O desafio da gestão financeira das PMEs online

O desafio da gestão financeira das PMEs online

A digitalização do varejo, além de ser uma tendência já consolidada, está cada vez mais acessível aos brasileiros, graças ao avanço das tecnologias voltadas para impulsionar e incentivar o empreendedorismo. Porém, não deixa de ser um desafio. De acordo com o estudo NuvemCommerce 2024, realizado pela Nuvemshop, o maior problema enfrentado por 44% dos pequenos e médios empreendedores online é a falta de capital de giro para reinvestir no negócio. Mas a escassez de recursos para investimento é apenas a ponta do iceberg, causada, na maioria das vezes, por problemas mais profundos na gestão financeira. Afinal, o planejamento financeiro é um dos pilares de sucesso do empreendimento.

Para auxiliar nessa caminhada o empreendedor precisa ter em mente que o controle do fluxo de caixa é a base da saúde econômica do negócio. Ter uma visão detalhada do que entra e sai é essencial para dar continuidade ao crescimento sustentável da empresa. Uma sugestão é fazer o controle diário de todo fluxo de entradas e saídas de dinheiro, que pode ser desde uma planilha para quem está começando, até uma ferramenta mais robusta para um negócio maior. Com um bom controle de caixa, é possível obter projeções e se preparar para momentos de baixa no mercado em que seu negócio está inserido.

Além disso, compreender todas as despesas que o negócio gera para reduzir custos desnecessários pode aumentar significativamente o lucro gerado. Analisar os fornecedores com o melhor custo-benefício, coletar dados de todos os setores da empresa para eliminar gastos supérfluos e otimizar os processos administrativos internos são passos que trazem um respiro maior ao negócio e permitem que o dinheiro seja reinvestido em áreas estratégicas, como marketing, melhoria no produto e inovação.

Outro pivô da boa gestão financeira é entender o mercado no qual seu negócio está inserido e praticar preços que sejam coerentes mediante os gastos de produção e operação e a concorrência. Para auxiliar na precificação, um método utilizado é o Markup, um cálculo que considera as despesas variáveis, fixas e a margem de lucro desejada, sempre através da análise do mercado-alvo e dos concorrentes. O valor percebido pelo cliente deve ser condizente à realidade do produto para que vendas aconteçam e gerem o lucro esperado. Essa análise é uma etapa imprescindível ao empreendedor, visto que, ao precificar de forma errada, vendas não são geradas como o esperado, o que pode desmotivar ou até mesmo causar a quebra do negócio.

Por fim, em relação ao inventário, os empreendedores enfrentam grande desafio em manter o equilíbrio entre o excesso e a falta de estoque de produtos, o que gera dificuldade em maximizar os lucros possíveis. Obsolescência, perda de vendas e insatisfação do cliente são alguns dos problemas enfrentados pela má administração do inventário. Para contornar isso, as melhores estratégias, principalmente para os micros e pequenos empreendedores, são a análise ABC, que define as prioridades dos produtos, e as técnicas de armazenamento Just-in-Time, focadas na redução de desperdício. Com essas técnicas é possível focar na venda dos produtos disponíveis, com alto padrão de qualidade, em vez de se dedicar à criação de um largo estoque.

No geral, todo detalhe é relevante para se destacar no mercado do varejo digital. O diferencial das PMEs online que desempenham uma boa gestão financeira é visível desde o momento da compra até a entrega do produto ao consumidor. Uma melhor organização possibilita que mais tempo e dinheiro sejam gastos em outras áreas, para aprimorar o serviço oferecido. O e-commerce é um mercado volátil e necessita de adaptação constante por parte dos empreendedores e um bom controle do seu caixa, atrelado às demais estratégias, prepara seu negócio para o sucesso.

Renato Burin é diretor de Fintech da Nuvemshop.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da MERCADO&CONSUMO.
Imagem: Shutterstock

 

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