Saúde mental passa a fazer parte da agenda de grandes empresas no pós-pandemia

Um em cada quatro brasileiros sente que a empresa em que trabalha não está preocupada com a saúde mental do funcionário. Uma pesquisa realizada pela plataforma Vittude mostra que isso não é só uma impressão dos funcionários. Segundo o estudo, mesmo diante da pandemia e do isolamento social, 47% das empresas não tomaram nenhuma iniciativa para melhorar a saúde mental dos funcionários.

Dois grandes grupos do ramo de bebidas, no entanto, acabam de anunciar ações com esse foco. Após um processo de design thinking, o Grupo Heineken no Brasil desenvolveu internamente a plataforma Heineken Cuida, que reúne todas as iniciativas de saúde e segurança para os colaboradores a partir de agora, unindo o que já era feito antes da pandemia da Covid-19 e as ações criadas neste período e que serão mantidas posteriormente.

A plataforma atuará em três frentes. O pilar de informação terá pílulas de conteúdo mensais com diversos temas relacionados à saúde e segurança, enquanto o suporte de saúde terá uma equipe corporativa exclusiva da companhia, formada por enfermeiras, psicólogos, psiquiatras e médicos clínicos. Eles farão uma avaliação mais profunda dos colaboradores que solicitarem apoio e os encaminharão a profissionais mais adequados.

Na frente de lideranças, treinamentos aprofundados auxiliarão os gestores a identificar aqueles que precisam de suporte, além de ensinar como lidar com as diversas situações e encaminhar corretamente o profissional ao time de saúde corporativa.

Com ilustrações e linguagem leve, os conteúdos da plataforma serão trabalhados em diversos canais de relacionamento com os colaboradores – como o Workplace by Facebook (rede social interna), e-mail, jornal mural e TVs – e focarão em alertar sobre as situações que podem colocá-los em risco, sempre focando nas causas dos acidentes e nas formas de prevenção.

Desde o início da pandemia, a cervejaria criou uma força-tarefa e implementou uma série de ações internamente, seguindo os termos definidos pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), além de outras que buscaram contribuir com o equilíbrio emocional de seus times e manutenção de um clima organizacional leve e otimista.

Diretora de Saúde Mental

A Ambev é outra gigante que realizou uma revisão de sua cultura para tratar temas como diversidade e, inclusive, criou uma diretoria para falar de assuntos relacionados a saúde mental. A executiva Mariana Holanda foi nomeada diretora de Saúde Mental, Diversidade & Inclusão e Bem-Estar da empresa.

Segundo ela, quando se fala sobre sustentabilidade, é importante entender que também fala-se sobre pessoas. “Nesse sentido, estamos vendo uma mudança de mentalidade no mundo corporativo, em que entendemos que é preciso olhar para os funcionários como pessoas em sua totalidade”, explica.

Mariana afirma que a pandemia acelerou a criação da área, mas a empresa já vinha conversando sobre saúde mental e valores como vulnerabilidade, empatia e escuta ativa, por exemplo. “Existe um estigma muito grande quando se fala em saúde mental nas empresas. Ela implica em muito mais do que a ausência de doenças. É um assunto profundo, por isso estamos planejando e criando ações para ficar cada vez mais próximos de nossos funcionários e normalizar as conversas sobre o tema”, afirma.

Recentemente, a Ambev também lançou um Guia de Saúde Mental, disponível a todos os colaboradores, com orientações sobre como cuidar da saúde mental e como buscar e oferecer ajuda.

Imagem: Reprodução

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