Via descontinua guidances para 2025 apresentados em abril de 2021

Companhia prevê, por exemplo, a redução de Gross Merchandise Value (volume bruto de mercadorias, GMV) entre 2% e 3%

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A Via, dona das redes varejistas Casas Bahia e Ponto, comunicou ao mercado por meio de fato relevante que descontinuou as projeções futuras para 2025, apresentadas em abril de 2021. As metas da companhia envolviam a base de clientes ativos; ganho de fatia de mercado online, mix de volume bruto de vendas; volume total de pagamentos; break-even (empate entre perdas e ganhos) do banQi (braço financeiro digital da companhia); e carteira de crédito.

No lugar disso, a companhia divulgou no documento um novo plano de transformação e projeções, no qual detalha informações também presentes em sua divulgação de resultados.

A companhia prevê, por exemplo, a redução de Gross Merchandise Value (volume bruto de mercadorias, GMV) entre 2% e 3%, com impacto potencial positivo no Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) entre R$ 80 milhões e R$ 150 milhões anuais e potencial redução de estoques entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões até 2025.

Há ainda a previsão de readequação do parque de centros de distribuição, conforme redução de estoques, com impacto potencial no LAIR de R$ 90 milhões anuais até 2025.

Na parte de migração de categorias com margens negativas do comércio eletrônico próprio da companhia para o marketplace a empresa afirma que 23 categorias já foram migradas e 3 categorias foram migradas parcialmente.

Na frente de otimização de estoque, a Via ainda prevê saldão para produtos no e-commerce, com potencial redução de R$ 100 milhões de estoque até 2025; saldão para produtos nas lojas físicas, com potencial redução de R$ 420 milhões de estoque até 2025; e ações de abastecimento com logística reversa para destravar vendas, com potencial redução de R$ 100 milhões de estoque.

Liquidez

A Via cita ainda no documento, a meta de acesso a novas fontes de liquidez para diversificação de seu financiamento. Nesse ponto, destaca o mercado de capitais internacional; agências de fomento e bancos de desenvolvimento; e diversificação bancária, com acesso a um maior número de instituições financeiras.

A Via deve também proporcionar redução e priorização do CAPEX, com estimativa de alcançar um CAPEX até 40% menor em relação a 2022.

Prejuízo líquido de R$ 492 milhões

A Via divulgou nesta quinta-feira, 10, o seus resultados do segundo trimestre de 2023 com um prejuízo líquido de R$ 492 milhões. O resultado reverte o lucro de R$ 6 milhões apresentado no mesmo período de 2022. A empresa garante, porém, que um novo ciclo está por vir e aproveitou o momento para divulgar o plano de ação da nova gestão da companhia. “No segundo trimestre, ainda não tivemos impactos das mudanças que começamos a implementar. Ele ficou dentro das expectativas do mercado. Com a companhia do tamanho que estava, o resultado é de prejuízo”, disse o CEO da empresa, Renato Franklin.

O Ebitda ajustado foi de R$ 469 milhões, com queda de 32% frente ao reportado de abril a junho de 2022, com margem de 9%, 2,7 pontos porcentuais (p.p.) menor do que um ano atrás. A receita líquida, por sua vez, caiu 2%, chegando a R$ 7,5 bilhões.

Franklin diz que o período foi prejudicado pela menor demanda por itens de maior valor agregado, que sofrem em momentos de restrição de crédito ao consumo, dado que a população estava altamente endividada. Além disso, a margem bruta da empresa – que caiu 2,9 pontos porcentuais (p.p.), para 31,4% – teve impactos marginais do início da venda de estoque em promoção que a nova gestão começou a fazer.

“Passamos por uma mudança de mentalidade. Antes o foco estava em ganho de GMV (vendas brutas) e aumento de canais de vendas, em crescer o negócio. Agora, o foco muda para gerar resultados”, afirma o novo CEO, à frente da companhia desde a última divulgação de resultados. Para ele, a escolha que a empresa tinha era de investir mais para crescer, ou usar o que já se tinha à mão para, em suas palavras, “ganhar dinheiro”.

Nesse sentido, nos últimos meses, a companhia demitiu 6 mil pessoas, o que, nas contas da empresa, gerou uma economia de R$ 370 milhões para a companhia. Além disso, a empresa agora deve trabalhar com estoques menores. “O intuito agora é comprar aquilo que vendemos mais rapidamente”, afirma Franklin.

O plano

Para frente, os planos de liberar mais orçamento continuam. A empresa deve fechar de 50 a 100 lojas que não têm apresentado bons resultados, além de migrar categorias de produtos que não geravam vendas rentáveis para o shoppings virtual da companhia, quando lojistas parceiros vendem seus produtos na plataforma da companhia. Nesse caso, a empresa só fica com uma porcentagem da venda, sem ter o custo de arcar com o estoque.

Com essas mudanças, a empresa deve acrescentar ao lucro antes do imposto de renda (LAIR), mais de R$ 1 bilhão. A redução de estoques tem ainda o potencial de liberar R$ 1 bilhão em caixa para a empresa.

Na estrutura de capital, a companhia se programa para mudar a forma como financia seu crediário. Em vez de financiar as compras dos clientes por meio do carnê e adiantar esses valores com os bancos, a companhia vai passar a buscar recursos em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fidcs) para custear o parcelamento das compras de seus clientes. Assim, a empresa pretende liberar R$ 5 bilhões de limite de crédito com os bancos.

Ao todo ainda se espera a monetização de ativos de até R$ 4 bilhões em 2023. Serão mais R$ 2,5 bilhões de créditos fiscais que, se o plano correr como o esperado, se tornarão dinheiro para a empresa. Soma-se a isso o R$ 1 bilhão pretendido com a liberação de estoques e mais R$ 500 milhões em vendas de imóveis e outros ativos.

Com informações de Estadão Conteúdo (Talita Nascimento).
Imagem: Divulgação

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