Enquanto a economia dos Estados Unidos se aquece por causa da vacinação acelerada, a China também registra alta, mas com alguns desequilíbrios internos que desfavorecem pequenas e médias empresas. No Brasil, a vacinação lenta continua sendo o maior entrave, mas os números do primeiro trimestre vêm surpreendendo positivamente. A expectativa é grande para o IPO da Raízen. Esses e outros temas são tratados no “Panorama Mercado&Consumo” desta semana, produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias na economia.
Cenário econômico internacional
O PIB dos Estados Unidos mostrou que o país já começa a se aquecer no pós-vacinação. A alta no primeiro trimestre, dessazonalizada e anualizada foi de 6,4%, acelerando a alta de 4,3% vista do último trimestre do ano passado. Além disso, mais dois novos pacotes foram anunciados e seguem para apreciação da Câmara e do Senado lá: um de infraestrutura, que pode chegar a quase US$ 3 trilhões em dez anos, e um sobre educação infantil de US$ 1,8 trilhão (Families Plan) que visa auxiliar pessoas mais pobres nos pagamentos de creches, escolas e faculdade em dez anos. Com os novos planos e a vacinação a todo vapor, as perspectivas são positivas. Inflação no médio prazo pode ser uma preocupação.
A China continua seu processo de crescimento, mas com alguns desequilíbrios internos. Pequenas e medias empresas, que respondem por 80% do emprego urbano chinês, continuam derrapando e com acesso dificultado ao crédito, dado que o governo está muito conservador na política monetária com medo do alto endividamento das empresas. Assim, o mercado de trabalho não está respondendo no mesmo ritmo do crescimento. Tensões em Taiwan também preocupam.
Cenário econômico no Brasil
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou, como esperado, a taxa de juros para 3,5%, com aumento de 0,75 ponto. Com vistas à piora das condições de inflação de 12 meses, a autoridade monetária continua o processo que foi iniciado na última reunião, em que já tinha sinalizado esse aumento. Novamente, o banco sinaliza que deve fazer mais um aumento de mesma magnitude na próxima reunião e que deve terminar o ano em 5,5%. O processo é saudável, dado que a economia já está em um nível muito maior do que no pior da pandemia e o risco inflacionário é real.
Números do primeiro trimestre vêm surpreendendo positivamente no Brasil. O crescimento deve ser maior do que o esperado. Até fevereiro, a economia veio muito forte e, mesmo com uma pausa com endurecimento das medidas restritivas em março, o trimestre deve ser positivo. A vacinação lenta continua sendo o maior entrave.
A arrecadação federal de impostos foi recorde para o período. No primeiro trimestre, atingiu R$ 445,9 bilhões, com alta de R$ 5,64% acima do IPCA em relação ao primeiro trimestre do ano passado. No mês de março, houve aumento de 18,5% em relação a março de 2020, com R$ 137,932 bilhões.
Boa notícia também do setor externo, com um superávit da balança comercial recorde de toda a série. Foram US$ 13,34 bilhões em abril, com exportações de US$ 26,5 bilhões e importações de R$ 16,1 bilhões. No ano, as exportações somam US$ 82 bilhões e as importações US$ 63,9 bi, com altas de 26,6% e 14%, respectivamente.
No âmbito das concessões, a da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) foi um grande sucesso, atingindo a outorga de R$ 23 bilhões, com ágio de mais de 100%. Essa concessão é emblemática porque está relacionada a um setor que não recebe investimentos públicos em volume suficiente e que enfrenta dificuldades políticas para concessão ao setor privado. O sinal é que os investidores parecem ter interesse no Brasil, tanto que há previsão de um IPO da Raízen que pode inclusive bater o recorde do Santander em captação de recursos.
Gouvêa Analytics é a unidade de mapeamento de tendências econômicas da Gouvêa Ecosystem.
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo