Gigantes da tecnologia debatem caminhos da inovação para o varejo no Brasil

De dispositivos a sistemas operacionais com IA, setor será reconfigurado nos próximos anos, alertam executivos da SAP, Microsoft e Google no País

Gigantes da tecnologia debatem caminhos da inovação para o varejo no Brasil

Aiana Freitas, editora-chefe da Mercado&Consumo; Elia Chatah, consultor sênior de Varejo da SAP; Nayana Amorin, gerente de Marketing da Microsoft; e Fernando Pansan, gerente de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina da Android Enterprise.

Os lançamentos de dispositivos cada vez mais inteligentes e interativos fazem qualquer adulto voltar a ser criança. Esses “brinquedinhos” com tecnologia de ponta – como drones e robôs automatizados trabalhando em estoques – prometem revolucionar a cadeia produtiva, ampliar a produtividade e gerar informações preciosas em tempo real que reduzem sensivelmente os riscos (logo, os prejuízos) dos tomadores de decisões.

Mas este é apenas um aspecto do futuro. O lado mais brilhante de um processo que requer total reorganização dos modelos de negócios. Para o varejo seguir adiante, é necessário investir em inovação de gestão, análise de dados, logística reversa, linguagem natural e retenção de mão de obra. O desafio para o setor parte de três gigantes do mercado de tecnologia – SAP, Microsoft e Google – que se reuniram no evento “Connect”, promovido pela Zebra Technologies, no Hotel Unique, em São Paulo, na terça-feira, 7. O encontro foi mediado pela editora-chefe do portal Mercado&Consumo, Aiana Freitas.

Cadeia de suprimentos

O foco é o cliente. Não aquele que, no passado, se deixava conquistar por um anúncio, pouco se queixava do atendimento e esperava semanas pela chegada de um produto. O novo cliente é antenado, quer ser chamado pelo nome, busca produtos personalizados, entrega rápida ou retirada facilitada e uma experiência de compra diferenciada a ponto de conquistar a sua fidelidade.

Para garantir o produto desejado nas mãos dos clientes em poucas horas ou imediatamente, é preciso, além de tecnologia, que toda a cadeia de suprimentos flua adequadamente. O avanço do e-commerce, aliado ao risco da falta de suprimentos com uma nova pandemia global ou escassez de matérias-primas, exige dos executivos tomadas de decisões importantes que afetam toda a rede.

Por isso mesmo, Elia Chatah, consultor sênior de Varejo da SAP, empresa global de softwares, defende a digitalização inteligente dessa etapa, conectando os processos de ponta a ponta, do cliente ao fornecedor. “Se o varejo fosse o corpo humano, o supply seria o coração”, afirma Chatah. O consultor apresentou o painel “O varejo inteligente na cadeia de suprimentos: respondendo a uma nova onda de mudanças do consumidor”.

Questões cruciais sobre como manter o estoque atualizado em tempo real – para evitar a frustração do cliente ao não encontrar o item desejado e, assim, o risco de perdê-lo –  e agilizar a entrega de itens de reposição até o pacote na casa do consumidor precisam de respostas para as quais a SAP já se preparou. Segundo Chatah, a solução é inteligência, conexão integrada e comunicação com a cadeia. “As empresas do futuro serão bem-sucedidas se conectarem coisas, pessoas, dados e processos”, avalia.

No Canadá, alguns depósitos contam com a colaboração de robôs e drones desenvolvidos pela empresa em parceria com a Zebra. Os robôs retiram e devolvem produtos nas prateleiras enquanto os drones fazem contagem instantânea de estoque e são capazes de verificar itens de segurança das lojas.

Comunicação para todos

Nayana Amorin é gerente de Marketing da Microsoft com foco em produtividade e colaboração. Ela apresentou o painel “Lidere a era da IA com o Microsoft Cloud”, mostrando as novas ferramentas disponibilizadas pelo Microsoft 365, Teams e Viva.

Com base nos dados coletados de usuários do Microsoft 365, as empresas/pessoas gastam 57% do tempo em comunicação, enviando e-mails ou participando de chats e reuniões com as equipes. Menos da metade do tempo de trabalho é gasto com a criação. E apesar de 49% dos funcionários temerem perder seus empregos para as inteligências artificiais, 70% deles delegariam o máximo possível de trabalho para as IAs para reduzir a sobrecarga.

Esta é uma das oportunidades que a Microsoft encontrou para oferecer os seus serviços e inovar. A meta é permitir aos clientes e às empresas reunirem todas as informações necessárias aos seus processos em uma mesma plataforma, de forma simples, criativa, integrativa, ágil e acessível de qualquer dispositivo.

O Teams é a base de todo o seu desenvolvimento – tanto que se tornou, na empresa, muito mais do que um aplicativo de chamadas de vídeo. Segundo Nayana, mudou a forma como as pessoas trabalham “mais do que qualquer outro aplicativo nos últimos 20 anos”. Três anos atrás, eram 25 milhões de usuários mensais ativos e, hoje, são mais de 300 milhões.

O app foi aperfeiçoado com 450 novos recursos somente no último ano enquanto o Viva se tornou a primeira plataforma digital de experiência de funcionários.

O próximo passo já tem nome e grande expectativa: o Microsof Copilot, um recurso de Inteligência Artificial integrado aos aplicativos de produtividade, como Word, Power Point e Excel. É o ChatGPT aperfeiçoado dentro do Office.

Com um comando de voz, o Power Point, por exemplo, será capaz de produzir os slides para a sua apresentação, relacionando ao seu banco de dados as informações descritas. Será possível solicitar melhores recursos visuais ou mais textos. O novo aplicativo sugere até notas de rodapé para usar durante as apresentações. As demonstrações foram feitas ao vivo para todos os presentes no encontro “Connect”.

Vida pessoal e trabalho separados

Muitas empresas desenvolvem aplicativos de trabalho que precisam ser baixados no celular pessoal dos colaboradores, o que gera desconforto e muitos problemas para ambas as partes, já que vida pessoal e trabalho ficam lado a lado no dispositivo do funcionário.

Foi pensando em separar esses dois aspectos que o Google desenvolveu um sistema de operação independente e incomunicável para ser utilizado em um único dispositivo. A inovação foi apresentada por Fernando Pansan, gerente de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina da Android Enterprise, no painel “Android Enterprise”.

O sistema oferece o perfil trabalho e o pessoal, que nunca compartilham dados. A equipe de Tecnologia da Informação pode acessar e rastrear informações do perfil de trabalho sem jamais ter acesso a conversas e arquivos pessoais do colaborador.

Além disso, o TI pode definir quais aplicativos são necessários para cada time e com apenas um comando de voz implementar todos os apps de uma única vez. Em 30 minutos, os dispositivos recebem um alerta de atualização e já estão prontos para os funcionários trabalharem com eles.
São medidas que tornam o processo produtivo mais eficiente. “Reduz custos, melhora os processos, aumenta a receita, aumenta a produtividade e isso reverte em melhor experiência para o cliente”, argumenta Pansan.

Os números relevantes definiram o uso do Android como sistema operacional para o desenvolvimento do serviço. Conta com 2,5 bilhões de dispositivos ativos, desde smartphones a tablets. O sistema está disponível na Zebra.

Com informações de Mercado&Consumo Media Labs (Isis Brum).
Imagem: @thinkupcom

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