Nos últimos meses, a nomenclatura ChatGPT se tornou mundialmente famosa. Presente em notícias e redes sociais, a ferramenta viralizou em razão de seu potencial de extrair sentido de perguntas realizadas pelos usuários e responder de maneira complexa uma infinidade de assuntos.
Diferentemente de um chatbot convencional, a ferramenta criada pelo laboratório de inteligência artificial OpenAI utiliza um modelo de deep learning (aprendizagem profunda) e um algoritmo baseado em redes neurais para estabelecer conversas com usuários a partir de um imenso volume de dados.
Lucas Brossi, head de Advanced Analytics da Bain&Company, conta que a tecnologia possui diversas possibilidades para o mercado, pois se adapta ao consumidor e prevê as soluções de seus problemas de maneira cada vez menos engessada.
A Coca-Cola e o Spotify estão na esteira de empresas que estão implementando ferramentas de inteligência artificial generativa em seus negócios. Elas são capazes de fornecer insights e informações dos clientes, avaliar produtos com base no desempenho em tempo real, detectar fraudes, e outras funcionalidades capazes de auxiliar negócios de todos os setores.
“O monitoramento das redes sociais fica muito mais fácil. Os modelos conseguem classificar os comentários como positivos, neutros ou negativos, filtrar em assuntos e trazer os principais insights”, exemplifica.
Marketplaces
Integrado aos marketplaces, o ChatGPT é capaz de auxiliar o cliente em toda a sua jornada de compra. “A experiência do e-commerce vai mudar. Eu posso sair de uma experiência em que tenha que pesquisar, clicar e colocar no carrinho para uma experiência em que eu digito informalmente o que eu preciso e a loja me recomenda opções de produtos”, conta.
O sistema consegue entender variações de linguagem como abreviações, gírias e termos próprios de regiões do Brasil. Conectado ao histórico de compra, o chat poderá fazer recomendações personalizadas de acordo com os hábitos do usuário.
A jornada de compra pode ocorrer de maneira não linear, de modo que o consumidor possa escolher excluir ou adicionar um produto no momento do pagamento ou perguntar sobre as promoções do momento. “É uma lógica de conversa que não precisa seguir um script. Ela pode ser desestruturada, como em uma conversa humana, pois a ferramenta entende o contexto e a intenção do usuário”, explica.
O Instacart, serviço de entrega e coleta de supermercado nos Estados Unidos e no Canadá, passou a utilizar o ChatGPT para alimentar seu mecanismo de pesquisa e responder as perguntas dos usuários relacionadas a alimentos, como sugestões de receitas e ingredientes ou opções de refeições saudáveis.
“Você pode pedir recomendações e falar que vai fazer um churrasco com 12 amigos, por exemplo. A ferramenta vai sugerir uma lista de compras baseada na ocasião. A conversa pode ser refinada de acordo com as decisões do consumidor e ser finalizada via chat. É a compra de ponta a ponta sem precisar pesquisar, colocar no carrinho etc”, conta.
Para os amantes de distopias científicas, Brossi explica que a humanidade está longe de uma dominação mundial liderada por máquinas.
“Essa tecnologia continua sendo uma aplicação focada em machine learning. Por trás desses modelos, ela está apenas prevendo a melhor resposta para uma pergunta. Agora, a combinação de muitos dados com redes neurais permite flexibilidade para criar conteúdos e reagir a certas situações. Essa é a novidade: computadores ganhando a capacidade de extrair sentido do que se escreve e fala”, finaliza.
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Imagens: Reprodução/Bain&Company e Shutterstock