Inovação Zumbi e outros monstros

Inovação Zumbi e outros monstros

Estamos vivendo uma era paradoxal em que a inovação é mais priorizada do que nunca, mas ao mesmo tempo, muitas empresas não estão preparadas para concretizar suas aspirações inovadoras.

As mudanças no ambiente macroeconômico e as tensões geopolíticas elevaram a incerteza, redirecionando o foco dos líderes para a agilidade de curto prazo, ao invés da criação de valor e das vantagens competitivas de médio prazo. Este ambiente prejudicou os sistemas que guiam as atividades e investimentos em inovação, como os processos internos que são responsáveis por planejar, organizar e executar iniciativas inovadoras, deixando as organizações menos aptas para a corrida que está por vir.

Li recentemente sobre o termo “Inovação Zumbi”, utilizado para descrever organizações que continuam realizando atividades de inovação de maneira superficial e sem impacto real. Essas empresas parecem estar em um ciclo interminável de ações inovadoras, mas sem gerar valor significativo ou diferencial competitivo, essencialmente “andando” sem direção clara ou objetivo estratégico. Quem nunca viu isso acontecer no mercado?

Em um estudo recente da BCG, foi reportado que 83% das empresas consideram a inovação como uma das três principais prioridades. Porém, a prontidão para a inovação — ou seja, alinhamento estratégico, governança, cultura e engajamento, investimento em recursos, tecnologia e equipes, processos e metodologias — caiu drasticamente. Apenas 3% das empresas estão na ‘zona de prontidão’, comparado a 20% em 2022. Este declínio é atribuído a uma falta de direção clara nas estratégias de inovação.

Um dos maiores desafios enfrentados pelas equipes de inovação é uma estratégia pouco clara ou, na outra ponta, muito ampla. A falta de uma estratégia afiada impede a alocação inteligente de capital e a gestão rigorosa do funil de inovação, essenciais para superar a concorrência e atrair os melhores talentos.

E onde mora o problema? No desalinhamento entre a estratégia de inovação e a estratégia de desenvolvimento do negócio. Parece básico pensar que as iniciativas de inovação tenham que ter metas claras e prioridades, desenhadas a partir da identificação de áreas de oportunidade que estejam alinhadas com os objetivos de longo prazo da companhia, mas é justamente onde as empresas costumam falhar. É essencial alocar recursos de forma eficiente, balancear o portfólio de inovação, integrar processos e metodologias ágeis, desenvolver capacidades nas equipes e promover uma cultura de inovação. A medição contínua através de KPIs alinhados e a comunicação eficaz garantem que todos os esforços estejam coesos e direcionados para os objetivos estratégicos, permitindo ajustes rápidos e mantendo a competitividade no mercado.

E não dá para falar sobre inovação hoje, sem mencionar a adoção da Inteligência Artificial generativa. Ela tem o potencial de transformar não apenas os processos internos, mas também de apoiar a criação de novos produtos, serviços e modelos de negócios. Para as estratégias de negócios, a IA pode apoiar as empresas em alguns campos estratégicos como reestruturação, desenvolvimento, implantação e inovação de uma forma geral. E seu verdadeiro valor virá das inovações que realmente farão a diferença no mercado, criando uma base sólida para a empresa crescer e manter sua liderança ao longo do tempo.

Do processo de desenvolvimento até a comercialização, as empresas devem estar atentas às suas áreas de dominância e às suas ambições enquanto negócio. E, claro, ao impacto que vão causar tanto no mercado quanto no consumidor de seus produtos e serviços.

Se você quiser saber mais sobre inovações de empresas ousadas que verdadeiramente impactam seus mercados, participe do BCONNECTED 2024. Com a certeza de que em um mundo onde a capacidade de causar impacto e ganhar escala são proporcionais à inovação, vamos levar para o palco empresas que tem sido verdadeiras game-changers de seus setores. Dias 8 e 9 de outubro, no Teatro Santander em São Paulo.

Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock

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