Estamos passando por um momento único na história do varejo, onde os novos hábitos de compra estão transformando os tradicionais canais e estimulando o surgimento de novos formatos de lojas. Tudo começa pelo shopper, aquele personagem fundamental que sempre realizou a compra na sua loja e que sempre decidiu o que iria comprar na frente da prateleira. Isso é passado. Ele mudou e não mudou hoje.
A tecnologia, que está em todo lugar, facilitou tanto a sua vida, tornou tão fácil a comparação de preço, ganhou agilidade na “compra com um clique”, e que hoje está avançando para entregas quase que imediata das mercadorias, acostumou tão bem o shopper, que ele está buscando essa facilidade do mundo digital no mundo físico através de uma palavra: conveniência.
A busca pela conveniência, aliada ao equilíbrio do preço cobrado, está impactando diretamente as características dos canais tradicionais do varejo. Você conhece o novo atacado? Como os hipermercados estão reagindo à esse movimento? O que são as lojas de proximidade? As lojas de conveniência não são mais as mesmas e você precisa entender no que elas se transformaram. Quais as oportunidades das farmácias no novo varejo?
Atacado
Para aqueles que acompanham de perto o desenvolvimento deste canal, percebe que está havendo uma transformação principalmente em função do perfil de quem está visitando suas lojas. Os principais clientes do atacado sempre foram os “Transformadores”, isto é, pizzarias, restaurantes e pequenos negócios de alimentação fora do lar. O shopper brasileiro, atento a essa oportunidade, passou a fazer compras nos atacados. As famílias e amigos se organizam para fazer compras planejadas de produtos para abastecer o mês inteiro e, no final da compra, dividem a conta. A redução de compra das pessoas jurídicas e o crescimento das pessoas físicas, em algumas lojas, já equilibrou o percentual de participação em 50%.
Não é à toa que este canal vem crescendo nos últimos anos e o atacado está se transformando em atacarejo (atacado + varejo) por força do novo consumidor. Os atacadistas estão tendo que rever suas operações de loja, a gestão de seus funcionários e o sortimento oferecido, para atender melhor um cliente que tem um tíquete médio menor que um Transformador e que tem exigências distintas, sem deixar de atender bem seu cliente de maior volume.
Hipermercado
Fazer compras em hipermercado já não seduz mais o shopper como ocorria antes. Grandes lojas, longos corredores, centenas de opções de produtos, em uma loja em que o cliente faz tudo sozinho. Apesar de bons preços, definitivamente essas características não combinam com conveniência. O consumidor sabe disso e os hipermercados estão passando por um momento delicado de revisão do seu modelo para torná-lo mais ágil e mais moderno para atender o novo shopper. A busca por eficiência e produtividade das suas operações é constante, assim como a busca por rentabilidade dos milhares de metros quadrados de suas lojas.
Lojas de Proximidade (ou de vizinhança)
As grandes empresas proprietárias de redes de hipermercado não estão paradas. Sabendo da dificuldade de mobilidade urbana, aliada à busca pela conveniência, redes como Carrefour e GPA, estão investindo pesado no desenvolvimento das Lojas de Proximidade, ou as chamadas lojas de vizinhança. São lojas menores que um supermercado, que concorrem diretamente com a lojinha de bairro, com a vantagem de ter suas compras centralizadas e com todo o know how do grande varejo.
As Lojas de Proximidade tem um sortimento adequado à área de influência da loja e uma quantidade restrita de funcionários, o que facilita o treinamento, melhorando o nível de serviço oferecido.
Como é mais conveniente para o shopper encontrar o que procura e o nível de atendimento é melhor do que um auto serviço, o cliente se permite pagar mais por essa comodidade.
Lojas de Conveniência
Ir ao posto para abastecer e aproveitar para comprar bebida e cigarro. Esse era o perfil das lojas de conveniência até pouco tempo atrás. Hoje, apesar dos preços mais altos, as lojas de conveniência estão se tornando a principal solução como um facilitador de compra, com um bom nível de serviço.
Não só no exterior, mas também no mercado brasileiro, as lojas mais modernas ampliaram os serviços oferecidos e contam com padarias, área de produtos frescos e saudáveis (FLV), refeições feitas na hora, farmácias e o cliente pode até abastecer o carro.
A ampla capilaridade e o hábito de ir até o posto de combustível complementam as fortalezas desse canal aqui no Brasil. Um posto que tem uma loja de conveniência junto do seu negócio fatura em média de 20% a 30% a mais em combustível. Em países onde o varejo é mais desenvolvido, esse modelo de loja consegue atuar independente do posto de combustível, se aproximando das características de uma Loja de Proximidade.
Farmácias
A legislação brasileira talvez seja o maior entrave para que este canal se torne uma solução completa para o varejo. Segundo recente relatório do ICTQ, “os serviços farmacêuticos prestados em farmácias e drogarias têm sido vistos como fator de diferenciação para os negócios, e como fator social cada vez mais necessário à saúde pública. Desde a regulamentação da prescrição farmacêutica e da lei 13.021 que define a farmácia como estabelecimento de saúde, os serviços farmacêuticos ganharam força e estão cada vez mais presentes em todo o varejo. A população atenta à evolução da profissão farmacêutica, já demandam por estes serviços – alguns mais, outros menos.”
Serviços Farmacêuticos que os brasileiros mais buscam nas farmácias:
Entender o perfil e os caminhos de transformação que cada canal está seguindo é fundamental para a estratégia de qualquer indústria que atua no varejo. Assim como ser ágil em adequar o formato das lojas, melhorar seus processos, rever o sortimento e a estratégia de preço, é fundamental para o varejo permanecer competitivo e atender melhor seu shopper.
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