Nove de dez empreendedores entre 55 e 65 anos abriram negócios por falta de oportunidade

Entre os empreendedores seniores, 57,3% têm ao menos um funcionário em suas empresas

Nove de dez empreendedores entre 55 e 65 anos abriram negócios por falta de oportunidade

Enfrentando dificuldades para se posicionar no mercado de trabalho, muitas pessoas mais velhas optam por abrir suas próprias empresas. Cerca de 92% dos empreendedores entre 55 e 65 anos decidiram iniciar o próprio negócio por acreditarem que as vagas de emprego estavam escassas, segundo um estudo do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Para o estudo, foram entrevistadas 2 mil pessoas entre 18 e 65 anos. Nele, constatou-se que, entre os empreendedores seniores, 57,3% têm ao menos um funcionário em suas empresas – sendo que 44,1% empregam de um a cinco funcionários, 9,3% têm de seis a 19 colaboradores e 3,9% empregam 20 ou mais pessoas. Os outros 42,7% dos empreendedores mais velhos não têm nenhum funcionário contratado.

O segmento de atuação que lidera é o varejo, com 46% dos empreendedores operando em setores como materiais de construção, comércio de alimentos e bebidas, lojas de cosméticos, vestuário e acessórios. Os 54% restantes se dividem em diversos outros segmentos.

O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, Marcelo de Souza observa que o empreendedorismo se tornou uma alternativa atrativa para que muitas pessoas continuem ativas no mercado de trabalho, mesmo após a aposentadoria. “Pequenos negócios liderados por pessoas mais velhas estão cada vez mais numerosos e contribuindo para a dinâmica econômica do País”, diz Souza.

Para o Sebrae, a quantidade de pessoas entre 55 e 65 anos abrindo o próprio negócio continuará aumentando nos próximos anos.

Trabalhadores aposentados

O Sebrae também analisou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) e constatou que atualmente existem mais de 4 milhões de donos de negócios no Brasil na faixa etária de 55 a 65 anos – 13,5% do total de empreendedores no país (29,7 milhões). Esse número cresceu 42% entre o quarto trimestre de 2012 e o mesmo período de 2023.

De acordo com André Spínola, gerente de Estratégia e Transformação no Sebrae Nacional, o aumento na expectativa de vida dos brasileiros – que hoje é de 76,4 anos, segundo o IBGE – e os baixos salários fazem com que muitas pessoas continuem trabalhando mesmo após a aposentadoria, buscando uma complementação de renda.

No critério de empreendedorismo estabelecido (empresas com mais de 3,5 anos de operação), os dados do GEM mostram que 17,7% de todos os empreendedores seniores se enquadram nesse recorte. Entre os empresários de 35 a 54 anos, o percentual cai para 14,3%, e na faixa mais jovem, de 18 a 34 anos, reduz ainda mais, para 7%. Os mais velhos também apresentam renda superior.

Segundo a Pnad, os empresários seniores ganham, em média, 4,3% a mais do que os empreendedores das outras faixas etárias. No grupo de 55 a 65 anos, a renda média é de R$ 3.347, enquanto a média geral é de R$ 3.209. Para Spínola, o empreendedorismo, especialmente nas áreas de consultoria, serviços administrativos e franquias, “tem se mostrado um caminho viável para esse público”.

Perfil dos empreendedores seniores

Os negócios liderados por pessoas mais velhas são predominantemente comandados por indivíduos brancos (56%), o que contrasta com a realidade dos empreendedores das faixas etárias jovem e intermediária, nas quais 58% se declaram pretos ou pardos. A pesquisa GEM também aponta que os homens predominam em todas as faixas etárias e nos diferentes estágios dos negócios. A maior diferença aparece entre os empreendedores mais velhos, com 74% de homens contra 26% de mulheres.

A forte presença masculina no empreendedorismo entre 55 e 65 anos reflete também nos tipos de negócios abertos por esse grupo. Entre os jovens empreendedores, predominam atividades como cabeleireiros, tratamentos de beleza e o comércio varejista de vestuário e acessórios. Já na categoria sênior, formada majoritariamente por homens, o foco recai sobre o comércio de ferragens, madeira e materiais de construção, além de restaurantes e outros serviços de alimentação e bebidas.

Com informações de DC News.
Imagem: Shutterstock 

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