Crescimento do mercado de produtos licenciados: tendências do segmento infantil no Brasil

Crescimento do mercado de produtos licenciados: tendências do segmento infantil no Brasil

O segmento infantil é fundamental para o mercado de licenciamento por diversos motivos. As crianças são grandes consumidoras e influenciam fortemente as decisões de compra de suas famílias. Além disso, a construção de um relacionamento com uma marca desde a infância pode gerar consumidores fiéis por toda a vida. As empresas que investem nesse segmento têm a oportunidade de criar conexões emocionais duradouras com seus clientes e fortalecer sua marca. O potencial de crescimento desse mercado é enorme, impulsionado pelo constante desenvolvimento de novos personagens, produtos e experiências que capturam a imaginação das crianças.

Mercado global e seus segmentos

O mercado global de produtos licenciados tem apresentado um crescimento expressivo, com as vendas no varejo alcançando US$ 340,8 bilhões em 2022, representando um aumento de 8,02% em relação ao ano anterior. Esse crescimento é impulsionado, principalmente, pela força do setor de Entretenimento/Personagens, que sozinho responde por US$ 138,1 bilhões, ou 40,5% do mercado global. Marcas e personagens populares, especialmente no segmento infantil, continuam a ser os principais motores desse crescimento, com produtos como brinquedos, vestuário e acessórios se destacando.

O setor de Entretenimento/Personagens consolidou sua posição como o maior segmento do mercado, respondendo por mais de 40% do faturamento total. Além disso, setores como Música e Desporto apresentaram um crescimento expressivo, com aumentos de 26,1% e 19,5%, respectivamente. Em relação às categorias de produtos, vestuário, brinquedos e acessórios de moda se destacaram, representando juntas mais de 36% do mercado. Esses resultados demonstram a força e a diversidade do mercado de licenciamento global, impulsionado pela crescente demanda por produtos e serviços relacionados a marcas e personagens populares.

E no Brasil?

No Brasil, essa tendência global se reflete de forma significativa, com o segmento infantil desempenhando um papel central no mercado de produtos licenciados. Personagens de filmes, séries e desenhos animados têm grande apelo entre as crianças, impulsionando as vendas de produtos como roupas, mochilas e material escolar. De acordo com projeções da Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens (Abral–Licensing International), o faturamento do setor no varejo praticamente dobrou, saindo de R$ 12 bilhões em 2012 para R$ 23,2 bilhões no ano passado.

Além disso, o mercado brasileiro se beneficia da popularidade crescente de plataformas de streaming, que introduzem novos personagens e franquias ao público infantil, expandindo ainda mais as oportunidades de licenciamento.

Como as empresas estão utilizando o licenciamento para fortalecer suas marcas?

O licenciamento de marcas tem se mostrado uma estratégia eficaz para que as empresas ampliem seu alcance, fortaleçam seu posicionamento de mercado e gerem novas fontes de receita. Algumas das principais formas como as empresas estão utilizando o licenciamento incluem:

• Expansão para novos mercados: ao licenciar sua marca para produtos em diferentes categorias, as empresas podem alcançar novos públicos e expandir sua presença em mercados onde ainda não atuam diretamente;

• Aumento da visibilidade da marca: o licenciamento permite que a marca seja associada a uma variedade de produtos e serviços, aumentando sua visibilidade e reconhecimento entre os consumidores;

• Criação de conexões emocionais: ao licenciar sua marca para produtos que os consumidores amam, as empresas podem criar conexões emocionais mais fortes;

• Geração de novas receitas: o licenciamento é uma fonte de receita adicional para as empresas com outras frentes de negócios, permitindo que elas monetizem o valor de sua marca;

• Fortalecimento da identidade da marca: ao controlar o uso de sua marca em diferentes produtos, as empresas podem garantir que a identidade da marca seja consistente e coesa.
Quais são as tendências futuras do mercado de licenciamento?

Impulsionado por novas tecnologias, mudanças no comportamento do consumidor e a busca por experiências mais personalizadas, o mercado de licenciamento segue crescendo. Algumas das principais tendências futuras incluem:

• Licenciamento digital: o crescimento do comércio eletrônico e a popularidade de plataformas digitais estão impulsionando o licenciamento de marcas para produtos digitais, como aplicativos, jogos e conteúdo online;

• Experiências imersivas: as empresas estão buscando criar experiências imersivas, como realidade virtual e aumentada, que podem ser integradas ao licenciamento de marcas. O metaverso oferece novas oportunidades neste sentido;

• Sustentabilidade: a preocupação com o meio ambiente está levando as empresas a buscar parcerias com marcas que compartilham seus valores de sustentabilidade.

• Personalização: os consumidores estão cada vez mais buscando produtos personalizados e o licenciamento pode ser uma forma de atender a essa demanda;

• Influenciadores digitais: desde a ascensão das redes nas últimas décadas, a colaboração com influenciadores digitais é uma estratégia importante para as empresas. E existem grandes nomes no universo infantil;

• Inteligência Artificial: A IA pode ser utilizada para personalizar as experiências de licenciamento, criar novos produtos e otimizar as operações. Além de ajudar na melhor utilização de dados para desenvolvimento de produtos;

• NFTs (tokens não fungíveis): estão revolucionando a forma como as marcas interagem com seus fãs, permitindo a criação de produtos digitais exclusivos e colecionáveis.

Diante de um mercado em forte expansão, há uma expectativa de que o setor de licenciados continue em alta nos próximos anos, influenciado pelo potencial de produtos voltados ao público infantil, que vêm ganhando cada vez mais espaço, sobretudo no varejo brasileiro. E essa crescente demanda promete travar uma disputa acirrada.

Marina Fraga é CEO da Oinc Filmes.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: M&C

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