A sigla pode não ser tão conhecida, mas com certeza você já se deparou com uma dessas empresas. As “Digital Native Virtual Brands” ou “nativas digitais” são aquelas empresas, geralmente indústrias, que escolheram o canal digital para operar sua estratégia de Direct to Consumer, ou seja, o canal direto ao consumidor final.
E o que elas têm de especial? Um jeito de ser e cultura bastante próprios. Para começar, elas focam na sustentabilidade e na responsabilidade social. Já nascem com uma consciência ambiental, social e de impacto econômico que muitas das empresas ainda estão lutando para adquirir. Como forma de expressar isso, programas de recompra e reforma de itens, reciclagem e reuso são parte do seus processos.
Ao mesmo tempo que focam nesses pontos, valorizam a cadeia produtiva, se apegando às origens de seus insumos e respeitando cada elo dessa cadeia. Com isso, acabam por contar belas histórias. O storytelling faz parte de suas estratégias de Marketing, pois sua forma genuína de fazer acontecer por si só atrai a atenção e engaja os consumidores. Isso tudo como resultado de um propósito e uma razão de existir muito claros.
Como exemplo, a Ugly, uma marca de bebidas carbonatadas sem ingredientes artificiais. Super irreverente e que busca a quebra do status quo, pois foi criada com o propósito de quebrar “a verdade feia” em um mundo de notícias falsas e ingredientes artificiais e busca promover o bem social. A cada bebida vendida, eles doam uma parcela para entidades que buscam reduzir a desigualdade de gênero e a conservação dos oceanos. Ou ainda a Soylent, que tem o propósito de “descomplicar o que é complicado” Eles prometem nutrição em uma garrafa. Por meio de produtos baseados em soja, garantem que seus produtos substituem uma refeição completa – em diferentes formatos e de forma funcional.
Os exemplos acima já mostram como essas marcas também buscam alavancar negócios disruptivos. Como é o caso da Rent the Runaway, que tem como modelo de negócio a assinatura de roupas. Ou seja, por um período você recebe em casa algumas roupas, usa e depois devolve, recebendo novas em seguida. Ou ainda a Peloton, que é uma assinatura de streaming de aulas de ginástica – ou vivo ou sob demanda -, tudo isso associado à venda de produtos como esteiras e bicicletas.
Como no caso da Peloton, o conteúdo é rei. A produção de conteúdo está na essência dessas marcas, como forma de se aproximar e engajar consumidores. As redes sociais são sua principal forma de divulgação e nelas contam histórias, trazem depoimentos e mostram como podem ajudar a solucionar problemas e dores da sua audiência. É tudo pensado em como o consumidor vai receber a mensagem e se conectar com ela. Afinal, também são maníacos pela experiência do consumidor – reviews, avaliações e recomendações fazem parte do negócio como forma de obter insights, melhorar a experiência e fornecer um atendimento personalizado.
E o atendimento personalizado vai além de chamar pelo primeiro nome. É uma estratégia 100% centrada em dados e amparada por tecnologia para se relacionar com o consumidor durante toda a sua jornada e em todos os pontos de contato de forma a oferecer sempre solução e experiência. É fazer com que o cliente sinta que a empresa o conhece tão bem que consegue antecipar suas necessidades antes mesmo que ele perceba.
Como mentalidade, as nativas digitais sabem que precisam realmente abraçar as mudanças do ambiente e das necessidades de conexão e experiências. Elas investem em tecnologia e estão sempre na vanguarda. E, como resultado, alavancam seu negócio. Muitas participam de rodadas de investimento e acabam por crescer de forma exponencial, alcançando e ultrapassando muitas empresas tradicionais do mercado.
Se você olha para tudo e pensa “isso não é pra mim”, saiba que está perdendo tempo. Porque isso é o que o consumidor espera e, se você quer se conectar com ele, é isso que sua empresa precisa fazer.
O Grupo Bittencourt tem auxiliado diversas empresas a adotarem essa mentalidade em seus negócios, identificando oportunidades não atendidas e redesenhando modelos de negócios de forma disruptiva. Se precisar de ajuda nesse processo, conte com a gente!
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo