Amcham: 90% dos empresários pedem foco na política econômica contra ano difícil

Receio refere-se também ao fator inflação e ao sobe e desce do câmbio

Amcham: 90% dos empresários querem que governo priorize a política econômica contra 'ano difícil'

Pesquisa Plano de Voo 2025, divulgada na segunda-feira, 7, pela American Chamber of Commerce (Amcham), e conduzida entre 16 de dezembro de 2024 e 21 de janeiro de 2025, mostra um cenário de sentimentos contraditórios nas lideranças empresariais. Por um lado, 92% esperam aumento de faturamento, sendo que 36% deles apostam em altas superiores a 15%. Por outro lado, 77% temem os reflexos da elevação das taxas de juros e dois a cada três citam o desequilíbrio fiscal e a inflação alta como pontos preocupantes. De certo mesmo, uma quase unanimidade: nove a cada dez empresários afirmam que o governo deveria priorizar a política econômica. O levantamento foi feito no país com 775 CEOs, sócios e diretores de médias e grandes empresas.

“A expectativa de crescimento dos negócios em 2025 está permeada por grande preocupação com os fundamentos da economia brasileira”, afirmou Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil. O crescimento previsto para a economia em 2025 é de 2,3% (previsão do governo) e de 2,01% (projeção do mercado de acordo com o mais recente Focus). Mesmo com a economia em desaceleração, o que deve salvar o ano é o Agro. Indústria e Serviços também devem crescer, mas em um patamar inferior ao visto em 2024. Em termos estruturais, a Reforma Tributária não é ainda vista como uma agenda positiva. Apenas 14% a consideram boa. Paras quatro a cada cinco empresários, ela é ruim (30%) ou regular (50%).

Além dos fatores internos, elementos externos também devem impactar a economia brasileira ao longo do ano. Os entrevistados citaram como principais influências nesse campo a nova política econômica do governo dos EUA sob Donald Trump (60%) e disputas geopolíticas (58%). Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander, disse que o país de Trump deve caminhar sobre alguns eixos principais, como o aumento de tarifas e a deportação de imigrantes (redução do fluxo migratório). Diante de tantos movimentos, Ana questiona: será que o Fed conseguirá manter o ciclo de baixa de juros?

Fernando Honorato Barbosa, economista-chefe do Bradesco, observa que o presidente americano tem se mostrado mais protecionista que negocial, diferentemente do que era esperado por muitos que estiveram em Davos, em janeiro, para o Fórum Econômico Mundial. “O Brasil é um país que tarifa demais e o risco está na reciprocidade e em pagar tarifas similares”, disse – segundo a Amcham, a média brasileira de tarifa para os EUA é de 14%, e o contrário é de 4%.

Honorato disse ainda que falta uma âncora sólida para o Brasil manter os preços dos ativos. “Sem essa âncora, o que ocorre são desdobramentos como o do dólar, que foi de R$ 6,25 para R$ 5,70”, disse. O que dificulta, na visão dele, o trabalho do Banco Central. Ele ainda considerou que pelos modelos e pela lógica, o câmbio está mais perto de R$ 5 que dos R$ 6. “Se o Brasil tiver perspectiva de ajuste fiscal, podemos apostar em níveis históricos médios”, afirmou. “Agora, se a gente não avançar nisso, há risco de o câmbio real apreciar.” No curto prazo (fim de 2025), a projeção do Bradesco é de R$ 6, a mesmo do Relatório Focus.

Com informações de Agência DCNews
Imagem: Shutterstock

 

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