No franchising, treinar é preciso

Por Claudia Bittencourt*

Antes de falar em treinamento, vale uma reflexão sobre a responsabilidade do franqueador em relação à rede de franquias. A partir do momento em que o empresário decide por expandir o seu negócio utilizando o franchising, ele gera responsabilidades: primeiro, em relação à permanência desse negócio no mercado, com um desafio muito grande que é o de manter os produtos ou os serviços competitivos além da necessidade de se tornar um inovador permanente, líder e motivador junto aos franqueados . Em segundo lugar, ele gera uma responsabilidade social muito grande, uma vez que atrai empreendedores para investir na franquia que via de regra aplicaram suas economias de uma vida toda, ou, se desfizeram de um bem acreditando no futuro e na rentabilidade desse negócio para o sustento de sua família.

Levando em consideração estes aspectos da responsabilidade e associando-os à essência do sistema de franquias, treinar os franqueados é preciso. É uma obrigação e não apenas um dos itens da lista de suporte que os franqueadores oferecem como diferenciais na sua rede: vai além. A corresponsabilidade do franqueador com o sucesso do franqueado é óbvia, transcende a qualquer aspecto legal constante ou não na circular de oferta de franquia.

Lançar uma rede de franquias no mercado e não cumprir com o papel de educador, orientador, instrutor, consultor ou qualquer outro nome que signifique ensinar o caminho das pedras, é um risco para o próprio negócio e para a marca. Não fazer bem feito desde o início, é correr o risco de ter problemas que custarão caro para o franqueador mais adiante.

Percebe-se que os franqueadores e os potenciais franqueadores sabem exatamente o que devem fazer para ter uma rede de sucesso, porém, o problema não está no fato de conhecer ou não, e, sim, na ação. Falta a conscientização de que determinados aspectos da gestão de uma rede de franquias (o treinamento por exemplo), é tão vital para o franqueados que pode representar o sucesso ou o fracasso desse parceiro e, além disso, franqueados insatisfeitos na rede emperram o processo de expansão. Um candidato a franquia que conversa com um desses franqueados pensará duas vezes antes de fazer o investimento na marca em questão.

Sabe-se, entretanto, que muitas vezes o problema está no próprio franqueado que não vai aos treinamentos, não tem perfil, está desmotivado com o negócio, não tem garra entre outros pontos. Geralmente, existe motivos para esses tipos de comportamentos, um deles pode ser seleção errada desse parceiro ou a falta de liderança do franqueador.

Portanto, para o franqueador desenvolver uma rede de sucesso, precisa cuidar desde o início, ainda na formatação do negócio, em desenvolver ferramentas para o treinamento, reciclagem e avaliação da performance dos franqueados. Além das ferramentas, capacitar profissionais internamente, ou terceirizar, para replicar o modelo de sucesso por meio dessas ferramentas. Um manual pode ser “ouro” nas mãos de franqueados bem treinados ou “lixo” nas mãos de franqueados não capacitados para utilizá-los como uma ferramenta de orientação no seu dia a dia.

Percebe-se que não é tão simples assim, não são apenas a circular de oferta de franquia, o contrato ou os manuais que vão fazer com que os franqueados operem bem o negócio e sim um conjunto de fatores técnicos, psicológicos e ambientais, que precisam ser praticados pelos gestores de redes de franquias e negócios.

*Claudia Bittencourt (diretoria@bcef.com.br) é sócia e diretora-geral do Grupo BITTENCOURT, consultoria especializada em redes de franquias e negócios

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