A venda em marketplaces, o uso das redes sociais e o investimento de programas de fidelidade estão entre as maiores tendências do setor de brinquedos em 2023 no Brasil. Esses temas foram debatidos em painéis do Abrin Talks, durante a 39ª edição da Feira Internacional de Brinquedos, maior evento do setor de brinquedos da América Latina. A feira é realizada em São Paulo nesta semana pela Francal em parceria com a parceria com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).
A ampliação dos canais de vendas dentro dos marketplaces é um diferencial citado pelo gerente de publicidade do Mercado Livre para a América Latina, Rafael Aulicino, e pela gerente corporativa de Marketplace do Magazine Luiza, Mariana Castriota.
Atualmente, o Brasil tem 6 milhões de estabelecimentos que vendem brinquedos para o consumidor final, mas apenas 12% dessas lojas estão no ambiente digital. Para Mariana, o momento para digitalizar as marcas e se relacionar com a nova geração de compradores é agora.
“O e-commerce é um caminho sem volta, mas, assim como qualquer outro tipo de movimento, requer planejamento e treinamento para garantir assertividade”, comenta. Para ela, um dos segredos do sucesso para as marcas nas vendas online é nunca perder a própria identidade e apostar em estratégias e ações para driblar a falta de contato pessoal. “É preciso passar uma experiência de consumo ao comprador. Isso pode ser feito com uma embalagem bem-feita, entregar no prazo acordado, redigir uma cartinha, entre outras práticas. Quando a gente conecta o consumidor com a experiência, ele se sente mais próximo da marca.”
Rafael Aulicino, do Mercado Livre, também destaca a importância do planejamento quando o assunto é marketplace. “É preciso saber, com clareza, qual é o seu objetivo dentro dele, investir em pesquisas de mercado, identificar os seus competidores e como eles atuam.” Ele alertou que é possível estar no comércio virtual com baixo orçamento, desde que a estratégia seja bem desenhada. “É preciso entender quais são os produtos que deseja lançar e quais possuem maior margem de vendas. Neste ponto, é importante acompanhar o que está em alta entre o público que se pretende alcançar – as crianças, no caso do setor de brinquedos. A internet é uma ótima fonte para identificar o que faz sucesso com a garotada”, analisa.
Redes sociais como vitrine
As redes sociais hoje são uma grande vitrine para o setor de brinquedos, e esse assunto também foi tema do Abrin Talks. O business development do TikTok, Eduardo Nascimento, defende o uso da rede como uma ferramenta para humanizar as marcas.
“Seja humano e racional, mostre os bastidores, compartilhe momentos do dia a dia e desbloqueie um diálogo criativo. Tudo isso humaniza a marca e mostra que a mesma é feita por pessoas de verdade. É a abertura de um diálogo com os público-alvo”, destaca. Ele também sugere a parceria com criadores de conteúdo para expandir a audiência e empoderar a comunidade.
O head de Marketing da Buzzmonitor, Vinícius Ávila, concorda. “Ao identificar as trends, é preciso pensar sobre como conectar sua marca à tais tendências. Cada rede social possui características específicas. Ou seja, é preciso criar conteúdo voltado para cada audiência.”
Ele ressalta que o cliente está em todas as plataformas e quer atendimento simples, rápido e eficiente. “Isso acontece antes da própria jornada de compra. É preciso estar preparado para receber o tráfego em todas as redes”, conclui Ávila.
A especialista de Projetos de Criação e Marketing do Grupo Ri Happy, Caroline Rosa, concorda que as redes sociais devem ser encaradas como uma grande vitrine para as marcas e lojas. Ela diz que as lojas podem, por exemplo, usar páginas e perfis oficiais, como o SAC, para divulgar campanhas nas quais estão engajadas, promover programações e ativações nos pontos físicos.
Fidelização de clientes
Mesmo com a aceleração digital causada pela pandemia, a loja física ainda representa 80% das vendas no varejo, sinaliza o gerente de vendas da Oto, Anderson Tomaszewsk. Não é diferente no setor de brinquedos.
Segundo o executivo, o custo para adquirir novos clientes pode ser até sete vezes maior do que o da fidelização daqueles que já frequentam o estabelecimento. Assim, não basta captar dados – é necessário saber como trabalhar com eles de forma mais assertiva. “A rentabilidade do varejista está mais ligada à segunda venda. Estamos falando de fidelização”, complementou.
Para a gerente geral Growth, Marketing e Benefícios do PagBank, Aline Abreu, investir em programas de fidelidade é importante porque a empresa quer ser a primeira opção para uma nova compra do cliente. Ela revela que 72% dos brasileiros preferem fazer compras com empresas que oferecem programas de fidelidade, 78% dizem que esses programas ajudam a economizar, 56% possuem dois ou mais programas de fidelidade e 9 entre cada 10 entrevistados realizaram algum tipo de resgate nos últimos meses, sendo o cashback o mais citado.
A executiva ainda compartilhou os principais erros nos programas de fidelidade, como falta de relevância, falta de personalização, dificuldade de resgate, regras de difícil compreensão e tempo longo entre acúmulo e resgate.
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