dalben.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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