Uma a cada quatro famílias está com dívidas em atraso na capital paulista

Resultado é novo recorde para a séria histórica do levantamento da FecomercioSP

Uma a cada quatro famílias está com dívidas em atraso na capital paulista

Quase 1 milhão de lares estavam com dívidas em atraso na cidade de São Paulo o mês de setembro. Segundo o que mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 24,8% das famílias – praticamente uma a cada quatro – têm dívidas em atraso na capital. O resultado é um novo recorde para a séria histórica do levantamento, que teve início em agosto de 2010.

Além da inadimplência, o endividamento também cresceu em setembro, atingindo 76,9% dos lares paulistanos. Em números absolutos, 3,09 milhões de famílias estão endividadas – o que representa um crescimento de 331 mil em um ano.

As dívidas estão concentradas, principalmente, nos cartões de crédito (85,8%) e nos carnês (15,8%). Em seguida, aparecem as três modalidades de crédito: pessoal (11,9%), financiamento de carro (11,7%) e financiamento de casa (11,1%).

Diferença por faixa de renda

Quando se avalia o cenário das faixas de renda, observa-se que os lares que recebem até dez salários mínimos são os que mais sofrem os impactos. As taxas de endividamento e inadimplência atingiram 79,7% e 30,1%, respectivamente – porcentuais também históricos para o grupo. Nas famílias com rendimentos superiores, 68,7% têm dívidas e 11,2% estão inadimplentes (ambos abaixo do registrado em agosto).

A maior parte das dívidas, demonstra a pesquisa, continua sendo aquelas acima de 90 dias (46,8%). Em seguida, estão as atrasadas de 30 a 90 dias (30,7%) e, depois, as de até 30 dias (21,6%). Apesar da ausência de grandes mudanças no tempo em atraso, o pagamento de juros tem sido maior. Assim, um consumidor com débito de 30 dias está pagando mais juros do que há um ano, com o mesmo prazo de atraso. Isso retira recursos das famílias e diminui o potencial de consumo no comércio e nos serviços.

Diante da inflação geral começando a ceder (ainda que não seja para todos os grupos de consumo, como no caso da alimentação), a confiança dos paulistanos melhorou, apesar das dívidas. O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também da FecomercioSP, registrou, em setembro, alta de 3,9%, passando de 81,9 pontos, em agosto, para 85,1. É o maior nível desde abril de 2020.

Todos os sete itens analisados pelo índice subiram. A FecomercioSP destaca a volta ao patamar de satisfação (acima dos 100 pontos) da variável renda atual, que atingiu 102,5 pontos – altas de 5,5%, na comparação mensal, e de 45,5%, no contraponto anual. O emprego atual avançou 4,2%, e perspectiva profissional, 3,6%. As respectivas pontuações foram de 116,7 e 112,5.

Mercado de trabalho aquecido

Na análise da FecomercioSP, os números refletem um mercado de trabalho mais aquecido e o início de uma desaceleração da inflação. No entanto, como as famílias estão com muitas dívidas, a melhora na renda e no emprego não tem surtido um efeito imediato no consumo. Além disso, o crédito mais caro e seleto também tem dificultado um avanço maior do ímpeto de ir às compras. Prova disso é o item acesso ao crédito, que avançou 2,9%, mas ainda está na área de insatisfação, com 83,3 pontos.

Grande parte dos recursos do Auxílio Brasil e do décimo terceiro salário, no segundo semestre, ainda deve ser destinada a pagamento de dívidas em atraso. O nível de consumo atual e a perspectiva de consumo registraram, respectivamente, altas de 4,6% e 2,7%, levando o primeiro aos 63 pontos, e o segundo, aos 71,6 pontos. A variável momento para duráveis cresceu 3,7%, mas com a pior avaliação no ICF: 46,1 pontos.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) seguiu na tendência positiva, crescendo 4,4%, em setembro, e registrando 111,5 pontos (maior nível do ano). A alta foi puxada pela melhora no Índice de Expectativa do Consumidor (IEC) – que subiu 4,7% e passou para os 137,3 pontos. O Índice das Condições Econômicas Atuais (ICAE), embora tenha apontado aumento de 3,5%, ainda está no patamar de pessimismo, com 72,7 pontos.

Imagem: Shutterstock

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