Foodservice: Nós não queremos a terceira onda

Foodservice: Nós não queremos a terceira onda

Dúvida.

Essa foi a palavra que nos angustiou como pessoas, gestores e empresários. Levamos tempo para compreender como a Covid-19 nos afetaria pessoal e profissionalmente. Mas agora já sabemos. Ao menos em curto prazo. Do ponto de vista pessoal, certamente no futuro poderemos observar outros efeitos, especialmente psicológicos, mas a unanimidade é que vivemos um período de aprendizados.

Aprendemos a mudar os rumos com rapidez, a conviver com a situação incontrolável de perdas, a esperar os ciclos da ciência, a nos cuidar para autoproteção e preservação do outro, a importância de humildade, resiliência e união.

Quero lembrá-los de que tudo o que conhecemos temos mais chances de vencer, e é importante destacar a eficiência dos protocolos estabelecidos, porém, também dependemos de ações fortes e consistentes do governo brasileiro no controle de novas ondas. A estratégia segue fortemente focada em prover leitos hospitalares, tratamentos aos já contaminados, vacinas, mas ainda pouco no controle preventivo, ou seja, não testamos com frequência para intervir e isolar as pessoas portadoras do vírus.

O setor de alimentação fora do lar está entre os mais afetados, mas também foi um dos que mais se transformou, evoluiu, criou e se conectou com os consumidores. O abismo inicial deu lugar ao desejo e intenso empenho para ouvir, trocar, surpreender e se conectar ao contexto dinâmico que os consumidores seguem vivendo.

A situação extrema de lockdown em março, seguida da reabertura gradual em abril, demonstrou novamente a potência da recuperação do setor. Com o lockdown em alguns Estados brasileiros, em março houve queda de 40% em relação ao mesmo período em 2020. Com a reabertura parcial, abril cresceu 63% em relação ao mesmo período em 2020 – é válido lembrar que estávamos com mais restrições neste mês no ano passado. De qualquer forma, o otimismo volta a crescer, especialmente com os avanços do cronograma da vacina (Fonte: Mosaiclab).

Penso que a resposta que devemos buscar não é quando voltaremos aos patamares de 2019 ou à vida que tínhamos antes do início da pandemia. Devemos nos perguntar que vida construiremos a partir dos novos elementos que temos à disposição.

No ano passado, economistas diziam que a recuperação da economia seria em V, ou seja, com o controle da pandemia haveria uma ampla e rápida recuperação. Hoje os especialistas da Gouvêa Analytics sinalizam que a recuperação será em formato K, ou seja, partindo do mesmo ponto, empresas que estavam bem no início da pandemia seguirão sua rota de crescimento e as que entraram frágeis correm sério risco de efetivo fechamento, especialmente se houver uma terceira onda.

Como citado anteriormente, a estratégia de saúde pública no Brasil está focada na redução dos efeitos da doença (vacina e tratamentos) e em questões estruturais (hospitais), mas o fato é que a maior força virá da atitude da sociedade. Estamos cansados de dizer: “proteja-se”, “use máscaras”. E, a cada reabertura, vemos euforia, festas clandestinas e a exponencialidade no número de contaminados.

A recuperação da economia depende de acesso ao crédito, de controle da inflação, de medidas coesas e coordenadas entre governo federal, Estados e municípios, etc., mas, para os pequenos, não há como resistir a um novo lockdown.

A decisão do fechamento definitivo dos pequenos negócios de foodservice está nas mãos da sociedade, que, com atitude espartana, disciplinada e consistente, impedirá o tsunami final sobre os negócios de alimentação fora do lar.

Convido a todos os elos da cadeia do foodservice a protagonizarem esse movimento. Ainda não acabou! Vamos utilizar nossos meios de comunicação para propagar mensagens de proteção e reforçar a continuidade dos cuidados em prol da vida e dos negócios.

Siga protegido.

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo

Sair da versão mobile