Seis em cada dez (65%) micro e pequenos empresários que atuam no comércio e no ramo de serviços não planejam contratar crédito para seus negócios nos próximos três meses. A constatação é do Indicador de Demanda por Crédito calculado pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). O percentual de indecisos saltou de 17% para 24%, ao passo que apenas 11% declararam a intenção de contratar crédito para seus negócios.
Puxado pela alta incidência de consumidores reticentes em buscar crédito, o indicador registrou 26 pontos em junho, com um pequeno crescimento de apenas um ponto na comparação com o mês anterior. O número varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo a 100, maior é demanda do empresário por crédito.
A maioria dos que não pretendem contratar crédito diz não ver necessidade (42%) ou então alega ser possível manter a empresa com recursos próprios (40%). Em seguida, aparecem os empresários que justificam devido às altas taxas de juros (25%) e o receio de não ter condições de pagar as prestações no futuro (11%).
O indicador de demanda por crédito tem permanecido em baixo patamar, mesmo após o fim da recessão econômica e sinaliza que a recuperação está distante de atingir um ritmo satisfatório. “A revisão das expectativas sobre o futuro da economia mantem o apetite ao crédito modesto. Mesmo com uma sutil melhora das condições econômicas do país, a demanda por crédito está distante do um nível ideal para induzir o crescimento”, avalia o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.
Mais de um terço (33%) dos empresários de menor porte considera difícil contratar empréstimos e financiamentos, contra apenas 16% que avaliam o processo de modo simples. Os principais motivos são o excesso de burocracia e exigências dos bancos (61%) e as altas taxas de juros (47%). Na opinião dos entrevistados, o crédito via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) é o mais complicado de se obter, com 21% de menções. Em seguida aparecem os empréstimos em instituições financeiras (16%).
Já entre os que consideram a contratação fácil (16%), as justificativas mais citadas são o bom relacionamento com o banco (45%), estar com as contas em dia (45%), encontrar-se com a documentação regularizada (30%) e tempo de existência da empresa (17%). Levando em conta a minoria de empresários que tomarão recursos emprestados, a média do valor é de R$ 44.339,62 a serem solicitados.
O Indicador de Demanda por Investimento do micro e pequeno empresário melhorou na comparação com o mês anterior, apesar de a maioria não pensar em investir. Em junho, ele marcou 48,3 pontos, ante 46,6 pontos em maio.
A melhora do indicador fez com que a parcela de empresários que pretendem investir alcançasse os que não devem realizar melhorias em seus negócios: 37% em ambos os casos. Os indecisos somam 25% da amostra.
Dentre os empresários que não pretendem investir, a maioria justifica dizendo que não vê necessidade (45%) ou relata a percepção de que o país ainda não saiu da crise (31%). Há ainda 24% de entrevistados que já investiram recentemente e aguardam retorno.
Já entre os micro e pequenos empresários que pretendem realizar investimentos nos próximos três meses, a maior parte tem como finalidade aumentar as vendas (58%), além da adaptação da empresa a uma nova tecnologia (30%) e da necessidade de atender a uma demanda que aumentou (25%). Para isso, os destinos dos investimentos mais citados são a compra de máquinas e equipamentos (30%), ampliação dos estoques (22%), reforma da empresa (19%) e divulgação em mídia e propaganda (16%). A origem dos investimentos será, para a maioria, o capital próprio, seja por meio de recursos guardados (45%) ou venda de bem (7%).
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o ambiente de incerteza que ainda paira faz com que os projetos de expansão e melhoria do negócio sejam colocados em segundo plano e a preocupação de grande parte dos empresários passa a ser lidar com a queda do faturamento e o aumento da inadimplência “A lenta recuperação da crise leva muitas empresas a operarem com capacidade ociosa e, em alguns casos, até a redução do quadro de funcionários. Em meio a esse ambiente, os investimentos são adiados”, explica Pellizzaro Junior.
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